Prestes a desembarcar no Brasil para participar do Monsters of Rock, em 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, Joey Tempest, vocalista do Europe, falou com o Blog n’ Roll sobre o momento atual da banda e o que os fãs podem esperar da apresentação.
Na entrevista, o músico revelou detalhes sobre o aguardado novo álbum de estúdio, que já está em andamento e deve ser lançado em 2026. “É como um álbum de estreia, quase. Temos ótimas ideias e uma conexão com o passado, mas também algumas surpresas”, adiantou.
Joey Tempest também comentou sobre o documentário que contará a trajetória do grupo sueco, com imagens raras desde os anos 1980, e participações de nomes como Benny Andersson (Abba), Tobias Forge (Ghost) e Mikael Åkerfeldt (Opeth). “Vai ser uma história incrível da banda que saiu de Estocolmo para o mundo”, afirmou.
Com mais de 40 anos de estrada, o vocalista refletiu sobre a longevidade da Europe e a importância de manter a união. “Estamos no melhor lugar agora. Ainda sentimos aquela emoção toda vez que subimos ao palco, principalmente no Brasil, onde sempre fomos muito bem recebidos”.
Confira a entrevista com Joey Tempest, do Europe, na íntegra abaixo.
Hold Your Head Up foi uma ótima amostra de como o Europe continua com um trabalho forte e consistente. Por outro lado deixou os fãs ainda mais ansiosos por um novo álbum. Vocês já iniciaram as gravações? Tem uma previsão de lançamento?
Estamos trabalhando muito duro nisso agora. Acho que estamos na metade, temos algumas ótimas faixas. Já faz um tempo desde o último álbum, mas de certa forma isso é bom porque parece que estamos quase começando de novo, como um álbum de estreia quase. É novo e temos ótimas ideias.
Vamos para o estúdio no outono (entre setembro e dezembro, no hemisfério norte) e haverá novas músicas no ano que vem e todo mundo está escrevendo. Estamos enviando ideias uns aos outros, está sendo bom, temos algumas coisas boas acontecendo.
O que você pode adiantar sobre esse álbum? Qual será a principal característica do álbum? E como ele se diferencia dos outros trabalhos da banda?
Gostaríamos de ter uma aventura com cada novo álbum, sonoramente e melodicamente. Mas acho que há uma conexão com o passado neste melodicamente que também estamos explorando. E seria um álbum europeu com algumas surpresas, mas também uma conexão com o passado. Há alguns riffs excelentes, algumas melodias excelentes e um ótimo refrão vindo aí.
Estou escrevendo com Mic (Michaeli, tecladista), Levén (John, baixista), Norum (John, guitarrista) e em breve vamos nos juntar e tentar algumas dessas ideias. Mas temos algumas demos excelentes circulando e mal podemos esperar. Junto com o documentário, vai ser uma época bem louca nos próximos anos.
Você pode falar algo sobre o documentário? Pode falar mais alguma coisa?
Estamos trabalhando nele há uns cinco ou seis anos, acho, porque tínhamos essa equipe nos seguindo pelo mundo, nos filmando ao vivo porque queríamos fazer um filme do tipo tour mundial. Mas durante a covid começamos a pensar, espere um segundo, temos alguma coisa antiga? Podemos fazer esse documentário agora? Talvez seja a hora. E encontramos essa caixa velha com fitas VHS conosco festejando em quartos de hotel no Japão.
Depois, estávamos nos bastidores em Estocolmo, no começo da carreira. Acho que você pode ver o cenário do Wings of Tomorrow pela primeira vez no chão, então isso é 1984, 1983.
E há muitas filmagens que ninguém nunca viu. Então juntamos tudo e montamos a história dessa banda que veio de Estocolmo para o mundo e então o grunge veio e derrubou tudo. Depois construímos tudo de novo para chegar onde estamos hoje. Temos vários convidados, como Benny (Abba), Mikael (Opeth) e Tobias (Ghost).
Já são mais de 40 anos desde o início do Europe. O que mais motiva vocês a seguirem tocando, excursionando e gravando álbuns? Imaginava que duraria décadas quando formou o grupo?
Não! Quando você é mais jovem, você não vê o futuro, realmente. Você vê duas semanas, duas semanas à frente, mas agora você meio que planeja dois anos à frente porque o tempo passa de forma diferente agora que você está mais velho. Meio que passa mais rápido e você tem que se adaptar. Mas nunca imaginei estar 40 anos depois aqui.
No ano passado, na turnê de 40 anos, foi tão emocionante estar no palco com os mesmos caras, olhando ao redor do palco com pessoas que conheci quando tinha 14, 15 anos. Somos os mesmos caras há anos. E essa emoção ainda está lá quando tocamos.
Não são muitas bandas que conseguem fazer isso. Tivemos nossas brigas, mas a questão é que agora não queremos balançar o barco. Temos um ótimo trabalho, não vamos brigar por coisas pequenas. Vamos tocar música, nos conectar com os fãs.
The Final Countdown já foi tocada em diversos eventos esportivos, comerciais, filmes, séries, entre outras atividades. Qual foi a marcante para você? Por que?
