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SÃO PAULO, SP, 10.11.2018 - SOLID-ROCK - Alice in Chains durante apresentação no festival Solid Rock, realizado no estádio Allianz Parque, zona oeste da cidade de São Paulo, na noite deste sábado, 10. (Foto: Flávio Hopp/Folhapress)

Resenha de Shows

Alice in Chains: 25 anos depois, Dirt segue como o auge do repertório

Foto: Flavio Hopp / Folhapress

A primeira vez que assisti a um show do Alice in Chains (pela TV) foi em 1993. A banda foi co-headliner da noite inaugural do Hollywood Rock, em São Paulo e Rio de Janeiro, tocando antes do Red Hot Chili Peppers. Àquela altura, o mundo era invadido por uma onda grunge, ops, bandas de Seattle (melhor assim). O Hollywood Rock atento a isso investiu em dois dos quatro nomes mais marcantes, Alice in Chains e Nirvana.

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As duas chegaram em alta, a segunda mais ainda. Kurt Cobain e companhia estavam curtindo a reta final da turnê de divulgação do clássico Nevermind, que rendeu disco de platina até no Brasil (eita tempo bom). O Alice in Chains veio com o recém-lançado Dirt, segundo disco de estúdio e responsável por fazer a banda estourar mundialmente. O reconhecimento primeiro veio pela crítica, depois com os hits nas rádios e MTV, talvez por isso não tenha chegado tão forte como o Nirvana.

Mas os participantes de Seattle no Hollywood Rock deixaram duas lembranças fortes para mim, um garoto de 8 anos à época: 1. Como uma banda tão aguardada (Nirvana) poderia estragar um show que tinha tudo para ser perfeito; 2. Como uma banda poderia ser tão impactante (Alice in Chains) em meio a nomes como Red Hot Chili Peppers, L7, Nirvana, entre outros.

Desde então, aguardei por longos anos a chance de ver os caras ao vivo. Tive outras duas oportunidades no Brasil (2011 – SWU e 2013 – Rock in Rio), ambas ignoradas por motivos aleatórios que não me recordo. Entretanto, muita coisa mudou desde o show de 1993. A principal delas foi a mudança de vocalista. Layne Staley (falecido em 2002) foi substituído por William DuVall, em 2006. O baixista Mike Starr fora demitido logo após os shows no Brasil. Seu sucessor segue até hoje, Mike Inez. A intenção de ver a banda, no entanto, não mudou. 

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O nariz de cera (jargão jornalístico para a enrolação inicial no texto) proposital tem ligação com o atual show do Alice in Chains, apresentado no sábado (10), na segunda edição do Solid Rock, no Allianz Parque, em São Paulo.

Dirt, o álbum que trouxe o Alice in Chains ao Brasil pela primeira vez, segue atual e com a mesma importância no repertório da banda. Seis das 15 faixas apresentadas são desse registro de 1992: Angry Chair, Dam That River, Down in a Hole, Rooster, Them Bones e Would?. Além delas, Man in the Box e We Die Young, ambas do debute, Facelift, também foram tocadas. Resumo da coisa toda: mais da metade do set foi oriundo dos tempos de Hollywood Rock. Tem como não ser especial?

Por um lado chega a ser estranho que a banda ainda tenha que se prender aos velhos hits (bom pra mim, pelo menos). William DuVall já gravou a mesma quantidade de discos que Staley (3), nenhum sucesso comercial, mas com boa aceitação da crítica especializada.

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Rainier Fog, lançado em agosto último, apareceu com dois dos três singles no repertório: Never Fade e The One You Know. Nenhuma das músicas foi tão bem recebida como os sucessos velhos. Longe disso, passaram sem deixar saudade. Isso explica a predileção por Dirt e Facelift.

DuVall em sua terceira com o Alice in Chains no Brasil já demonstra estar mais à vontade no palco. Além de mostrar uma presença de palco mais marcante e impor sua própria cara nas faixas antigas, o vocalista também se comunicou mais com os fãs. Antes da terceira canção do set, conversou rapidamente em português: “E aí, galera! Muito bom estar de volta, essa música se chama Never Fade“.

O tal estranhamento do lineup, o qual mutos fãs disseram não entender a lógica de colocar Alice in Chains e Judas Priest no mesmo palco, também ficou para trás. Quem estava na pista premium sentiu a mesma empolgação nos dois shows. A quantidade de camisetas das bandas também chamava a atenção.

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Se levarmos em consideração as opiniões dos integrantes, nada estava errado mesmo. “Eu nunca pensei que o Soundgarden soasse como o Alice in Chains, ou o Pearl Jam soasse como o Nirvana. Acho que foi apenas uma espécie de estranha confluência de energias no noroeste do Pacífico, apenas tocando e tocando na chuva, e foi isso que saiu disso”, declarou o baixista, Mike Inez, em entrevista para o site Metal Wani.

O guitarrista e fundador do Alice in Chains, Jerry Cantrell, vai ainda mais além no discurso: “A maioria das coisas que fazíamos quando começamos era inspirada pelo rock inglês clássico, mas também ouvíamos bandas americanas como Van Halen e Aerosmith. Uma grande influência foi o AC/DC. Mas também gostávamos de Iron Maiden, Judas Priest, Scorpions, Pink Floyd, Led Zeppellin”, argumentou em entrevista para o UOL, em 2013.

Para uma próxima turnê por aqui, espero ver mais faixas da fase com DuVall no set. É evidente que uma boa parte de Dirt e Facelift jamais será esquecida, mas o equilíbrio já pode proporcionar uma experiência nova, atualizada e tão forte quanto aos últimos shows por aqui.

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