NUNO MINDELIS
É de Praia Grande que vem a boa surpresa na área do blues nacional. Chama-se Pedro Bara, tem apenas 17 anos e, ao contrário dos wannabe SRV, não tenta ser fritador nem soar igual a ninguém (mais especificamente) que não ele próprio. Para isso, usa um espectro de influências que se percebem logo. Soube que uma delas é Otis Redding e outra Muddy Waters. Curiosamente esses dois nomes me vieram à cabeça ao ouvir o disco, antes de saber do fato.
Cercou-se dos melhores músicos do gênero no Brasil e da produção acertada de Alexandre Fontanetti e de seu Space Blues Studio.
Toca de forma econômica, o suficiente para fazer bonito e prioritariamente em prol dos temas que executa. Não é virtuoso. Ainda. Poderá ser, se quiser. Precisa? Talvez não, se optar apenas pelo conjunto da obra e por mostrar as músicas legais que jogou neste álbum, Heading To The Moon. Precisará ter mais fluência, mas esta certamente virá, é muito novo, vida pela frente. No mais, inglês (quase 100%) sem sotaque, uma voz boa e um belo e maduro disco para um primeiro lançamento. Isso é digno de nota.
Os timbres todos foram cirurgicamente escolhidos e trabalhados. A gaita é de alto nível, se não reparar antes (duvido) ouça 8th Wonder, a faixa 9.
O disco acerta na maioria das músicas, cai bem, desce redondinho, tem groove, tem texto (música e letra próprias), enfim, está tudo ali. Ouça Mean (faixa 4) e me conte sobre ir atrás das influências certas. Mas antes ouça as três primeiras, (A.M , Fool’s Gold, When Night Comes respectivamente) não precisa pular, tudo se encaixa naturalmente e bem. Tilt O Whirl (faixa 5) tem uma solução vocal muito legal e é uma baita música.
Pedro usa uma SG Ltd. edition e uma Epiphone Sheraton semi acústica. É um Gibson man. Tomara que continue sendo. Duas grandes opções.
Heading To The Moon é um caminho certo, bem faz Pedro em mirar a Lua. Certamente alcançará voos mais altos.
Abraço, pessoas antenadas!
