O fim da banda K.O.V. no início dos anos 1990 foi o ponto inicial para o surgimento de uma importante representante do hardcore santista: Blind. Formada em 1994, o grupo era formado por Luiz Carlos (bateria), Fábio Simões (vocal), Luiz Fernando (baixo) e Guilherme Borgomoni (guitarra).
“Em 1993 eu tocava bateria na K.O.V. que já havia perdido um pouco da identidade inicial após mudanças na formação. Com o fim do grupo, me juntei à 3 ex-integrantes do K.O.V. e montamos o Blind. Musicalmente seguimos a “pegada” do K.O.V., tanto que no repertório inicial do Blind ainda tocávamos algumas músicas compostas pelo Guilherme na época que ele foi do K.O.V”, diz Luiz Carlos.
O som era fortemente influenciado por Poison Idea, Dag Nasty, Los Violadores, Face to Face, Youth Brigade, Circle Jerks e Bad Religion. A primeiro demo tape foi lançada no ano de estreia da banda, Better Life???. No ano seguinte foi a vez da demo ensaio Violence Against Freedom, já com o guitarrista Ciso Silva (ex-Dead Crab) no lugar de Borgomoni.
Dali em diante, a Blind só cresceu no cenário. No mesmo ano, gravou duas músicas inéditas para o CD Um Chute na Oreia!, lançado na Europa pela Fast’n Loud Recs, de Portugal.
A repercussão com a coletânea foi grande. E a oportunidade de participar de grandes shows apareceu. “O mais importante foi quando tocamos com o Shelter, em sua primeira turnê pelo País. Tocamos com lotação máxima na casa, mais de 1.000 pessoas. Subimos ao palco após bandas como Cólera e Garage Fuzz, justamente antecedendo o show dos gringos. Detonamos!”, relembra Luiz Carlos.
Mas esse não foi o único show importante da banda, que chegou a dividir o palco com nomes como Muzzarellas, Charlie Brown Jr (que na época flertavam com metal), Noção de Nada, Ratos de Porão, No Class, Ação Direta, Zumbis do Espaço, Sonic Sex Panic, Purulence, Name it Yourself, entre outras.
“Cada show que fazíamos fora da Baixada Santista era uma nova aventura. Muitas novas amizades. Costumávamos ir no BlindMóvel, o carro do ex-baixista Luiz Fernando. Levávamos todo o equipamento num Fiat Mille e, como não tinha som no carro, eu levava um tape-deck com dois falantes (que consumia seis pilhas grandes) e viajávamos curtindo só fitas k-7 com o melhor do hardcore”, brinca Luiz Carlos.
Antes de lançar o único CD próprio, Someone to Blame, em 1999, a Blind ainda participou de outras coletâneas importantes, como a Be Positive!, também pela Fast’n Loud, junto aos grupos conterrâneos White Frogs e Twin Puppets. Outro passo internacional foi dado com a compilação Chaos Core, da francesa Chaos City Core Re-Core. Confira a discografia completa ao fim do texto.
Em 1999, a Blind participou da coletânea em CD-R Friend’s Party. Na seqüência, Ciso deixa a banda, sendo substituído por Rodrigo Cimini (ex-Popping Tits). Em 2000, Luiz Fernando é substituído por Junior (ex-baixista do One Broken Finger). No mesmo ano, outra baixa: Rodrigo deixa o grupo para morar nos EUA, dando lugar aos guitarristas Jorge Freire e Daniel Ribeiro (ex-Turn Away).
As mudanças na formação continuaram nos anos seguintes. Em 2003 foi a vez de Jorge deixa a banda, sendo substituído por Bruno Siqueira (ex-Punk Hyenas). Depois, Luiz Carlos saiu e Juquinha (ex-Abuso Sonoro) entrou em seu lugar. Em 2004, gravaram uma demo, mas a mesma não chegou a ser divulgada. Era o primeiro fim da Blind.
Uma reunião entre os integrantes rolou em 2009, com Luiz Carlos (bateria), Junior (baixo), Fábio Simões (vocal), Daniel Ribeiro e Bruno Siqueira (guitarra). Juntos fizeram algumas apresentações na região e finalizam os arranjos para o segundo álbum. Meses depois, em 2010, no entanto, o grupo interrompe novamente a atividade.
“Eu e o Junior estamos em contato com os dois guitarristas para retomarmos os ensaios ainda em 2014 e, com certeza, gravar o material que foi composto e nunca lançado. O problema vai ser convencer o Fábio (vocal) a retomar o ritmo rock and roll (sabe quando o cara quer “pendurar a chuteira?”)”, diz Luiz Carlos.
Único integrante presente em todas as formações, Fábio não seguiu com outros projetos, segundo o baterista. Daniel e Bruno moram em São Paulo. Adair Jr. (baixista) toca na No Sense e Repulsão Explicita.
“Além de todos terem seus próprios trabalhos (como “ganha-pão”), eu continuo envolvido com a música, pois sigo tocando batera no Repulsão Explicita, Predatory e Preguh, além de ser vocal do Chemical Disaster, Vulcano e Hierarchical Punishment. Também tenho a Violent Recs, selo voltado à música extrema”.
Discografia completa:
1994 – Better Life??? – demo (k7)
1995 – Violence Against Freedom – demo-ensaio (k7)
1995 – Um Chute na Oreia – coletânea (cd) – Fast’n Loud Recs/Portugal
1996 – Monday isn’t a Bad Day at All – coletânea (cd) – independente
1996 – Be Positive! – 3-way split c/ White Frogs e Twin Puppets (cd) – Fast’n Loud Recs/Portugal
1997 – Chaos Core – coletânea (cd) – Chaos City Core Re-Core/França
1998 – 668 – coletânea (cd) – Pecúlio Discos
1999 – Someone to Blame – debut (cd) – Thirteen Recs
1999 – Friend’s Party – coletânea (cd-r) – independente (lançado pelo Wladimyr Cruz/site Zona Punk)
2001 – HC Scene #4 – coletânea (cd) – Lab Recs
2001 – 100.000 Thirteen Costumers Can’t be Wrong – coletânea (cd) – Thirteen Recs
2002 – Não Nasci pra ser Herói… Por isso não Preciso de Méritos – coletânea (cd) – H Recs
2004 – Demo – demo (cd-r) – não lançada oficialmente
1 Comment
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Juliana Gerim
24 de julho de 2014 at 10:32
Olha o Jorge na foto !!1 =D