Se você é santista e tem entre 55 e 70 anos, certamente dançou ao som ou já ouviu falar das bandas Pop Six, Black Cats (Blow Up), Teenagers e New Zago. Esses quatro grupos eram os principais dos bailes promovidos pelos clubes da região (Caiçara, Regatas, Atlético, Tumiaru, Internacional). Entre o final dos anos 1960 e início da década de 1970, a Jovem Guarda e a Beatlemania ditavam o ritmo dessas festas.
Os bailes eram o oposto do cenário vivido pelos músicos da boca, no Centro de Santos, como o Union Beat, tema da última edição do Blog n’ Roll na A Tribuna. O rock sujo, mais pesado, não era muito bem aceito por lá.
O Pop Six é o melhor exemplo da diferença cultural entre os artistas. “Nós nunca tocamos na boca. Não tinha a ver com a nossa proposta de música”, conta o ex-baterista Sergio Gregorio Almeida.
A entrada de Ricardo Joga Fernandez (Ricardinho) no vocal, no lugar de Johnny Clark, chegou a ser destaque nas colunas sociais de A Tribuna.
“Eu era um galã. Chamava a atenção das meninas. E quando entrei no Pop Six, as pessoas comentaram muito. Já havia tocado em outros conjuntos da região”, recorda Ricardinho.
Uma das principais características do Pop Six era o poder vocal. Não tinha quem não se impressionasse com o inglês impecável de Johnny Clark, filho de um Sir britânico condecorado pela Rainha da Inglaterra por ter lutado na Segunda Guerra Mundial. A voz doce de Ricardinho, somada à cara de galã, também contribuiu na fase seguinte.
“Os próprios backing vocals do Pop Six eram um show. As pessoas gostavam de ouvir o nosso trabalho, chamava muita atenção. Éramos todos bem afinados”, comenta Almeida.
O repertório, segundo Ricardinho, incluía Beatles, Rolling Stones, Roberto Carlos, Joe Cocker, Erasmo Carlos. Uma das passagens mais marcantes para os músicos do Pop Six foi quando abriram para o Tim Maia, no Ilha Porchat Clune, em São Vicente. “Ele entrou com aquele cabelão black power e ficou olhando bem fixamente para o palco quando cantamos a versão de Joe Cocker para With a Little Help from My Friends (Beatles)”, lembra Ricardinho.
Por mais que fossem amigos, havia uma disputa sadia entre os quatro grupos que dominavam os bailes dos clubes. “Quando um deles tocava e não tínhamos nada agendado, íamos assistir de perto. Queríamos ver o que as outras bandas estavam tocando”, explica o vocalista da segunda fase.
Um dos triunfos do Pop Six nessa disputa sadia foi tocar o clássico Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, na íntegra, em uma das apresentações.
“Me orgulho de ter feito parte da única banda, provavelmente, que tocou na íntegra esse clássico. Foi em um show no Tênis Clube. Foi memorável”, relembra Johnny Clark, que é pai do também cantor Cristopher Clark, ex-vocalista do Last Joker e Cajamanga, hoje disputando o prêmio do reality X-Factor, na TV Band.
Apesar do momento intenso, o Pop Six teve uma vida curta. Tocou entre 1967 e 1974. Integrantes do Teenagers chegaram a entrar na formação ao longo dos anos.
Viva Brasil ganhou o mercado norte-americano
Com o término do Pop Six, Ricardinho e Sergio Gregorio Almeida seguiram carreira como corretor de imóveis e tecnologia da informação, respectivamente. Mas outros como Claudio Duarte, Hélio e Rubens Moura Jr (falecido, recentemente) foram para os Estados Unidos seguir com a carreira musical.
A banda Viva Brasil, formada por Claudio Duarte, emplacou alguns sucessos como Hello Brasil e Skindo-Le-Le. Morando em São Francisco, na Califórnia, desde 1972, Duarte mantém o Viva Brasil na ativa até hoje.
Tal feito obtido pelo músico é motivo de orgulho dos amigos até hoje. “Ele toca até hoje com o Viva Brasil, faz turnês pelo mundo, emplacou sucessos. Fico muito feliz de ver a banda na ativa até hoje”, comenta Ricardinho.
Outro nome que também mexe com Ricardinho e Sergio é o contemporâneo Blow Up. “São 50 anos de história. O Hélio é um excelente baterista, o Lobão canta muito”, diz o ex-vocalista do Pop Six.