Flowers celebra o hype do metal moderno do The Devil Wears Prada

Flowers celebra o hype do metal moderno do The Devil Wears Prada

Flowers, o nono álbum do The Devil Wears Prada, chega como uma obra dividida entre ambição e hesitação. A banda de Dayton tenta expandir seus limites e evitar a repetição, num momento que o próprio vocalista Mike Hranica define como determinante. Em conversa com o Blog N’ Roll, ele descreveu essa fase com clareza: “Eu digo que é um momento crucial. As músicas que tocávamos da última vez eram diferentes do que estamos fazendo agora com a fase Color Decay. Estou bem animado que as pessoas vão ver nossa evolução em relação às músicas antigas.”

A abertura com “That Same Place” e “Where the Flowers Never Grow” aposta em arranjos mais sofisticados, misturando orquestrações discretas com o peso tradicional do grupo. “The Silence” aponta para um território mais pop, e essa guinada funciona pela naturalidade. Há um senso de maturidade na produção de Zakk Cervini, que alterna brilho e imperfeições de forma consciente. São os momentos em que a banda realmente arrisca que o disco encontra seu melhor terreno.

Nem sempre, porém, essa ambição se mantém firme. Em vários trechos, letras e melodias parecem menos inspiradas do que deveriam, como se a banda tentasse agradar em vez de surpreender. A própria dinâmica de composição, hoje mais fragmentada, ajuda a explicar parte disso. Hranica comentou que o processo mudou radicalmente: “Hoje nas músicas a gente trabalha com vários produtores e compositores diferentes. Nós pegamos um voo para Los Angeles e vemos um monte de amplificadores e baterias numa sala. Você vai, improvisa, refina. Agora tudo é produzido dentro de um estúdio.” Ele destacou ainda como a tecnologia redefiniu completamente a criação musical. “Falando sobre tecnologia, dá para ter experiências de estar em um estúdio sem estar em um estúdio, usando um macbook. Isso permite que a gente se conecte remotamente para criar os nossos álbuns.”

Entre as faixas centrais, “For You” se destaca pelo teor emocional direto. Hranica explicou que a música nasce de um lugar amargo: “Certamente não é uma música de amor feliz, mas conta sobre a história de uma relação que não deu certo, onde um lado não fez sua parte tão bem para tudo funcionar.” Esse tipo de vulnerabilidade é uma das forças de Flowers, que oscila entre romantismo disfuncional, frustração e a busca por reconstrução.

Flowers é um álbum de transição. Carrega lampejos de energia, boas ideias e momentos em que a banda parece pronta para uma nova fase. Também traz escolhas conservadoras que impedem o disco de atingir o impacto que poderia. Para quem acompanha a faceta mais melódica e acessível do The Devil Wears Prada, o resultado deve agradar. Para quem mira o peso do início, pode soar melódico demais. No fim, é um capítulo importante na trajetória da banda e que celebra esta nova fase.

Ouça Flowers, do The Devil Wears Prada