Pela primeira vez em sua longa carreira, o Stratovarius vai se apresentar no lendário festival Monsters of Rock, que acontece no próximo dia 19 de abril no Allianz Parque, em São Paulo. A estreia na edição brasileira do evento é vista como um sonho realizado pelos músicos: “É como um sonho se tornando realidade. É lendário. É melhor que o Wacken”, afirmou o vocalista Timo Kotipelto com entusiasmo.
A relação do grupo com o Brasil é de longa data. Desde 1997, a banda finlandesa acumula passagens pelo país e lembra com carinho da energia do público brasileiro.
“As pessoas cantam junto, sorriem, jogam os punhos para o alto. É uma troca de energia fantástica”, disse o tecladista Jens Johansson, acrescentando que clima, comida e bebidas também tornam a experiência ainda mais especial.
Sobre o repertório para o festival, a Stratovarius ainda não definiu o setlist, mas garante que clássicos não vão faltar. “Tem muita gente que conhece as faixas mais famosas, e outros que talvez estejam nos vendo pela primeira vez. Vamos tentar agradar a todos com um pouco de tudo da discografia”, explicaram, revelando que ainda não sabem quanto tempo terão de palco.
Kotipelto também revelou que o Stratovarius já começou a compor o sucessor de Survive (2022). Mesmo com o cenário musical atual favorecendo singles e EPs, a banda segue fiel ao formato tradicional. “Para nós, ainda é prioridade lançar um álbum completo. É mais coeso e mais prático até do ponto de vista financeiro”, argumentou Jens.
Confira a entrevista completa com a Stratovarius abaixo.
Como está a expectativa para o Monsters of Rock em São Paulo?
Timo Kotipelto – É como um sonho se tornando realidade tocar neste festival. É lendário, sempre sonhei com isso. Muitas bandas sonham em tocar no Wacken um dia, mas fizemos isso várias vezes, mas nunca aqui com o Monsters of Rock.
E por que você acha que o Brasil é tão especial?
Timo Kotipelto – Começamos em 1997 e estamos tocando há uns 30 anos no Brasil, então é desde o começo que há algo entre nós. As pessoas são cheias de energia quando vêm ver os shows, cantam junto. É incrível ver as pessoas jogando os punhos para o alto e cantando junto. A comida é boa, algumas bebidas também, além do clima.
Como será a apresentação do Stratovarius? Pretendem focar em algum álbum ou será um pouco de tudo da discografia?
Timo Kotipelto – Acho que um pouco de tudo. É um festival, vai ter muita gente que não está tão familiarizada com nossas músicas. Mas vai ter muita gente que conhece algumas de nossas faixas clássicas. Ainda não sabemos o setlist, porque ainda estamos em turnê na Finlândia, com um setlist diferente. Nem sabemos por quanto tempo podemos tocar. Se for 30 minutos, podemos tocar cinco músicas e meia, talvez cinco.
O Stratovarius já trabalha no sucessor de Survive (2022)? Ou pretende trabalhar com singles e EPs?
Timo Kotipelto – Já começamos a escrever o novo álbum, mesmo sem definir o nome. Mas acho que vai levar mais algum tempo até que realmente terminemos. Mas já começamos. E quem sabe como vai ser? Nós somos meio que de mente aberta, só jogando umas coisas por aí.
O conceito de álbum cheio ainda é algo prioritário para vocês? Hoje muitas bandas estão com foco apenas em singles e EPs.
Timo Kotipelto – Ainda é uma prioridade fazer um álbum completo, porque é conveniente de certa forma, você divide o lançamento neste álbum completo. Acredito que todas as pessoas que lidam com você, como a gravadora, esse tipo de coisa, lida com o álbum como um conceito completo.
Também diria que é mais barato gravar umas dez músicas ao mesmo tempo do que gravar apenas uma música e depois a próxima um ano depois ou meio ano depois. Então acho que continuaremos fazendo isso como um pedaço de dez músicas sendo um álbum.
Qual é o segredo para manter uma voz tão potente após anos de carreira? O que você acredita ser essencial para isso?
