Na última sexta-feira (24), a Apple TV estreou o documentário Beastie Boys Story, um mergulho na história de um dos trios mais influentes da história da música norte-americana.
Dirigido por Spike Jonze, o filme tem um formato diferente. Remanescentes do Beastie Boys, Mike D e Ad-Rock passeiam pela história da banda em uma apresentação falada no palco, com plateia e tudo.
Com duas horas de duração, o documentário prende atenção dos fãs, mas pode parecer cansativo para quem nunca acompanhou o trio. Abaixo separamos seis momentos marcantes do filme. Confira!
1. Primeira turnê do Beastie Boys
Com o sucesso do primeiro álbum, Licensed to Ill, lançado no fim de 1986, o Beastie Boys embarcou em uma turnê extensa de divulgação no ano seguinte. Exaustos após enfrentarem uma série de problemas, os integrantes resolveram dar um tempo na banda.
“Os limites ficaram indistintos. Tirei uma folga da turnê, mas nem liguei para os amigos porque não sabia mais me relacionar com eles. Eu nem reconhecia a pessoa que tinha virado nessa época”, disse Mike D.
2. Polêmicas com a mesma turnê
Nos anos 1980, o Beastie Boys enfrentou muita censura por conta de ações das quais os integrantes se arrependem hoje. No palco, o trio exibia um pênis inflável motorizado gigante parecido com o usado pelos Rolling Stones nos anos 1970. Tais atitudes acarretou em problemas com processos e prisões, sendo a banda acusada de provocar a multidão.
“No sul dos EUA, queriam nos banir por indecência. A gente tinha de escapar do palco pra van e cruzar o estado para não ser preso. Houve uma reunião para decidir se poderíamos entrar no Reino Unido ou não. Inventaram várias coisas sobre a gente”, comenta Adam Horovitz, o Ad-Rock.
O vocalista e guitarrista ainda lembra um capítulo marcante em Liverpool, na Inglaterra. “Logo que começou o show começaram a entoar músicas de futebol e arremessar latas de cerveja no palco. Cortamos o show no meio e voltamos para Londres”.
3. A luta para lançar Paul’s Boutique
Lançar o segundo álbum, três anos depois, não foi nada fácil. O trio tinha encerrado a parceria com Rick Rubin (produtor) e Russell Simmons (agente) e encaminharam um retorno em Los Angeles.
Adam Horovitz já havia deixado Nova York. Foi respirar novos ares na Califórnia e gravou até um filme independente (Lost Angels). Enquanto Adam Yauch (MCA) se aventurava no supergrupo Brooklyn (com integrantes do Bad Brains), Mike D experimentava todas as drogas possíveis, como Ad-Rock comenta no documentário.
Entre festas em Los Angeles, Ad-Rock conheceu os Dust Brothers, que viriam a ser os produtores de Paul’s Boutique. Mas até chegar ao ponto de convencer alguém a lançar, o trio encontrou dificuldades.
“Fomos conhecer o tal presidente da Capitol Records que nos disse: vocês não fizeram nada em Licensed to III. Vamos falar a real. Rick e Russell fizeram aquela parada. Vocês são a criação deles. Só que ao mesmo tempo queriam apostar em nós, ainda que fosse um tiro no escuro a chance de lhes darmos uma Fight for Your Right parte dois. Tínhamos vergonha dessa música, mas não a ponto de não usá-la pra fechar com uma gravadora”.
4. Sabotage
No dia 28 de janeiro de 1994, o Beastie Boys lançou um dos seus maiores singles: Sabotage. A canção presente no disco Ill Communication marcou a primeira parceria com o diretor Spike Jonze, responsável pelo videoclipe. E carrega uma história curiosa.
“Foi a mais rápida que fizemos. Era a nossa instrumental favorita. Por algum motivo, ficou na gaveta meses e meses sem vocal. Quando o disco ia ficar pronto, faltava algo naquela música. Tentamos várias ideias para ser um rap, mas não rolava. Pensei em ir à casa do Mario C, para ele me gravar berrando uns troços. A letra dizia como o Mario era um canalha, como nos sabotava, atrapalhando nossa vida. Achei engraçado ficar ao lado dele berrando merda para ele gravar”, comenta Ad-Rock.
Mario C é o produtor paulistano Mario Caldato Jr, que produziu e mixou três álbuns do Beastie Boys, incluindo Ill Communication.
5. Amadurecimento
Quem acompanha a trajetória do Beastie Boys desde o início, sabe que a banda passou por uma grande transformação nas letras. A zueira do início deu espaço para temas mais sérios e relevantes. Adam Yauch foi questionado sobre isso em uma entrevista.
“Um entrevistador chamou o Adam de hipócrita por ser o cara que cantava Fight for Your Right, mas a resposta dele foi o que me deixou mais orgulhoso ainda de ser amigo dele: prefiro ser um hipócrita a ser o mesmo para sempre”, comenta Ad-Rock.
6. Ciclos do Beastie Boys
Por mais durão que você seja, é impossível conter as lágrimas com esse filme. Em uma das frases mais lindas do documentário, Ad-Rock falou sobre a amizade com os companheiros.
“Nem sempre os círculos se fecham. Uma vez ou outra podem ser hexagonais, mas para mim são quase sempre disformes, como se desenhado por uma criança pequena. Existem pontos em comum, claro. Yauch, eu e Mike continuamos juntos. Ainda rindo, ainda uma família”.
