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América do Norte #06 – Banksy em Toronto

Icônico, anônimo, polêmico, politizado, gênio, grafiteiro, artista… Muitas são as formas como as pessoas costumam identificar o britânico Banksy. Suas maiores obras de artes estão expostas nos muros de dezenas de cidades da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania. Talvez por isso soe estranho o fato de algumas galerias explorarem o seu trabalho. Atualmente, três exposições estão em cartaz no mundo, nenhuma autorizada: Moscou (Rússia), Amsterdã (Holanda) e Toronto (Canadá). As duas últimas tive a oportunidade de visitar e posso dar os meus palpites.

Em Amsterdã, o Moco Museum, na famosa Museumplein, montou algo mais requintado, sem muita conexão com a obra de Banksy. Com 50 obras, o espaço é dividido com Andy Warhol. Em cartaz desde 2016, essa mostra será encerrada em janeiro de 2019.

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Antes disso, no entanto, no dia 16 de setembro (domingo), Toronto encerra a sua Art of Banksy, em um galpão que garante um clima mais de rua, underground, na 213 Sterling Road, próximo da Little Portugal. O espaço estava tão cult que nem um forte esquema de segurança havia sido montado. A situação mudou após o furto da peça Trolley Hunters (Caçadores de trole), avaliada em US$ 45 mil, há um mês.

O incidente, por si só, já levanta muitas conspirações. Teria sido Banksy o autor do furto? Um fã apaixonado pelo artista? Um maluco querendo faturar milhares de dólares? Opa, peraí, quem é o Banksy esmo? Robert Del Naja, fundador do grupo Massive Attack, é apontado como o mais provável, mas ninguém consegue cravar isso. Banksy pode
ser um nome utilizado por vários artistas no mundo. São muitas teorias…

Voltando à mostra em Toronto, Art of Banksy se autointitula como a maior exposição do britânico no mundo, com 80 peças (Moscou afirma ter mais de 100, algo já esnobado pelo artista nas redes sociais). Estima-se que o total exposto ali tem um custo de US$ 35 milhões (R$ 138 milhões).

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Na coleção está a famosa pintura Girl and Balloon (Garota e o balão) e o controverso trabalho Laugh Now (Rir agora) – uma peça espirituosa de grafite que retrata um macaco com uma placa pendurada no pescoço: “Rir agora, mas um dia nós estaremos no comando”.

O responsável por reunir todo esse acervo é o ex-manager de Banksy, o britânico Steve Lazarides, que afirma ter acompanhado o artista, listado como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2010 pela revista Time, por vários anos. Ele teve o apoio na cocuradoria de Chris Ford. Ambos concederam uma entrevista exclusiva para A Tribuna / Blog n’ Roll.

“Dada a minha história profissional com Banksy, tendo sido seu único agente por cerca de dez anos. Quando surgiu a
oportunidade de montar uma seção transversal de seu trabalho, ficou difícil de recusar. Eu espero que a seleção destaque algumas das mais notáveis disciplinas e temas de Banksy desde que trabalhei com ele”, argumenta Lazarides sobre o que o levou a explorar o trabalho do britânico, mesmo sem a autorização do mesmo.

Ford conta que um dos maiores desafios com a exibição em Toronto foi instalar uma peça de 6,5 metros de altura. “É uma obra que mostra uma janela com vitrais intitulada Forgive Us Our Trespassing (Perdoe-nos o nosso trespasse). Isso foi muito desafiador! No entanto, no show do Moca, Art In the Streets, em 2011, nós também tivemos que encontrar uma maneira de encaixar o trabalho”.

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Banksy utiliza o estêncil como sua principal ferramenta para expor os seus pensamentos satírico, subversivo e carregado de humor negro. Problemas políticos, sociais e conflitos armados são alguns dos principais temas.

Na exposição de Toronto, os fãs têm acesso aos trabalhos emblemáticos, como os já citados no texto, mas também suas contribuições no mundo pop, como a capa de um disco da banda britânica Blur ou uma sabotagem em cima de um disco de Paris Hilton.

Em 2006, quando a socialite se lançou como cantora, Banksy adulterou 500 cópias do álbum no Reino Unido. Sua ação consistiu em trocar o CD da norte-americana por remixes feitos por ele com temas como Why am I Famous? (Por que sou famosa?), What Have I Done? (O que fiz?), What Am I For? (O que sou para?). Além disso, ele mudou a capa, colocando uma imagem de Paris Hilton fazendo topless.

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“Isso quer dizer que todos querem que isso signifique algo. Essa é a beleza disso. Eu só espero colocar isso em conjunto e, desta forma, mostrar às pessoas o que elas querem dele”, justifica Ford.

Quem nos acompanhou durante o passeio pelo galpão foi a publicista Danielle Iversen, que esbanjou simpatia e revelou que a exposição teve grande aceitação pela mídia, mesmo sem ter tido a autorização de Banksy.

“O trabalho dele é fascinante, as pessoas têm muito interesse pelo Banksy, são temas atuais, muita gente se identifica com ele”, reforça Danielle.

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Sobre a possibilidade dessa mostra circular pelo mundo, Ford disse que adoraria viajar com a exposição, apesar de não adiantar nada sobre os planos futuros. É bem provável que essa mostra siga para os Estados Unidos, em um primeiro momento.

Serviço:
Art of Banksy, 213 Sterling Road, Toronto, Canadá. Ingressos entre CA 35,00 e CA 39,99 (com audioguide). Mais informações no site da mostra.

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