25 – Febre Mental

25 – Febre Mental

“Éramos adolescentes nos deparando com um mundo complicado de se entender, no fim de um século marcado por crises políticas, conflitos armados e injustiça social. Por meio da música, manifestávamos nossa indignação com os problemas da humanidade”, explica Leonardo Tote, baixista da Febre Mental, um dos principais do anarco-punk da Baixada Santista no final dos anos 1990.

A formação original da banda, que fez parte do cenário santista entre 1998 e 2001, tinha Bruno Messias na guitarra e vocal, Leonardo Tote no baixo e Foca na bateria. “Fizemos apenas um show com essa formação, em abril de 1999, no antigo Saloon Beer. Depois, o Bruno ficou só no vocal, eu assumi a guitarra e bati um rolo no meu baixo com o Paulo Vasconcellos, que acabou entrando para a banda”, diz Tote.

No início de 2000, a banda pensou em aprimorar o som com a inclusão de um segundo guitarrista, mas a tentativa foi em vão. “Tentamos o Ricardo (da banda Morfema) e o Bone (Anarkaos), mas não passaram de dois ensaios com a gente. Parece que a parada rolava legal somente entre os quatro mesmo, tinha que ser daquele jeito. Poderia vir qualquer músico excepcional para integrar a banda, que não teríamos a mesma sintonia”.

Tal como a Anarkaos, a Febre Mental também se inspirava nas bandas participantes do festival O Começo do Fim do Mundo, marco inicial do punk rock nacional.

Presença frequente no Armazém 7 e Saloon Beer, Tote recorda de bons momentos em outras duas casas de Santos. “Um foi na antiga pizzaria Gallatiri (Rua Quintino Bocaiúva esquina com a Avenida Vicente de Carvalho), em agosto de 1999, um show beneficente que atraiu mais de 600 pessoas. Foi uma tarde chuvosa de domingo e tocamos com o Calibre 12, The Bombers, Gritos do Subúrbio e o Drop Your Guns”, diz. “O outro foi um show que fizemos em fevereiro de 2000, numa quadra de escola de samba na Senador Feijó, com DZK, Voz Ativa, Motim contra Opressão, Punkadaria e Calibre 12. Saiu uma excursão de São Paulo na noite anterior, depois do show do Grinders, no Hangar 110, com dois ônibus lotados de punks. Eles dormiram na rua esperando o show que iria rolar no domingo à tarde. Foi histórico, animal!”, completa.

Em três anos de banda foram duas demos lançadas: Cultivando o Lixo (1999) e Caos Real (1999). “Na primeira a gente lançou a nossa música mais conhecida, Serviço Militar. A segunda contou com a participação especial da Ariane Lady Rocker no backing vocal”.

Bruno é o único que continua envolvido na cena underground. Além de professor de história, toca bateria na banda de punk/Oi! Última Classe. Tote virou jornalista e trabalha como assessor de imprensa na Investe São Paulo. Paulo é operador de áudio em uma produtora de TV em Sampa. Foca virou chefe de cozinha e mora em Curitiba.

“Minha guitarra está aqui ainda. É aquela Yamaha roxa judiada cheia de adesivo de banda punk. Se agitar um festival com essas bandas old school da Baixada, a gente participaria numa boa, pra rever os amigos e relembrar os velhos tempos de adolescente. Difícil vai ser só trazer o Foca de Curitiba”, diz Tote.

Ouça algumas canções da Febre Mental abaixo: