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Bikini Kill: uma revolução musical

Pioneiras no movimento Riot Grrrl, declaradamente feministas e entusiastas do punk rock, as garotas da Bikini Kill comemoram neste ano o 25º aniversário de seu disco de estreia, Pussy Whipped. O selo paulistano Hérnia de Discos organizou o lançamento de uma coletânea em homenagem ao disco, contando com interpretações de bandas brasileiras como Diablo Angel e 3D, logo no início do ano. É notável que a banda ainda influencia fortemente o punk rock feminino, mas como essa revolução começou?

Formada em Olympia, no coração de Washington, em 1990, a banda contava com Kathleen Hanna nos vocais, Billy Karren na guitarra, Kathi Wilcox no baixo e Tobi Vail na bateria. O trio se inspirou na banda punk Babes in Toyland, depois de acompanhar uma apresentação das garotas que incitava a participação feminina na música. A partir dai, surgiu a preocupação em criar uma comunidade feminista através da cena punk. Babes in Toyland também usou a cena underground para conectar uma rede de garotas que tocavam e apreciavam o punk rock, produzindo suas próprias fanzines e exercitando a mídia independente para fazer com que suas vozes fossem ouvidas.  Foi aí que Kathleen, Kathi e Tobi convidaram o guitarrista Billy para completar a formação, lançando a banda que acabaria se tornando porta-voz de um movimento feminista de enormes proporções.

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Seu sucesso se deu principalmente nos Estados Unidos, partindo da gravação de sua primeira demo, Revolution Girl Style Now, em 1991. Logo após, gravaram seu primeiro EP, Bikini Kill, também na capital norte-americana. Entraram em turnê pelos Estados Unidos e começaram a formar seu público, sempre optando pelos ambientes mais informais e pela cena underground. Aos poucos, a Bikini Kill foi se tornando conhecida, ora pelo estilo das apresentações como pelas letras fortemente politizadas.

Kathleen foi a principal compositora da banda. Com uma postura agressiva e confrontosa, exercia o feminismo radical: costumava “convidar” os homemns presentes no show a se afastarem dos palcos, recebendo as mulheres na frente com enorme entusiasmo. Ficou conhecida principalmente por tirar a camisa durante os shows e se apresentar com a palavra “slut” (vadia, em inglês) escrita no abdôme ou nas costas. Seu idealismo se tornou fonte para a própria definição do Riot Grrrl, que buscava atrair as mulheres jovens à cena musical e garantir o fortalecimento das mulheres em um cenário até então dominado pelos homens.

A força de suas letras foi seu maior trunfo. Buscando trazer conscientização sobre temas como sexismo e empoderamento, suas músicas traziam denúncias contra violência doméstica, assédio e estupro, unindo elementos do punk rock aos poderosos versos gritados por Kathleen.

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A resposta ácida à indústria musical abriu portas para muitas outras artistas crescessem no rock, como Joan Jett, que gravou três músicas com a banda e participou de uma de suas turnês. Kathleen e Jett trabalhariam juntas novamente anos depois, em 1999.

Bikini Kill também participou de shows beneficientes em prol do movimento Pro-Choice, a favor da legalização do aborto. Sua apresentação coincidiu com uma grande marcha que ocorreu em Washington para lutar pela causa, aumentando sua repercussão.

Seu primeiro álbum propriamente dito só foi lançado em 1993, o Pussy Whipped. Em seguida, vieram várias turnês ao lado de bandas como The Peechees, Tourettes, Metamatics e Go-Go’s. A banda também passou pela Inglaterra ao lado de Huggy Bear, com quem inclusive gravaram um single chamado Yeah, Yeah, Yeah / Our Troubled Youth. A visibilidade do movimento, a esta altura, alavancou reportagens e artigos sobre a banda tanto nos EUA como na Inglaterra.

Nos anos seguintes, a Bikini Kill trabalhou com grupos mais famosos como Sonic Youth, Beastie Boys, Foo Fighters, Rancid, Beck, entre outros. Fizeram uma turnê pela Austrália, que culminou em outra turnê de sete semanas excursionando pela Europa. Nesse período, lançaram seu segundo álbum, Reject All American (1996), que não foi muito bem recebido pela mídia. A amizade entre Kathleen e Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, também tornou-se popular. A vocalista afirmou alguns anos depois que teria participado da idealização de Smells Like Teen Spirit, maior hit emplacado pelo trio grunge de Cobain. A ideia foi fruto de uma noite de bebedeira, onde Kathleen acabou escrevendo a frase “Kurt smells like Teen Spirit” (“Kurt cheira a Teen Spirit”) na parede do quarto de Kurt.  A baterista Tobi Vail foi namorada de Cobain neste período, e é apontada como a “inspiração” da música, já que utilizava o tão famoso desodorante Teen Spirit.

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Com uma carreira já enfraquecida, Bikini Kill teve seu fim definido em uma turnê pelo Japão. Fizeram seu último show em Tóquio, em meados de 1997. Sua única reunião após esse evento ocorreu no ano passado, quando o trio de mulheres se juntou “sem querer” em Nova York e apresentou uma música do álbum Pussy Whipped, em abertura para a banda britânica The Raincoats.

Em sua breve carreira de 7 anos, a banda criou história: além do pioneirismo no movimento feminista Riot Grrrl, o grupo inspirou várias outras bandas femininas de punk rock e hardcore pelo mundo. Mesmo com uma jornada tão breve juntos, os quatro artistas continuam ativos na música. Tobi, Kathi e Billy seguiram juntos com a banda The Frumpies, que teve seu último álbum lançado em 2000. Kathleen tornou-se posteriormente a frontwoman do Le Tigre, e atualmente se apresenta com a banda The Julie Ruin, formada em 2010 junto à baixista Kathi.

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