No dia 14 de outubro de 1997, o Green Day lançou seu quinto álbum: Nimrod. E 20 anos depois, esse álbum pode ser considerado o mais completo do trio californiano. Ele fica no meio entre a fúria punk adolescente de Dookie (1994) e do começo dos projetos mais ousados como American Idiot (2004). E arrisco a dizer que é o disco de pop punk perfeito.
As 18 músicas conseguem trabalhar bem ambos os extremos que dão nome ao gênero. O pop e o punk estão no mesmo lugar e convivem harmoniosamente. E talvez agora ele faça muito mais sentido do que na época do seu lançamento.
Começando com Nice Guys Finish Last, quase uma continuação do disco anterior Insomniac (1995), aos poucos outros elementos que ninguém esperava aparecem no álbum. E isso vai além da sonoridade que flerta com o folk, rockabilly e surf music. As letras são mais maduras e cheias de reflexões de quem está na casa dos 20 e poucos anos.
The Grouch representa o medo de se tornar um adulto chato, enquanto Redundant revela as dificuldade de manter um relacionamento saudável com a pessoa que ama. Canções que são confissões de um jovem rockstar que tinha que se dividir entre a casa e a estrada. Lembrando que os integrantes da banda tinham aproximadamente 25 anos na época.
Billie Joe Armstrong já confessou que uma parte da influência por trás de Nimrod foi o disco Reject All American (1996) da banda riot grrrl Bikini Kill. A ideia de equilibrar “músicas punk cruas com sons delicados” só aconteceu por conta do trabalho do grupo liderado por Kathleen Hanna. E assim, faixas mais melódicas como Scattered e Worry Rock estão lado a lado de músicas cheias de raiva como Platypus (I Hate You) e Take Back.
Três faixas de Nimrod merecem destaque pelo Green Day ter explorado novos caminhos. Last Ride In é um instrumental influenciado por surf music que mostra o talento como músicos. Enquanto King For A Day brinca com ska e apresenta uma letra debochada falando sobre homossexualidade, influência direta de Pansy Division.
Good Riddance (Time of Your Life) veio para mostrar que é possível misturar o pop com o punk no mesmo disco. A balada acústica ficou guardada desde o Dookie e acabou se tornando o ponto de virada na carreira da banda. Além de quebrar paradigmas e apontar um novo rumo para o gênero, assim como o álbum inteiro.