34 – Disconcert

34 – Disconcert

Guarujá, município vizinho de Santos, tem grande tradição no surf, esporte que costuma ter o hardcore como som de inspiração para os atletas. Apesar disso, dificilmente uma banda investia em som autoral na cidade. Grupos covers tomavam todos os espaços disponíveis para os músicos.

A Disconcert surgiu em 2001 para acabar com essa linha de som. Os integrantes já possuíam experiência em outras bandas, como New Struggle e Don’t Know Why? “Nosso objetivo era tocar músicas próprias. O cenário musical da nossa cidade sempre foi voltado para as bandas que tocavam covers. Poucas eram as bandas que se “arriscavam” a fazer som próprio”, conta o vocalista Ricardo Miranda.

Inspirados no hardcore nova-iorquino e melódico dos anos 1990, Miranda, Rodrigo França (baixo), André Buffoni (guitarra), Jorge Takeshi “Japa” (guitarra) e Luis Fernando Diaz (bateria) conseguiram provar que Guarujá também era fértil na criação de bandas boas.

Vários foram os shows importantes da banda, que dividiu o palco com Againe, Colligere, Last Mistake, Street Bulldogs, Hateen e Garage Fuzz. Barthô, Mythos e Praia Sport Bar, todos em Santos, eram os principais palcos para a Disconcert na região.

“No antigo Praia Sport Bar fizemos muitos shows, mas acredito que nosso melhor show tenha sido no extinto Barthô, com o Social Resistência, Flama e Colligere. No Barthô, o espaço para as bandas tocarem era bem pequeno e o público ficava muito perto. Essa combinação funciona perfeitamente para os shows de hardcore”, argumenta Miranda.

Entre 2001 e 2005, período em que esteve em atividade, a Disconcert gravou a demo ensaio Em Face da Dor Não Há Heróis (2002) e participou da coletânea Músicas Bacanas para Pessoas Descoladas, da F Records, com a faixa Fim da Linha. Outras seis canções tiveram as gravações interrompidas e jamais foram lançadas.

Em 22 de maio de 2005 rolou o último show da banda. Aconteceu no Praia Sport Bar com a Confronto (RJ). “Depois desse show não rolaram mais ensaios e houve até uma tentativa de reunir a banda num desastroso show que acabou não acontecendo. O entusiasmo se foi e assim seguimos cada um para um lado. Contudo ainda mantemos a amizade e o que foi feito enquanto durou a banda ficará guardado apenas como algo bom para recordarmos”, diz.

“Acredito que não. Todos andamos muito ocupados e o pessoal está trabalhando fora da Baixada. Raramente nos encontramos e quando isso acontece é sempre nos shows que rolam em Santos”, descarta Miranda sobre um possível retorno.

Hoje, dois dos integrantes seguem com bandas: André toca guitarra na Old Rust e Rodrigo é guitarra na Glorious Bonds. Diaz segue fazendo violão e voz tocando músicas sobre Ilhabela. Japa trabalha como assistente de produção fotográfica. “Eu sigo nos bastidores do hardcore e punk vendendo lanches vegano pela 100% Vegetal e também venho produzindo fanzines, fazendo patches, camisas e distribuindo este material pelo Sub Stuff, selo que criei em 2013”, explica.

Fim da Linha