O Smashing Pumpkins foi um estranho no ninho na segunda noite da quarta edição nacional do Lollapalooza. Em meio a shows de artistas do eletrônico e pop, tais como Calvin Harris, Steve Aoki e Pharrell Williams, o líder da banda, Billy Corgan, não esperava muita coisa do público.
Soma-se a isso o fato que as últimas semanas não foram fáceis para o músico, que deixou em aberto uma sequência da carreira da banda. Em entrevista no Peru, Corgan admitiu que vai repensar os Pumpkins no final do ano.
Com uma formação montada recentemente, a expectativa também não era das melhores. Muitos fãs se queixavam que a banda viria frágil para o Brasil. Comemorar o aniversário na estrada também não pareceu algo muito bom para o líder dos Pumpkins, que fez um desabafo.
“Não quero parecer triste, mas meu gato morreu enquanto eu já estava na América do Sul. Estou muito triste”, disse visivelmente emocionado. Na plateia, uma fã levantou um gato de pelúcia para o músico, que brincou: “Esse não é o meu gato”, arrancando risos do público.
Triste, carente e descrente do futuro da banda, Corgan contrastava completamente do fenômeno pop da atualidade, Pharrell Williams, que subiu ao palco principal no mesmo horário.
Mas Corgan não é um músico qualquer. Sua jornada de mais de 20 anos como líder do Smashing Pumpkins lhe deu forças para superar o momento e entregar uma das melhores apresentações do grupo no Brasil. E isso não é pouca coisa. Esta foi a quarta vez no País, a terceira em festivais. Antes, tocou no Hollywood Rock (1996), Planeta Terra (2010), além de apresentações solos em São Paulo e Rio de Janeiro (1998).
A atual banda conta com o baterista Brad Wilk (Rage Against the Machine) e o baixista Mark Stoermer (The Killers), que tocam as canções com perfeição e garantem um status de supergrupo. Muito provavelmente a melhor formação dos últimos anos.
O repertório também agradou em cheio. Tonight Tonight, 1979, Disarm, Ava Adore, Bullet With Butterfly Wings, que representam o melhor momento da carreira do Smashing Pumpkins, em meados dos anos 1990, marcaram presença no set.
Após o término do primeiro momento do show, os integrantes deixaram o palco. Somente Corgan retornou. Antes de iniciar seu último ato, com a bela Today, apenas no violão e voz, o músico foi surpreendido com uma queima de fogos, que marcava o término da apresentação de Pharrell Williams, com o hit do ano passado, Happy.
Corgan exitou em iniciar a canção, brincou que havia ficado chateado, mas se manteve no palco. Enquanto os fogos estouravam, o fundador da banda se despedia da melhor forma possível. Ele parecia não querer deixar o palco. Precisava do carinho dos fãs tanto quanto o público necessitava de mais doses de rock de verdade, algo que faltou no segundo dia do Lollapalooza. Somente uma banda muito acostumada com grandes festivais poderia fazer isso.
Fotos: I Hate Flash / Divulgação