São tantas memórias com essa música. É difícil dizer o que amo sobre The Final Countdown. Ela reúne pessoas de todas as esferas da vida, onde quer que estejamos, seja um festival de metal, pop, familiar ou de death metal.
O público nos dá energia e nós devolvemos, tornando isso em algo especial. Você vive e se isola do resto do mundo e está nesse espaço e é o tempo que ninguém pode tocar. Esses momentos são para sempre.
E agora, o que dizer do oposto? Alguma vez te irritou ver The Final Countdown em um lugar inapropriado?
Houve alguns covers engraçados e coisas assim, mas é tudo isso que realmente não importa. Houve um tempo em que queríamos escrever para nos afastar um pouco da música. Mas sempre ficou lá, e nos últimos anos, significa mais do que aquela música.
Lembro-me de quando éramos crianças, íamos ver bandas como Scorpions e eles costumavam tocar uma balada de vez em quando no set. Eu era uma criança muito nova assistindo isso. E fiquei tipo: ‘uau, isso é incrível. Isso torna o show tão dinâmico, tão ótimo’.
Mas então percebi que a melhor coisa com a balada é a música rock depois, porque você pode construir o show novamente e ela serve a muitos propósitos. Então tivemos músicas como Dreamer, Open Your Heart e Carrie. Elas adicionaram uma dinâmica para podemos tocar um rock de verdade depois.
Imagino que você tenha muitas memórias com o Scorpions e o Judas Priest, que tocarão com o Europe em São Paulo. O que essas bandas representam para você?
Scorpions significa muito porque os vimos quando éramos crianças, no começo dos anos 1980. É uma ótima lembrança. Depois nos conhecemos ao longo dos anos. Conhecemos os caras do Scorpions muito bem e é um prazer nos encontrar com eles.
Judas Priest já tocamos no mesmo festival, mas nunca fizemos turnê juntos. Estamos ansiosos por isso.
Mas há outras bandas no Monsters of Rock que conhecemos muito bem. E é sempre bom sair depois, nos bastidores, conversar, nos encontrar e falar sobre música e memórias. São Paulo vai ser algo muito especial.
Então você vai tocar com a banda que você assistia quando era criança. Isso deve ser muito legal.
É muito legal se juntar a essas bandas. Nós as vemos às vezes em festivais ou fazemos turnês juntos. Mas vir aqui (Inglaterra) ou lá para o Brasil e tocar juntos na frente desses fãs que realmente amamos torna tudo muito mais especial.
Você já veio algumas vezes ao Brasil com o Europe. Tem alguma recordação mais marcante por aqui? Qual? Por que?
É uma ótima comida, ótimo vinho, ótimas festas. Lembro-me de uma vez em São Paulo que acabamos em um pequeno clube de jazz. No final da manhã eles começaram a tocar uma música louca e todo mundo começou a dançar. Foi um ótimo momento porque era muito diferente de vir da Escandinávia e da Inglaterra, onde moro, a vibração e a dança.
A vibe era incrível, só lembro disso na minha cabeça agora, mas o público é muito apaixonado. Eles amam rock and roll, as guitarras altas, as melodias e eles se conectam tão bem com a banda.
O Europe trouxe a atenção do mundo para o rock que era feito na Suécia. E muita coisa boa veio na sequência. Apesar de morar em Londres, você ainda acompanha as bandas de lá? O que considera ter sido primordial esse grande número de bandas boas no país?
É uma pergunta difícil, mas é bem escuro na maior parte do ano na Suécia, e as pessoas ficam sentadas lá dentro de casa ou estúdio, escrevem música… Nós conhecemos os caras do Opeth muito bem. É uma ótima banda, ótimos amigos.
Obviamente, Ghost é outra ótima banda sueca. Nós os conhecemos também. É legal estar com eles em turnê e compartilhar memórias e eles ouviram algumas coisas do Europe quando eram mais jovens e isso nos deixa orgulhosos de ter novas bandas surgindo e nos ouvindo.
A Escandinávia como um todo produz muito rock bom, heavy rock e pop também. Não sei explicar um motivo plausível para isso.
Quais os três álbuns que mais te influenciaram na carreira? Por que?
Há muitos álbuns que são ótimos, mas lembro que Made in Japan, do Deep Purple, foi muito importante para nós. Isso é muito antigo. Um álbum ao vivo que é como a Bíblia ou o modelo a ser seguido para o rock and roll, hard rock e rock melódico.
Tem Thin Lizzy também, outro álbum ao vivo: Live and Dangerous. Naquela época, eles tratavam os álbuns ao vivo muito bem, gravavam bem o disco.
Por fim, mais um álbum ao vivo: UFO – Strangers in the Night. Parecia um álbum de grandes sucessos e foi tão bem gravado e soou tão mágico. Ouvimos esses álbuns ao vivo e começamos a sonhar e queríamos fazer uma turnê pelo mundo.
Esses três álbuns realmente abriram caminho para sonharmos muito e acabarmos tendo o melhor emprego do mundo.