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Eddie Vedder abre turnê solo no Brasil com show generoso

Por Carlota Cafiero

É sabido que Eddie Vedder sempre foi um cara tímido. Isso é perceptível desde o início da carreira do líder do Pearl Jam, há mais de 20 anos. Na década de 90, o jeito dele manejar a energia e atenção do público era dependurar-se no alto da estrutura do palco, a vários metros, e jogar-se sobre a plateia. Mas, naquela época, ele era um garoto com pouco mais de 20 anos de idade.

Agora um homem maduro, em bem-sucedida carreira solo com ênfase na folk music e dois premiados álbuns lançados – Into the Wild (2007) e Ukulele Songs (2011) –, Vedder criou um personagem engraçado sobre o palco: uma espécie de cientista-músico maluco que toca de tudo um pouco (ukulele, violão, guitarra, gaita e até pads de bateria com os pés) como se fizesse experimentações em laboratório.

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Na última terça-feira (6), em São Paulo, ele abriu a turnê solo – que ainda era inédita no Brasil – no Citibank Hall, com um show de quase três horas de duração, no qual repassou várias canções dos dois discos que assina sozinho e de sucessos do Pearl Jam, e ainda incluiu covers de compositores e grupos que o influenciaram, como o canadense Neil Young (The Needle and the Damage Done) e a banda de punk rock Ramones (I Believe in Miracles).

Glen Hansard
A abertura da noite ficou por conta do cantor, compositor, violonista e ator irlandês Glen Hansard, rosto conhecido do filme Apenas Uma Vez (Once), de 2007. O ruivo – que também canta na banda The Frames – apresentou canções dos dois álbuns da carreira solo: The Swell Season (2010) e Rhythm and Repose (2012).

Na preparação do palco para Vedder, roadies de jaleco branco testaram os instrumentos – entre eles, um órgão que parecia peça de museu, que o vocalista tocou em uma espécie de vinheta experimental. Uma das assistentes do palco-laboratório avisou: “Não sejam babacas. Não assistam ao show por meio de celulares”, reforçando (sem muito sucesso) avisos para não filmar ou fotografar.

O cantor norte-americano entrou em cena vestindo jeans, camiseta e camisa xadrez, sob pouca luz e ovação dos fãs – que se levantaram das cadeiras e gritaram em coro “Eddie, Eddie”. Ele andou de um lado a outro olhando, incrédulo e encabulado, a plateia com mais de 7 mil pessoas – número que se repetiu ontem e se repetirá hoje, no último show na Capital, antes do músico partir para o Citibank Hall do Rio de Janeiro, para shows com ingressos esgotados no domingo e próxima segunda-feira.

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Sem falar nada, Vedder sentou-se, pegou o ukulele (o irmão havaiano do cavaquinho) e abriu com uma balada curta (The Moon Song, de Karen O, do Yeah Yeah Yeahs), emendada na eletrizante Can’t Keep, primeiro do romântico e introspectivo Ukulele Songs – indicado ao Grammy de Melhor Álbum Folk de 2011.

Em seguida, tocou baladas do mesmo disco, como Without You, Sleeping By Myself e More Than You Know, antes de atacar de Pearl Jam – Sometimes, do álbum No Code, em versão acelerada na guitarra.

Só então ele deu pausa para falar com o público, lendo com voz forçadamente rouca e frágil como a de um velhinho, arrancando risos e aplausos: “Como vocês podem ver, o meu português é uma merda. Então, eu vou falar muito pouco hoje. Na próxima vez eu vou para a escola aprender seu bonito idioma”. A partir daí, fez várias pausas para brincar com o público, em inglês, bem ao estilo tiozão.

Depois, cantou músicas mais conhecidas dos fãs, do disco Into The Wild, trilha sonora do filme Na Natureza Selvagem: Far Behind, No Celling, Rise, Garanteed (ganhadora do Globo de Ouro de Melhor Canção Original).

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Sobre Skate
Vedder demorou para atender aos pedidos esgoelados dos fãs, e deu uma desculpa: “Meu trabalho me deixou surdo. Então, além de não escutá-los, não vejo nada daqui”, disse, antes de mandar uma versão de Better Man, do Pearl Jam, que ficou quase irreconhecível ao violão.

Ao longo de quase três horas, o músico entrou e saiu do palco algumas vezes, andando de um jeito atrapalhado. Em um dos retornos, veio deslizando sobre um skate antes de tocar Just Breathe e Nothing Man (do Pearl Jam).

Ao final do show, Vedder convidou Glen Hansard para dividir com ele os violões e vocais de Sleepless Nights (de Ukulele Songs), Society (Into the Wild) e Falling Slowly (de Glen Hansard). O encerramento não poderia deixar de ser com mais uma de Into the Wild, a épica Hard Sun, tendo como cenário a projeção de um lindo pôr de sol. Com show tão generoso e vigoroso, Vedder até esqueceu da timidez – e nós também, quase.

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