Timo Kotipelto – Por algumas razões, nos últimos anos, cantar é realmente mais fácil para mim do que dez anos atrás. Difícil dizer o motivo. Talvez tenha aprendido alguma nova técnica secreta. É como se quanto mais velho fico, melhor sei como usar minha voz. Tenho estudado alguns vocais de vez em quando.
Mas foi especialmente difícil no final de 2000, quando estávamos em turnê com o Helloween. E o último show foi em algum lugar no Leste Europeu, não lembro em qual país. Peguei a campylobacter (bactéria retorcida), que destruiu minha voz completamente. Não conseguia cantar nada parecido com uma nota em um mês e meio, tudo isso no meio da turnê. E tive que me forçar a cantar. E isso basicamente destruiu minha voz por alguns anos. Mas agora, felizmente, ela voltou.
Tenho algumas das minhas técnicas, mas aqueço quando necessário e tento dormir o suficiente. E não bebo para priorizar minha voz até a morte. Vamos colocar dessa forma.
Deuses do metal melódico é um termo muito usado para se referir ao Stratovarius. Como você lida com isso? É muita pressão para manter o nível ou é algo natural e resultado da dedicação da banda?
Timo Kotipelto – Acho que não é muita pressão. As pessoas, naturalmente, ficam muito animadas porque amam música. Não acho que sejamos particularmente ótimos ou ruins, algo assim. Mas as pessoas dizem coisas como: ‘oh, vocês são como deuses’.
Você não pode pensar que eles são sérios. Você só tem que fazer o melhor trabalho que puder, dadas as circunstâncias e seu nível de cansaço e abordagem geral da vida. Então, isso fala mais sobre o poder geral da música. Nós não somos realmente deuses, estamos longe disso, muito longe.
Vou citar alguns vocalistas e gostaria que você os comentasse. Topa?
Timo Kotipelto: Vamos lá!
Bruce Dickinson – Incrível.
James Hetfield – Posso dizer único? Porque essa não é a palavra certa. Mas acho que é único. A voz dele é única. É como se, claro, ele fosse um personagem.
Quer dizer, você consegue ouvir em meio segundo ou um décimo de segundo. Você consegue ouvir quem é de alguma forma. Mas, quer dizer, como descrever isso em uma palavra ou algo assim, acho que não é possível.
Rob Halford – Uma palavra. Bem, se eu consigo juntar Metal God, então é uma palavra: Goat (o maior de todos os tempos). Quer dizer, ele é um dos maiores. Mas ele não é realmente porque Dio é o Goat, mas ele é quase um goat.
Axl Rose – Isso também é como se sua voz fosse única, reconhecível, o que é muito importante quando se trata de cantar. Porque tenho que dizer isso. Há muitos cantores excelentes de karaokê ou bandas cover, que são melhores do que a maioria dos cantores famosos.
Quando Axl Rose apareceu, a voz dele já era reconhecível. O mesmo que diria que as pessoas gostam de ignorar Bon Jovi, mas sua voz também é reconhecível.
Corey Taylor – Ele é obviamente muito bom, mas qual palavra posso usar para ele? Sua voz é flexível. Corey Taylor é um cara versátil.
Michael Monroe – Eu o conheci. Dei uma carona para ele alguns anos atrás. Michael Monroe é um excelente frontman. Frontman é a palavra que melhor define ele, que também é um bom cantor.
Ele é muito energético, tem uma palavra para isso… TDAH? Michael Monroe é super agitado de uma forma positiva, cheio de energia.
Quais os três álbuns que mais te influenciaram na carreira? Por que?
Timo Kotipelto
AC/DC – Back in Black, porque me transformou em heavy metal. Depois talvez Iron Maiden, com Piece of Mind ou Numbers of the Beast. Gosto de ambos os álbuns. Por fim, vou incluir Operation Mindcrime, do Queensrÿche. Eu já estava cantando no meu estilo, então não afetou diretamente. Mas esse é um álbum muito importante para mim.
Jens Johansson
O meu primeiro é Made in Japan, do Deep Purple. Depois vem um álbum ao vivo também do Rainbow: Rainbow Live on Stage. Pra fechar, UK com o álbum Danger Money. É um metal progressivo muito bom. Menos metal, mais progressivo.