Qualquer profundo conhecedor do rock na Baixada Santista reconhece a importância do nome Vulcano. Com quase 40 anos de história, inegavelmente, a banda é uma instituição imensamente respeitada dentro do heavy metal nacional. Além de ser um dos pioneiros do gênero na América Latina.
Então, dentro um evento que agrega tantos estilos como o Garage Sounds, nada mais justo do que colocar o grupo como um dos representantes da região. Certamente, uma excelente forma de aproximar a maior banda da história do rock santista de um novo público.
Dando sequência a série de entrevista com as bandas do Garage Sounds, conversamos com Zhema Rodero, guitarrista do Vulcano. O músico comentou a expectativa de participar de um festival tão plural, a história da banda e os planos para o futuro.
A pluralidade do Garage Sounds
Do metal ao “emo”, o Garage Sounds terá grupos de diferentes estilos. Muitos deles, bem distantes da sonoridade pesada do Vulcano. Apesar disso, Zhema vê isso como uma experiência bastante interessante e vê isso como uma excelente chance de chegar a novos ouvidos.
“Teremos uma oportunidade de nos apresentar para um público bastante variado. Com certeza, a maior parte nunca ouvir falar de nós”, conta o músico. “Por isso, estamos preparando um repertório para tentar dar uma passada geral sobre nossa carreira”.
O guitarrista revela que não será a primeira vez que eles enfrentam um público “jovem”. Por exemplo, eles tiveram um desafio parecido ao se apresentar no Matanza Fest em 2013. “A garotada realmente prestou atenção em nossa música. Foi muito interessante e receptivo”.
Entre as 16 bandas que compõem o lineup do Garage Sounds, Zhema já revelou qual ele gostaria de ver a apresentação: “Surra. Não os vi ao vivo ainda, mas já assisti muita coisa no YouTube”.
Por fim, o músico destaca a riqueza do material que será apresentado no evento. “Meu convite aos leitores é que percebam a quantidade de bandas, seus estilos e de onde vêm. É uma oportunidade única de conhecerem tudo isso em único festival. Espero todos lá!”
As 4 décadas de carreira
Único integrante da formação original do Vulcano, Zhema reflete sobre sua trajetória e sua contribuição com o heavy metal nacional ao longo desses quase 40 anos de carreira. Sem dúvidas, um longo caminho percorrido com perseverança, atitude, humildade e educação.
“Uma história de coragem em desbravar, arriscar, perder e ganhar. Bem como de honestidade naquilo que foi construído pela banda. Enfim, qualidades intocáveis e imensuráveis que sempre fizeram parte da minha pessoa”, diz o músico. “Coloquei uma vida inteira no Vulcano. Às vezes sobrando muito pouco para mim mesmo e minha família”.
Mesmo sendo influente para várias gerações de bandas, o guitarrista conta que não acompanha tão de perto a cena musical que ajudou a criar. “Meu ‘mundo do metal’ tornou-se pequeno. Atualmente, estou envolvido com mais intensidade e ouvindo bandas mais recentes, mas muitas delas com seus já lá 10 ou 15 anos”.
Zhema diz que boa parte do que ele ouve de novidades são grupos independentes que enviam material para ele. “Tem muita coisa ótima nesse ‘underground’, mas é uma pena que não existe público suficiente para o apoio que elas merecem!”.
O amor pela mídia física
Antes mesmo do retorno da febre do vinil, o Vulcano continuou investindo em lançamentos físicos. Isso é apenas um reflexo da paixão do próprio Zhema pelo formato. De acordo com o músico, ele cultiva o hábito de ouvir música nos aparelhos de som tradicionais até hoje.
“Quando estou mais folgado, eu escuto os meus clássicos dos anos 1960, 1970 e 1980. Eu ouço música por meio dos meus aparelhos que tocam CDs e vinil”, conta. “Geralmente, domingo pela manhã, eu ouço os LPs quando estou cozinhando”.
Em relação ao crescimento do streaming, o guitarrista diz que não costuma ouvir música em plataformas como Spotify. Mas nem por isso, reclama do formato digital. “Não posso criticar o streaming, porque eu tenho lá uns cinco títulos do Vulcano e isso me geral uns bons ‘dólares’ a cada trimestre”, revela.
O futuro do Vulcano
No momento, o Vulcano está trabalhando no seu 11º disco e em mais alguns outros lançamentos para o futuro. De acordo com Zhema, a banda está com 18 músicas prestes a serem finalizadas, faltando apenas gravar as vozes antes de serem mixadas e finalizadas.
“Eu creio que até o meio de agosto teremos tudo pronto. Evidentemente, as 18 canções não farão parte do álbum. Iremos escolher entre 9 ou 10”, conta o músico. Sem contar que a banda ainda tem planos para mais três álbuns ao vivo e dois singles.
Além do novo trabalho, o Vulcano fecha o ano embarcando na sua sexta turnê pela Europa entre novembro e dezembro. E para isso, Zhema demonstra preocupação em não decepcionar os fãs do velho continente.
“Minha maior expectativa nesse momento é com o repertório que vamos levar para esta turnê. Como já estivemos lá por cinco vezes, precisamos decidir um setlist que não seja repetitivo e ao mesmo tempo desconhecido”, comenta.