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Radar - Nuno Mindelis

Radar #48 – Rod Stewart – Every Picture Tells a Story

NUNO MINDELIS

Hoje é dia de erudição, volto a 1971. Um grande período para a música aliás. E como estamos na Copa do Mundo, vamos fazer uma referência a um disco que considero muito especial, definitivo: Every Picture Tells a Story, que empacota rock, blues, country, soul e folk de uma vez só. E de uma vez por todas.

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Alguns louros:
– 500 albuns of all times pela Bíblia, Rolling Stone;
– Número 1 nos charts dos EUA e Inglaterra na época;
– 3º lugar na famigerada lista dos cíticos da ‘Jazz e Pop” , uma eminência parda da crítica impressa de 1962 a 1971, bancada por Rob Thiele, produtor de gente como Coltrane, Duke Ellington, Count Basie, Louis Armstrong.

A impressão inicial é a de que teria sido um ensaio gravado numa garagem com equipamento rudimentar, há claras falhas de marcação, introduções em que os instrumentos não acertam as cabeças do tempo, tipo o piano entra antes da bateria ou vice versa, ou a guitarra e o baixo entram fora da mosca, batem na trave e não se encontram onde deveriam. E isto não acontece uma vez nem duas, são várias. Confira a introdução de Seems like a Longtime e a (desastrada?) de That’s Alright Mama!

https://www.youtube.com/watch?v=6gEFygm24Ek

Mas o que tudo isto tem a ver com a Copa? Calma, já chego lá…

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Sempre achei que isso acontecia porque naqueles tempos em que o equipamento era de fato mais rudimentar, com menos canais e menos possibilidade de ‘punch ins” (consertos pós gravação), valia o melhor take e esses teriam possivelmente sido os que tinham menos traves. E ‘som sobre som’ irritava a fita magnética o que fazia decair a qualidade do áudio em progressão geométrica, portanto quanto mais ao vivo mais qualidade de áudio.

Mas quer saber? O disco é espetacular. É lindo! Seja pelos hits que alçaram Rod às galáxias do showbiz, seja porque os músicos, todos geniais, com trave ou sem trave, ganham o jogo no final. E ganham de lavada. Por isso falei da Copa do Mundo? Não, ainda. E repito: o disco é, acima de tudo lindo. Ouça por exemplo a mesma Seems Like a Longtime, com ou sem trave na introdução. Ouça Tomorrow is a Longtime! Dá licença!

E quem eram esses músicos? Todos os The Faces, banda da qual Rod Stewart era vocalista. Que antes tinham sido os Small Faces, do lendário Steve Marriot, eleitos para o Rock & Roll Hall of Fame em 2012. Coisas boas se impõe com o tempo. E quem eram os Faces neste (terceiro) disco de Rod Stewart? Preste bastante atenção, porque merecem: Rod Stewart (vocal principal e violão) Ron Wood (guitarra e baixo), Ian Mclagan (Hammond B3 em todas as faixas e piano em I Know I’m Losing You), Andy Pyle (baixo) Pete Sears (piano em todo o álbum exceto em I Know I’m Losing You), Micky Waller (bateria), Ray Jackson (mandolin), Maggie Bell (backing vocals). Há ainda colaborações de Ronnie Lane (baixo e backing vocals), Kenney Jones (bateria em I Know I’m Losing You) e Dick Powell (violino). Martell Brandy e Mateus Rosé, duas bebidas alcoólicas, entram nos créditos como se fossem músicos. Imagino as sessões.

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Ouça Maggie May com a sua introdução de violão erudito! Ouça I Know I’m Losing You! Ouça Reason To Believe! (PUTZ!! Vai escolher melodias e timbre assim!) E é a última do disco. Imagina o que acharam do resto.

Ouça tudo! Não há o que não ouvir neste disco.

Copa do Mundo? Bom, antes de ser o cantor de timbre rouco único, Roderick David Stewart era goleiro do Brentford Football Club, da Inglaterra, chegou a ser profissional da terceira divisão e joga até hoje em eventos especiais. No momento ainda corre um processo contra ele por ter quebrado o nariz de um espectador com uma bolada em 2012, num jogo em Las Vegas. Em sua defesa, alega que o sujeito deveria ter mantido os olhos abertos durante o torneio.

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