Quando o Lollapalooza anunciou a programação da edição 2020, um nome passou quase batido para o público. Na parte de baixo do pôster do primeiro dia, o The Hu é um ilustre desconhecido, mas que merece a atenção dos fãs.
Diretamente da Mongólia, o grupo mistura elementos clássicos do heavy metal com instrumentos típicos do país asiático. A combinação não chamou apenas a atenção de Perry Farrell, cabeça do Lollapalooza. Longe disso. The Hu é uma realidade promissora na Europa, Ásia e América do Norte, com shows soldout (esgotados) por onde passa.
O álbum de estreia, The Gereg, lançado em setembro, alcançou feitos marcantes como ser top 100 na Billboard 200. Ademais, posições destacadas no Reino Unido, Áustria, França, Alemanha, entre outros. Tais feitos fizeram com que o presidente da Mongólia, Khaltmaa Battulga, indicasse o The Hu à Ordem de Genghis Khan, maior condecoração do país.
Em entrevista exclusiva para A Tribuna e Blog n’ Roll, Gala, Jaya, Temka e Enkush falaram sobre o sucesso da banda, a ligação com o Brasil e um pouco da influência no som.
Metal na Mongólia
“A cena do metal na Mongólia está ficando maior. Em abril passado, o Sepultura chegou à Mongólia e foi uma ótima ocasião para os fãs de metal. Os desafios são os mesmos de qualquer banda de metal do mundo que é como trazer algo novo para a mesa?”, comentou Enkush, responsável pelos vocais guturais e morin khuur (instrumento de cordas típico do país asiático).
Originalidade é o que não falta para o grupo. O sir Elton John declarou aos integrantes que há anos não escutava algo tão autêntico na música.
Gala, vocal principal e morin khuur, classifica o som da banda como Hunnu Rock, uma mistura de música tradicional da Mongólia com rock contemporâneo.
“O leste encontra o oeste, o passado encontra o presente. O gênero é muito dinâmico, pode ser metal, mas também pode ser rock clássico. A coisa mais singular sobre o estilo é o canto gutural da Mongólia, que é um som incrível que os humanos fazem, criando juntos a harmonia superior e inferior”, explica Gala.
Apesar do debute ter sido lançado apenas em setembro, a trajetória do The Hu teve início em 2016. Antes de se tornar um fenômeno nos festivais de verão da Europa, o que mais os integrantes queriam era trabalhar músicas em cima do estilo próprio. Sem muita expectativa do que poderia vir.
Gala revela que no caldeirão sonoro da banda tem espaço para tudo. Tengri, música tradicional da Mongólia, Pink Floyd, Metallica, Slipknot, Rammstein, Tool, Lamb of God, além da mineira Sepultura, lembrada várias vezes na entrevista.
Produções trabalhosas do The Hu
O sucesso do The Hu também pode ser notado no YouTube, com duas grandes produções audiovisuais: Yuve Yuve Yu e Wolf Totem, com 33 milhões e 22 milhões de visualizações, respectivamente.
“Esperávamos algum tipo de sucesso, trabalhamos duro para fazer esses videoclipes. Viajamos mais de 5 mil quilômetros em estradas para o oeste da Mongólia para filmar Yuve Yuve Yu. Em alguns dias ficamos no calor do deserto, outros no frio no topo de uma montanha. Estamos muito honrados pelas reações das pessoas em todo o mundo”, comenta Jaya, responsável pelo tumu khuur (um tipo de harpa), tsuur (flauta artesanal da Mongólia) e flauta comum.
The Gereg, o disco de estreia, foi gravado e produzido por Dashka, produtor do The Hu desde o início da carreira, em Ulaanbaatar, na Mongólia.
“A coisa mais desafiadora foi encontrar o som certo que estávamos procurando. Algumas músicas gravamos três vezes. Queríamos trazer algo novo para essa grande família de apaixonados por música em todo o mundo”, conta Temka, que toca topshur (outro instrumento de cordas típico da Mongólia).
Ligação do The Hu com o Brasil
Questionados sobre o que vêm nos pensamentos quando se fala de Brasil, Enkush listou suas paixões. “Sepultura! Nós amamos e respeitamos o Sepultura! Nós também amamos o futebol brasileiro e lutadores do UFC, como Anderson Silva, José Aldo e JDS (Junior Cigano)”.
Ao falar sobre o show no Lollapalooza, Gala disse estar muito animado para a apresentação. Além de prometer muita energia no palco, disse que o mais importante será passar a mensagem do The Hu.
“Queremos lembrar a importância de mostrar gratidão aos nossos pais. Amar a terra natal, proteger a natureza, amar e respeitar as mulheres, respeitar a história e os ancestrais. Além disso, dar aos indivíduos um poder e crença internos para o futuro deles”.
Serviço
The Hu se apresenta no primeiro dia do Lollapalooza Brasil, em 3 de abril, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A banda foi escalada no mesmo dia do Guns n’ Roses, Lana Del Rey, Cage the Elephant e Rita Ora.
O festival conta ainda, nos outros dois dias, com as presenças de Travis Scott, The Lumineers e The Strokes. São mais de 70 atrações nos três dias.
Os passaportes para os três dias custam entre R$ 892,00 e R$ 2,1 mil. Quem optar por escolher apenas um dos dias do Lollapalooza, desembolsa entre R$ 382,50 e R$ 900,00. Para comprar, acesse o site.