Entrevista | João Maria – “Ninguém larga a mão de ninguém”

João Maria

João Maria é conhecido e prestigiado nas noites santistas, e será um dos artistas presentes no evento Juntos pela Vila Gilda.

O músico iniciou sua carreira em meados dos anos 1988/1989, no icônico Bar do Torto. Participou do projeto Amores Caiçaras, de Marcos Canduta e Emanuel Herzog, que conta com diversos nomes da música popular, como Chico Buarque e Zeca Baleiro, no disco Canções de Amor Caiçara (2019).

Mesmo tão popular nas noites d’O Torto, não se considera um cantor específico da noite. Muitas vezes, segundo ele, é cantor diurno. A versatilidade faz parte de seu trabalho.

“Vai para o bar cantar… É isso de se virar, mesmo. Mas é muito bom, você não fica na mesmice. Eu não gostaria de ser um cantor específico”.

O ladrão

Como resultado de sua atuação por cerca de 30 anos no Torto, João Maria revela que enfrentou muitas mudanças do início de sua carreira até os dias atuais.

Ele conheceu muitas pessoas e por se tornar conhecido, era difícil lembrar o nome de todo mundo. Por isso, ficou conhecido pela brincadeira d’O ladrão.

“Você acaba lembrando só do rosto e então, pra facilitar, tu acha um nome. Chamar todo mundo por um nome; porque ladrão é ladrão de emoção, é Robin Hood, ladrão de corações”, comenta.

Desafios na cultura

Para João Maria, a realidade na cultura brasileira tem sido muito cruel. O artista diz não querer ser pessimista com a situação atual, porém, os atuais eventos fundamentam sua opinião sobre a cena cultural.

Além disso, falou da polêmica Lei Rouanet, dizendo que não são todos que conseguem acesso, pois é muito difícil receber o benefício.

“No meu caso é desgastante, então é bem por aí, eu acho que é só pra justificar tipo ‘ah…nós incentivamos a cultura, nós fizemos umas tendinhas ali na praia tá ligado’, é por aí”.

Juntos Pela Vila Gilda

A ideia é “espetacular” nesse momento onde muitos estão passando dificuldades. Além de integrar o Juntos Pela Vila Gilda, o cantor também participa de um projeto semelhante fazendo doações de alimentos em conjunto com a pastoral do padre Júlio Lancelloti, em São Paulo.

“Tô sempre, junto com todo mundo, como se diz: ninguém larga a mão de ninguém”, conclui.