O Lollapalooza Brasil encerrou sua quinta edição no último domingo à noite com uma lição e tanto para cima do Rock in Rio, seu principal concorrente no País: é possível ser ousado na escalação das atrações principais, sem ter que usar pesos pesados como headliner. Se o evento carioca apostou em nomes como Queen, Metallica, Rod Stewart, Rihanna e Katy Perry para compor o topo de suas datas na última edição, o Lollapalooza sempre encontra um jeito de apresentar artistas bons, novos e em evidência para tal posto.
Florence + The Machine tem hits, é badalada em várias partes do mundo, mas não chega a ser um nome tão forte no Brasil. Nada disso, no entanto, atrapalhou os planos do Lollapalooza. Cerca de 75 mil pessoas foram ao Autódromo de Interlagos no domingo, sendo que boa parte dos fãs correu para o palco Skol, o principal do evento, na hora da apresentação da inglesa.
Fotos: Camila Cara / Divulgação
Se olharmos para as últimas edições do festival, Arctic Monkeys (2012), Black Keys (2013), Muse (2014) e Jack White (2015) foram alguns dos nomes colocados como headliners no palco principal. São grupos com público e hits, mas todos com histórias recentes, iniciadas na última década. O Black Keys, talvez, tenha sido a única bola fora do evento. Até hoje não chega a ser um grande nome por aqui, diferentemente dos outros citados.
Florence + The Machine iniciou sua carreira em 2007, lançou o primeiro álbum, Lungs, em 2009, e chegou ao Brasil pela primeira vez em 2011, quando se apresentou em São Paulo, Rio e Florianópolis.
O grupo inglês retornou ao Brasil em 2013, quando abriu para o Muse em uma das noites mais alternativas da história do Rock in Rio. Logo após a apresentação, os dois álbuns lançados pela Florence, Lungs e Ceremonials, subiram direto para o Top 10 do iTunes Brasil.
Esclarecido isso, fica fácil entender por que o público paulistano curtiu tanto o show de Florence no domingo. A inglesa, de 29 anos, tem o público na mão. Pediu para os fãs rodarem as camisas, se abraçarem e ajudar no canto, tudo correspondido.
A bela voz da artista é uma de suas principais armas e, ao vivo, não deixou a desejar em nenhum momento. Manteve a técnica superapurada, não fez uso de playback, conversou com os fãs e mostrou uma performance muito interessante, mesmo com a forte chuva.
O repertório de Florence foi bem equilibrado, com faixas dos três discos, com uma leve vantagem para How Big, How Blue, How Beautiful, lançado ano passado. Desse trabalho, a inglesa cantou Ship to Wreck, Delilah, Queen of Peace, What Kind of Man, além da faixa-título. Todas muito bem recebidas pelos fãs.
“Eu acho que na última vez que vim, essa música não tinha sido escrita. Ela foi muito importante para mim e quero que seja para vocês também agora”, disse, falando de How Big, How Blue, How Beautiful.
Uma releitura mais lenta de Sweet Nothing, canção gravada com o badalado DJ Calvin Harris, também agradou ao público. O momento mais forte, no entanto, foi com Dog Days Are Over, de Lungs, seu álbum de estreia. Parecia o final perfeito da apresentação. Mas a cantora ainda retornou para um bis com What Kind of a Man e Drumming Song, ambas recebidas com frieza.
Planet Hemp
Chamado de última hora para o lugar do norte-americano Snoop Dogg, o Planet Hemp fez bonito no palco AXE, no mesmo instante em que Florence comandava a festa.
Tocou seus principais sucessos, fez jam com João Gordo (Ratos de Porão) e uma série de discursos políticos contra a corrupção. No fim, um telão mostrou a destruição do Congresso Nacional.
Ainda teve espaço para brincar com a escalação de última hora: “Sem Snoop e com (Bob) Marley morto, qual maconheiro sobrou? Chamaram o Planet Hemp”, disse Marcelo D2.