A marcante voz do Led Zeppelin já não é mais a mesma, mas o britânico Robert Plant sabe muito bem contornar isso. Pouco mais de dois anos após sua última passagem pelo Brasil, o músico tocou para um público maior, mas com um set menor. Foram 12 músicas, sendo boa parte delas da carreira da clássica banda.
Foi, provavelmente, o show que mais arrastou fãs para frente do palco. De acordo com a produção do Lollapalooza, o primeiro dia recebeu 66 mil pessoas. Mais da metade estava lá cantando os hinos do Led Zeppelin.
Acompanhado da The Sensational Space Shifters, Robert Plant revisitou hits do Led Zeppelin, mas apresentando versões quase acústicas ou sem o peso de antigamente. A estratégia é muito clara, adaptar aos padrões vocais dos dias de hoje. Aos 66 anos, o vocalista não consegue mais alcançar algumas notas.
Quem conhece o Led Zeppelin, sabe que Plant nunca poupou sua voz. Seus gritos são marcantes, uma marca registrada. Mas ouvir versões adaptadas de Black Dog, Going to California, Whole Lotta Love e Rock and Roll, que encerrou a apresentação, não parecem ter desagradado o público. Os fãs vibraram e tentaram acompanhar no ritmo novo.
Já que não pretende se reunir novamente com o Led Zeppelin (já recusou propostas milionárias), o show solo de Plant acaba sendo a saída para os fãs mais saudosistas.
Spoonful, do bluesman Willie Dixon, também agradou. Ganhou solos extras e abriu espaço para os excelentes músicos da Sensational Space Shifters mostrarem todo o talento.
Diferentemente de outras grandes estrelas do rock, Plant faz questão de abrir o palco para os seus músicos de apoio brilharem. Uma postura que lembra muito Bruce Springsteen, que também é acompanhado por artistas bem técnicos.
Do último álbum solo, Lullaby and… The Ceasless Roar, de 2014, Plant tocou Turn it Up. A canção quase passou batida pelo público, muito em função da sonoridade, que nada lembra o Led Zeppelin. Mas nada que tirasse o ânimo dos fãs.
Com ou sem Led Zeppelin, o público mal pode esperar por um retorno breve do músico. E ele deixou isso em aberto no final da apresentação: “Vejo vocês em breve”, disse.