ALEXANDRE SALDANHA (Colaborador)
Eram quase duas da manhã da segunda de Carnaval quando as cortinas do Jokers Pub, em Curitiba, quase lotado se abriram para a atração mais aguardada do Psycho Carnival. Sem apresentações ou blá-blá-blá, o Guana Batz começou a introdução tribal de Bring My Cadillac Back, do disco Rough Edges, de 1988. No ano seguinte, o quarteto viria pela primeira, e até então, única vez ao Brasil. “Faz 27 anos. Tempo demais”, lamentou o vocalista Pip Hancox antes de chamar Love Generator, que veio logo na sequência.
Na primeira fila, dezenas de mulheres babavam pelo vocalista que exibia seu corpo musculoso coberto de tatuagens. O jovem baterista Jared Hren – que provavelmente não era nascido no primeiro show do Guana Batz no Brasil – conduziu o ritmo acelerado do set, sempre com um sorriso no rosto. Na verdade, a banda toda estava claramente feliz de estar ali.
Entre clássicos como I’m On Fire, You’re My Baby, Electra Glide in Blue e Loan Shark também teve espaço para a inesperada balada Wonderous Place, lançada no disco de 1990, Electra Glide in Blue. Para encerrar – “já é quase dia”, brincava o guitarrista Stuart Osborne, único remanescente da formação original, ao lado de Pip – a agressiva King Rat.
Ao longo de quatro dias, o Psycho Carnival levou a Curitiba bandas consagradas do psychobilly como os russos do Meantraitos, Cenobites (Holanda) e os locais Ovos Presley e Sick Sick Sinners, além de novidades como os paraguaios Luizons e britânicos Surf Rats.
Paralelamente, o Curitiba Rock Carnival trazia atrações mais variadas – e até um pouco confusas. O metal melódico do Semblant tocando no mesmo dia que o Death (EUA), considerados os pioneiros do punk, e as viagens à Pink Floyd do Ruído/mm. O festival diurno também teve boas surpresas como os argentinos Los Frenéticos, Frantic Flintstones (Reino Unido) e Spellbound, que fez sua estreia em terras paranaenses, depois de uma mini turnê brasileira que passou por Santos.