O guitarrista norte-americano John Mayer está no Brasil para divulgar seu último disco, The Search for Everything, lançado em abril. O primeiro dos cinco shows foi na última quarta-feira (18), no parcialmente lotado Allianz Parque, em São Paulo, e o músico entregou o que tem feito em suas apresentações na Europa e Estados Unidos: um repertório dividido em partes, cada um em um formato.
Em entrevista ao jornal Folha de S Paulo, publicada na quarta-feira, Mayer explicou o motivo dessa divisão. “Conforme o entretenimento se fragmenta em pequenos pedaços, o conceito dos shows precisa mudar um pouco. Passamos horas assistindo a quatro episódios de uma série, mas, se eu disser para você assistir a um filme de cinco horas de duração, você vai dizer que ele é muito longo”, argumentou.
E para o bem ou mal, o público pode curtir todos os formatos ou simplesmente escolher o que mais lhe agrada. O guitarrista, na minha opinião, se sai muito melhor, mais técnico, à vontade e dedicado no formato power trio, batizado com John Mayer Trio, quando tem a companhia de dois músicos de alto nível.
Acompanham o guitarrista, o baterista Steve Jordan, que gravou todos os discos solos de Keith Richards e substituiu Charlie Watts em algumas faixas do disco Dirty Work, dos Rolling Stones, além do baixista Pino Palladino, integrante fixo do The Who e que dividiu estúdio e palcos com Elton John, David Gilmour, Phil Collins, Adele entre outros.
No momento power trio, Mayer homenageou dois dos grandes nomes do blues do Mississippi, Pinetop Perkins e Robert Johnson, com belas versões de Everyday I Have the Blues e Cross Road Blues, respectivamente.
O pequeno set nesse formato incluiu ainda Who Did You Think I Was?, gravada pelo seu trio, e Vultures, composição própria. A sensação que dá quando ele encerra essa etapa da apresentação é de um gostinho de quero mais. Técnica e conhecimento o guitarrista tem, mas parece preso numa fórmula na qual precisa agradar vários públicos distintos. Imagine uma canja dessa no Bourbon Street ou algum outro clube de blues e jazz. Faria bonito!
Vale ressaltar que Mayer já se apresentou ao lado de nomes consagrados como Eric Clapton, BB King e Buddy Guy, além de ter excursionado com o Dead & Company, que reúne ex-integrantes do Grateful Dead. Isso é importante para apresentar o músico aos mais leigos, que pensam tratar apenas de mais um bonitão fazendo pop rock sem graça.
As outras três partes do show de Mayer consistem em banda completa, acústico e mais uma sequência com todos os integrantes. E, seguindo a fórmula da divisão, o americano se sai muito bem com as faixas do seu último trabalho, mesmo que isso signifique cortar dois dos três singles de The Search of Everything. Love on the Weekend e Still Feel Like Your Man ficaram de fora. In the Blood, Changing, Emoji of a Wave, Helpless e Moving On and Getting Over assumem o papel de carro-chefe do disco, o mais representativo no show.
Das cinco canções do seu último disco, apenas uma não foi executada no formato com a banda completa: Emoji of a Wave, que abre o set acústico, somente no violão e voz, garantindo um momento emocionante para os fãs.
A sequência desplugada ainda contou com uma bela versão de Daughters, do disco Heavier Things, o segundo de estúdio de sua carreira, além da cover de Free Fallin’, de Tom Petty, que faleceu recentemente. Canção presente na turnê quase desde o início, ela foi executada pela primeira vez desde o falecimento do compatriota de Mayer.
Em cena, Mayer, que completou 40 anos na última segunda-feira, parecia muito feliz. Conversou com o público, declarou seu amor por São Paulo, recebeu um coro de Parabéns das fãs e arrancou muitos gritos (chatos, por sinal) quando decidiu experimentar a sarrada no ar, dancinha que ficou famosa com o funk do paulistano MC Crash.
A turnê de Mayer ainda passa por Belo Horizonte, na Esplanada do Mineirão, hoje, em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski, no domingo, em Porto Alegre, no Anfiteatro Beira Rio, na terça, e no Rio de Janeiro, na Jeunesse Arena, na próxima sexta-feira.
Rodrigo y Gabriela abriu a noite de John Mayer
Antes de John Mayer subir ao palco, a dupla mexicana Rodrigo y Gabriela entreteve o público com um set curto de 30 minutos.
Em sua segunda passagem pelo País, o duo apresentou seu repertório autoral e instrumental, quase sem tempo para falar entre as canções. Foram apenas duas entradas. Na primeira, Gabriela agradeceu o público por chegar mais cedo, falando em português. Rodrigo, que fez o mesmo no fim da apresentação, se enrolou com os idiomas, completando uma frase trilíngue: inglês, português e espanhol.
Fotos: Manuela Scarpa / Agência Brazil News
Repertório de John Mayer
Capítulo 1: Full Band
Helpless
Moving On and Getting Over
Something Like Olivia
Changing
Why Georgia / No Such Thing
Capítulo 2: Acústico
Emoji of a Wave
Daughters
Free Fallin’
Capítulo 3: Trio
Every Day I Have the Blues
Cross Road Blues
Who Did You Think I Was
Vultures
Capítulo 4: Full Band (Reprise)
Queen of California
In the Blood
Slow Dancing in a Burning Room
Who Says
Dear Marie
Bis:
Waiting on the World to Change
Gravity