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Vamos falar de K-Pop

FERNANDA DURANTE

Quando surgem no cenário musical, as boy bands e girl bands fazem a cabeça dos jovens e arrastam multidões por onde passam. Não importa a época em que isso aconteça. Foi assim com os Menudos, New Kids on the Block, Backstreet Boys, NSync, Spice Girls, Rouge e, agora, grupos originais da Coreia do Sul têm conquistado espaço no coração dos brasileiros.

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Eles fazem parte do fenômeno do K-Pop, ou Korean Pop, um gênero musical que surgiu nos anos 1990 e se tornou parte da cultura pop sul-coreana. Apesar do nome, o pop não é o único gênero musical encontrado nesse estilo. O K-Pop também mistura ritmos como o hip hop, rock e R&B.

Os grupos, geralmente formados apenas por homens ou somente por mulheres, se destacam pelas músicas dançantes, coreografias, clipes musicais muito bem produzidos e pelo visual marcante, que ajudam a transmitir para o público o conceito do grupo. Assim, caso ele aborde em suas músicas temas mais alegres, seu visual vai condizer com isso e os membros terão figurinos mais coloridos e maquiagens mais leves, por exemplo.

Foram esses detalhes que chamaram a atenção da assistente de escritório Amanda Felix da Cruz, de 18 anos, que conheceu o gênero musical em 2015, através de amigos da escola. “Era uma coisa muito diferente de tudo o que eu já tinha visto. As danças são incríveis, eles dançam muito bem, toda a produção, as roupas, os vocais. Fora que eles são muito bonitos”, dispara.

Anteriormente, a jovem já acompanhava boy groups, era fã dos britânicos do One Direction, mas ela acredita que o esforço necessário para alcançar sucesso no meio do entretenimento é maior em países da Ásia. “É muito difícil alcançar sucesso, ter visibilidade na Coreia. Para fazer parte de um grupo, eles passam quatro, cinco, seis anos treinando com as empresas. Tem que ter muita força de vontade, ensaiar muito e trabalhar mais ainda. Eu acho que esse reconhecimento é resultado desse trabalho duro”, argumenta.

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Com essas características, o K-Pop conquistou os jovens brasileiros e se tornou influência de estilo e de interesses. A auxiliar de escritório Juliana Andrade Martins, de 21 anos, tem isso marcado na pele. Ela fez duas tatuagens em homenagem a seu grupo preferido, o BTS.

Com três discos completos na bagagem e três turnês no Brasil (a última no início do ano), o BTS alcançou grandes feitos com o seu segundo disco, Wings, como a primeira posição em streamings no iTunes em mais de 26 países, estrear no 26º lugar na Billboard 200 – a melhor posição já alcançada por um álbum de K-Pop na parada – além de ter sido o grupo musical mais tuitado em 2017 no mundo.

“São os títulos de dois álbuns que falam de coisas que mexem muito comigo, o espírito de juventude e liberdade. Significa: O momento mais lindo da vida é quando abrimos as asas”, cita Juliana.

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Além disso, a jovem é líder do J-Project, um projeto onde fãs aprendem a dançar as coreografias das boy groups. “Eu participava de um grupo de dança e as pessoas me pediam para ensiná-las. Então, criei o projeto para ajudar quem tem vontade de dançar, mas tem alguma dificuldade, como falta de técnica ou timidez”.

De acordo com Juliana, o intuito é fazer com que as pessoas quebrem suas próprias barreiras. “A paixão e a vontade de fazer algo falam mais alto”.

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Influência musical no Brasil
O gênero musical também passou a servir de influência para grupos brasileiros, que querem ganhar seu espaço no mercado da música. Esse é o caso da paulistana Wibe, que surgiu em 2015 e é formada por seis participantes. As músicas e apresentações do grupo têm como base as performances dos grupos K-Pop. E com eles surge um estilo que começou a ser chamado de B-Pop, ou Brazilian Pop.

Um dos integrantes do grupo, Iago Aleixo, de 21 anos, contou que o Wibe tem muitas referências do K-Pop, mas também é pensado para agradar o público brasileiro. “A gente abrasileirou um pouco. Usamos figurinos mais neutros, as coreografias não são tão complexas para que as pessoas possam dançar junto com a gente e as letras são mais fáceis também”.

Ele também disse que a resposta do público está sendo muito positiva. “No começo, o nosso público era formado 80% por pessoas que já ouviam K-Pop. Mas a gente começou a aparecer em mídias teens e isso chamou a atenção de outras pessoas”.

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Familiarizado com o gênero musical desde 2006, Iago não se surpreendeu com o grande boom que o K-Pop sofreu durante este ano. De acordo com ele, isso aconteceu uma vez em 2009 e agora a situação está se repetindo.

“O K-Pop volta a estourar no Brasil quando as boy bands começam a sumir. Se você for ver, os membros do One Direction começaram a se separar e o Justin Bieber se envolveu com um monte de problemas. Então, esse público migra para o K-Pop. Ainda mais com o sucesso que o BTS tem feito no mundo. Eles vão chamando a atenção dessas pessoas”.

