O verão acaba na próxima quinta-feira e talvez pensando nisso, o músico e surfista havaiano Jack Johnson veio ao Brasil para encerrar a temporada dos shows que possuem aquela cara de luau, algo bem característico nesta época do ano. Na noite de sexta-feira, o Espaço das Américas, em São Paulo, mais parecia o litoral brasileiro. No lugar das calças, vestimenta mais comum na noite paulistana, os homens optaram por bermudas. As mulheres, em sua maioria, estavam com sandálias e vestidinhos.
A mudança de visual tinha tudo a ver com a apresentação de Jack Johnson, um dos músicos mais boas-praças do mundo, que durante quase todo o show toca suas composições no violão. Em poucos momentos, o artista opta pela guitarra ou o ukulele. A estratégia funciona bem. Eram 8 mil fãs na casa, mas a sensação era de estar assistindo ao show em um barzinho na praia de Santos ou mesmo numa barraca de praia.
Doze anos após o lançamento do seu álbum de estreia, Brushfire Fairytales, Johnson retornou ao Brasil pela terceira vez. Na bagagem, trouxe mais hits novos para os fãs. Washing Dishes, do trabalho From Here to Now to You, de 2013, abriu a apresentação. I Got You também foi executada.
Mas o havaiano soube equilibrar bem o repertório. Procurou não deixar nenhum grande hit de fora da lista. Tocou Sitting, Waiting, Wishing, Upside Down, Flake, Good People, Taylor e Times Like These, todas cantadas em uníssono pelo público.
O que mais chamou a atenção é a simplicidade do músico. Atendeu pedidos dos cartazes erguidos pelos fãs e não pensou duas vezes na hora de agradar. Em um dos momentos mais comemorados pelo público, Johnson chamou o paulistano Hugo Leonardo de Carvalho, 22 anos, para tocar e cantar uma canção com ele.
Carvalho era um dos mais vibrantes na frente do palco. Chamou a atenção dos fotógrafos com um cartaz duplo, carregado junto com um amigo, no qual dizia saber tocar todas as músicas do havaiano e uma foto deles abraçados no show do Rio de Janeiro, em 2011. A estratégia funcionou.
Em outra parte da apresentação, Johnson tocou Constellations, do álbum In Between Dreams, que não costuma ser executada. Foram apenas 45 vezes nos últimos 230 shows, segundo estatísticas do site Setlist.fm.
A canção entrou no repertório por um pedido de uma fã. Ela fez um cartaz com uma mensagem muito grande. Paciente, o músico leu e avisou: “Não costumo tocar Constellations, mas dedico para o seu cachorro”, disse à fã, que perdeu o pet recentemente, após 18 anos de vida.
Johnson também gosta de fazer medleys (pot-pourri) durante o show. Sempre que pode, aproveita a base de suas músicas para fazer referências aos seus ídolos e homenagear artistas locais. No Espaço das Américas, em dois momentos, lembrou Jorge Ben Jor, com Umbabarauma (Homem Gol) e Mas Que Nada.
Também teve espaço para os Ramones. Sempre mantendo o seu estilo, algo que transita entre a surf music e o folk, Johnson tocou ainda uma parte de I Wanna be Your Boyfriend, uma das mais belas faixas do grupo de punk rock nova-iorquino.
A banda de apoio do havaiano também se destaca. O multi-instrumentista Zach Gill, por exemplo, toca escaletas, acordeão, piano e canta. Em menor escala, o baixista Merlo Podlewski também participa dando uma palhinha rápida no vocal.
Fotos: Isabela Carrari
Vídeos (via YouTube)
Upside Down
Belle / Banana Pancakes
Angel / Better Together
Taylor
I Got You