Foto: Rodolfo Cemin
Responsável pelo provável primeiro show do segundo dia do Lollapalooza, em Interlagos, a banda gaúcha Catavento promete levar o público à uma viagem direta para os anos 1960 e 1970. Na bagagem, eles chegam com o elogiado disco Ansiedade na Cidade, que é bem calcado no cotidiano dos músicos.
“Mais do que nunca colocamos os pés no chão, abrimos os olhos e o coração para visualizar tudo o que acontece em nossa volta. A partir disso não é necessário muito esforço, mas absorver e tentar externar temas que nos cercam diariamente como ansiedade, frustração, vício em redes sociais, solidão, vazio”, comenta o vocalista, Leo Sandi.
De acordo com o frontman, os pontos citados acima são sentimentos delicados, mas necessários para serem abordados de peito aberto.
“Botar isso no mundo e dividir isso de maneira tão coletiva tem nos feito muito bem e isso refletiu na nossa música e na nossa caminhada. O importante é fazer música com o coração, sendo verdadeiro consigo mesmo e consequentemente com os demais. A gente quer que a cada show, a cada disco, possa rolar uma identificação e um pertencimento da galera que lida com esses sentimentos diariamente na selva de pedras. Que essas pessoas percebam que não estão sozinhas e que é importante se expressar. É necessário se expressar”.
Sobre a sonoridade, Leo Lucena, que toca baixo, guitarra e canta, explica que desde o início da trajetória da Catavento os integrantes buscaram misturar influências mais antigas com bandas contemporâneas.
“É tipo um dos focos – mesmo que não tão consciente – da banda. Acho que no atual momento nossas maiores influências são o balanço e a estranheza”.
Diferente dos dois primeiros discos da banda, Ansiedade na Cidade traz uma banda mais centrada em canções em português. Algo que, segundo Leo Sandi, aconteceu de forma natural.
“Começamos a nos identificar mais com as raízes da arte e música brasileira, a cultura local e mesclar essas referências com o que a gente já consumia de parada da gringa. Não foi algo exatamente pensado para atingir um objetivo, mas um meio de encontrar a melhor forma para se expressar e seguir tentando passar uma mensagem verdadeira a quem se interessar e se deixar levar pelo nosso som”.
Natural de Caixas do Sul, a banda convive com um cenário bastante prolífico e enérgico para vários lados e estilos.
“Ao mesmo tempo tem uma repressão careta na cultura geral da cidade que acaba dificultando muito os rolês, principalmente nos últimos anos desde que a gestão atual da prefeitura está rolando. Não tem muitos bares e casas boas para tocar. O que tem é sempre muito reprimido seja pela vizinhança, seja por políticos ou bares mais elitizados”, comenta Lucena.
Apesar dos poucos espaços para os independentes, Leo Lucena ressalta que a cidade tem ótimas bandas, coletivos e encontros musicais, como TeTo, Bloco da Ovelha, a Batalha da Estação, entre outras.
Para quem já assistiu uma apresentação do Catavento, o vocalista promete um show diferente no Lollapalooza.
“Ainda não sabemos ao certo se vamos tocar músicas dos dois primeiros álbuns porque realmente o último disco tem sido nosso foco de trabalho e o tempo corre nesses shows de festival. Então o set tem que ser muito bem pensado para conseguir explorar cada momento dele”.
Além disso, material novo também pode entrar na relação para o festival. “Tem bastante material para sair. É bom ficar esperto no nosso Face e Insta (@cataventocha). Para quem for, chegue cedo pra nos assistir”.
Já para a sequência do ano, a Catavento pretende seguir criando, mesmo que a turnê do Ansiedade na Cidade, lançado em agosto passado, continue até o segundo semestre.
“A gente já começou a fazer música nova, queremos lançar nosso quarto disco ainda nesse ano, se possível. A ideia é explorar o Ansiedade na Cidade – ainda tem mais clipes para sair e várias outras paradas legais que esse disco ainda pode nos oferecer e para a galera. Mas em meio a isso não queremos parar de fazer música nova”, adianta Leo Sandi.
Lembranças do Lolla
Antes de virar atração do lineup, Leo Sandi e mais dois integrantes do Catavento curtiram a primeira edição do Lollapalooza Brasil, em 2012.
“Lembro que queríamos entrar bem cedo para ver o Cage the Elephant, que na época tocava um disco que nos inspirou muito, o Thank You Happy Birthday. O vocalista Matt se jogou na galera, onde a gente estava, chegamos a dar uns berros no microfone com ele e pá”.
Outro momento marcante da primeira edição foi quando os amigos acompanharam a apresentação do MGMT, com direito a tempestade de raios enquanto eles tocam Electric Feel.
“Esses episódios nos deram ainda mais vontade ainda de ter banda, tocar e mostrar nosso som e ideias para alguém. Então estar voltando pra tocar sete anos depois é algo que nos arrepia muito e também é muito inspirador quando a gente para pra pensar em todas coisas que nos levaram até ali. Para uma banda independente brasileira é muito massa”, conta Sandi.
Além de Leo Sandi e Leo Lucena, a Catavento tem em sua formação Du Panozzo (baixo, guitarra e vocal), Johnny Boaventura (teclados e vocal), Lucas Bustince (bateria e percussão), Francisco Maffei (efeitos, teclados, guitarra e vocal) e Jonas Bustince (percussão, efeitos e bateria).
O que não pode deixar de assistir no Lolla?
Leo Lucena afirma que não conhece todas as bandas que vão tocar no mesmo dia que o Catavento, mas tem alguns nomes que ele não quer perder por nada.
“Jorja Smith, Lenny Kravitz, Post Malone, Rashid, Bring Me The Horizon (só de saudades), Liniker, Carne Doce e Duda Beat”.
Serviço
A oitava edição do Lollapalooza Brasil contará com os headliners Arctic Monkeys, Tribalistas, Sam Smith e Tiësto, no dia 5 de abril; Kings of Leon, Post Malone, Lenny Kravitz e Steve Aoki, no dia 6 de abril; Kendrick Lamar, TWENTY ØNE PILØTS e Dimitri Vegas & Like Mike no dia 7 de abril.
As entradas para o Lollapalooza Brasil 2019 podem ser adquiridas pelo site oficial do evento, bilheteria oficial (sem taxa de conveniência – Credicard Hall, em São Paulo) e nos pontos de venda exclusivos: Km de Vantagens Hall Rio de Janeiro e Km de Vantagens Hall Belo Horizonte.
Ouça Ansiedade na Cidade