Cultura coreana em alta nas séries de TV
Não é apenas na música que os sul-coreanos têm ganhado destaque. As novelas coreanas, chamadas pelo público de k-dramas ou doramas, também vem recebendo um maior espaço da mídia. O serviço de streaming Netflix tem vários títulos disponíveis e também existem plataformas usadas exclusivamente para assistir esse tipo de conteúdo, como o Viki ou o Dramafever.

Diferente das novelas ocidentais, que duram meses até o seu final, os k-dramas contam com poucos episódios (uma média de 16 por novela). Além disso, a narrativa utilizada também destoa muito do que estamos acostumados a assistir no Brasil. Os doramas enfatizam muito a emoção dos personagens e isso foi o que encantou a jornalista e escritora Gabriela Brandalise, de 34 anos.

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“Os dramas não querem te mostrar como é a vida, eles querem mostrar como a vida faz você se sentir. Aquilo te envolve tanto que você se sente ali também”, ensina.

https://www.youtube.com/watch?v=TgxeDtcw0fo

Apesar de já ter tido contato com a cultura asiática antes, através de animes (desenhos japoneses) e mangás (quadrinhos japoneses), os k-dramas a impactaram tanto que ela decidiu escrever uma história baseada nesse universo.

“A minha imaginação ficou a mil. Eu queria levar isso para um livro. A estrutura narrativa, os muitos plot twits (reviravoltas na história), os clichês. Mas, ao mesmo tempo, eu não queria fazer uma cópia de algo que eu assisti. Eu queria fazer uma homenagem à cultura coreana e colocar para fora as várias ideias que os k-dramas me deram”.

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Ela realizou esse desejo com o livro Pule, Kim Joo So, que foi publicado pela Verus, do Grupo Record. Mas antes da publicação, Gabriela contou que pesquisou muito sobre a estrutura narrativa dos dramas, para que sua história pudesse ser compreendida por pessoas que nunca assistiram doramas e para que as pessoas que já estão acostumadas com as novelas pudessem achar “tudo muito k-drama”.

“As pessoas estão sendo muito carinhosas comigo. Quem gosta de k-drama vem comentar comigo, me mandam teorias sobre os personagens do livro e quem não conhece me procura para saber como é”.

Santista foi estudar na Coreira do Sul
A santista Eduarda Ribas Logrado, de 19 anos, teve o primeiro contato com a cultura coreana há cinco anos. E a paixão só aumenta. Confira o relato de sua experiência aqui e na Coreia do Sul:

“Como acontece com quase todo mundo neste meio, minha paixão pela Coreia começou com o K-Pop. Uma amiga me apresentou e eu adorei. Mostrei para minha mãe e ela também adorou. Daí, para estarmos totalmente mergulhadas na cultura do país, foi um pulo.

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Eu comecei a assistir programas e novelas coreanas em 2012. Na época só tinham legendas em inglês, o que foi até bom, já que meu inglês progrediu muito. Mas tinha muita coisa que ainda nem tinha legenda e eu queria muito entender. Então, em 2014 eu e minha mãe começamos a frequentar a comunidade coreana de São Paulo. Ir nos eventos, que são muitos, até que começamos a fazer traduções para um site de K-Pop. Traduzíamos matérias de sites coreanos que são publicadas em inglês.

Um dia, minha mãe conheceu uma coreana que também tinha um site, mas este era mais dedicado à cultura, e ela queria que ele crescesse. Então, com a ajuda do meu pai que é web designer, elas lançaram o Koreapost***.

Nesta época eu já estava estudando coreano por conta própria, porque aqui em Santos não tinha professores deste idioma. Daí, a dona do Koreapost me incentivou a participar de um concurso de oratória em coreano, realizado pelo Centro de Estudos Coreanos, que é afiliado ao Consulado da Coreia do Sul, em São Paulo. Ela me ajudou a elaborar o texto e a melhorar a pronúncia e no dia 31 de outubro de 2015 eu consegui o quarto lugar no concurso e uma bolsa para aperfeiçoar meu coreano direto na fonte.

Então, de fevereiro a julho de 2016, eu vivi na cidade de Sunchon, província de Jeolla-Do, no extremo sul da Coreia. Estudei língua coreana na Universidade Nacional de Sunchon e tive a oportunidade de dividir o dormitório com alunas coreanas e de outros países asiáticos.

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Eu simplesmente amei a minha estadia na Coreia. Ao contrário do que tinham me dito, as pessoas foram muito legais e acolhedoras comigo e eu fiz amizades que pretendo levar para a vida toda.

Na última semana de estudos, tive a oportunidade de conhecer a capital Seul, que é uma mistura de alta tecnologia com muita tradição.

Vim embora com vontade de quero mais e não vejo a hora de voltar! Ainda bem que isso vai acontecer logo, pois este ano participei de uma seleção do governo da Coreia, por meio da embaixada do país em Brasília (DF), e fui selecionada para uma bolsa universitária com duração de cinco anos. Assim, em fevereiro de 2018 voltarei para o lugar que já vejo como minha segunda casa”.

“Najungeh payo (até breve)”

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