Gabriel, o Pensador: uma aula de como protestar sem cair na mesmice

Uma característica bem comum na atual edição do Lollapalooza são os ataques ao presidente Jair Bolsonaro. Seja em breves discursos dos artistas ou nos gritos do público: “ei Bolsonaro, vai…”. O veterano Gabriel, o Pensador, que se apresentou no Palco Onix, optou por fazer isso diretamente em seu repertório. Fugiu da onda, mas sem tirar o teor crítico característico de sua carreira.

O show teve início com a segunda versão de Hoje eu Tô Feliz, Matei o Presidente, lançada no ano passado. Seguiu com FDP e Pátria que me Pariu, mais duas porradas nos políticos brasileiros. Ninguém escapa da metralhadora de rimas do rapper.

Gabriel, então, dá uma respirada e emenda dois sons mais “lights” da discografia: Linhas Tortas e Cachimbo da Paz. Nessas duas, o público canta junto. Nas anteriores eram aplausos e gritos de apoio ao músico.


Fotos: Camila Cara (Equipe MRossi / Divulgação)

Com mais de 25 anos de trajetória, O Pensador deixa o repertório autoral de lado para prestar homenagens para grandes artistas da música brasileira. Acompanhado de nomes novos do cenário, como Taís Alvarenga e Amanda Coronha, canta Charlie Brown Jr (Zóio de Lula e Dias de Luta), Legião Urbana (Pais e Filhos num medley com Palavras Repetidas) e Tim Maia (Imunização Racional).

Sem espaço para discursos inflamados, o carioca optou por focar nas mensagens das canções e nas roupas. “Salvem São Conrado” e “Salve a Ilha do Mel (PR)”, eram alguns dos textos exibidos em bonés e camisetas dos seus integrantes, sempre engajados nas questões sociais e ambientais.

Na famosa hora do improviso, algo que faz desde o início da carreira, O Pensador desferiu mais algumas críticas aos problemas políticos-sociais do Brasil e cravou repetidamente: “como eu já disse, racismo é burrice”. Na reta final, Gabriel retorna para o repertório autoral e despeja mais três grandes sucessos para confirmar um dos melhores shows do domingo: 2,3,4,5,meia,7,8, Astronauta e Até Quando. Baita trinca de peso!