Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana, nem mencionou. Mas exatos 18 anos e dois dias após o suicídio de Kurt Cobain, vocalista da primeira banda de Grohl, o líder do Foo Fighters era a principal atração de um grande festival em São Paulo. A última vez de Grohl em São Paulo havia sido em 1993. Na ocasião ele também era a atração principal de um festival.
No Hollywood Rock, no entanto, Grohl era um coadjuvante da atração principal. Os holofotes estavam todos em cima de Kurt Cobain e sua apresentação caótica, totalmente drogado, com baby doll e rastejando pelo palco.
O Foo Fighters foi montado em 1995, um ano após a morte de Cobain. E o até então baterista do Nirvana tentava seguir uma nova vida. Levar adiante o aprendizado que sua primeira banda lhe proporcionou, mas fugir da sombra do rei do grunge.
Hoje, 17 anos depois, Grohl não conseguiu apenas fugir das comparações. Ele é um dos maiores ícones da atual geração. E faz por merecer.
São sete álbuns de estúdio, dezenas de hits, vídeos engraçadíssimos e apresentações históricas. Um legado que ao menos em quantidade já supera o Nirvana.
No palco, nem o problema na garganta, que fez o vocalista cancelar algumas apresentações na Ásia e prejudicou seu desempenho na Argentina, parecia obstáculo. Os tradicionais gritos de Grohl serviram para mostrar a plena recuperação do frontman.
O repertório equilibrado, com um pouco de cada álbum, agradou em cheio o público. All My Life, My Hero, Learn to Fly, Breakout, Big Me, Best of You, Everlong e Monkey Wrench foram cantadas em uníssono pelos fãs.
Chama a atenção, no entanto, o desconhecimento de boa parte do público aos hits dos álbuns Foo Fighters, The Colour and the Shape e There is Nothing Left to Lose, os três primeiros da carreira. Mas isso é reflexo da popularização recente da banda.
Ao meu lado, algumas pessoas comparavam a apresentação de Grohl com shows da Shakira, U2, Bruno Mars entre outros. Nada contra, apenas uma constatação do desânimo de boa parte dos fãs durante a apresentação.
No palco, o titio da banda, Pat Smear, aos 52 anos, deu um show à parte. Ex-integrante do grupo punk Germs, ele quebrou duas guitarras durante a apresentação e fez caras e bocas o tempo todo.
Duas horas após o início do show, Grohl e companhia vão para o backstage. Retornam, tocam mais três músicas e preparam o campo para o grande encontro. A roqueira Joan Jett sobe ao palco para duas músicas: Bad Reputation e I Love Rock and Roll. Se o jogo já estava ganho, com Joan no palco virou goleada.
Um singelo pedido de desculpas pela demora em desembarcar em São Paulo (apesar de ser a segunda vez do Foo Fighters no Brasil, a primeira, em 2001, teve apenas um show no Rock in Rio), Grohl promete um retorno breve e encerra a apresentação com um dos maiores clássicos da banda: Everlong.
Setlist:
1 – All My Life
2 – Times Like These
3 – Rope
4 – The Pretender
5 – My Hero
6 – Learn to Fly
7 – White Limo
8 – Arlandria
9 – Breakout
10 – Cold Day in the Sun
11 – Long Road to Ruin
12 – Big Me
13 – Stacked Actors
14 – Walk
15 – Generator
16 – Monkey Wrench
17 – Hey, Johnny Park!
18 – This is a Call
19 – In the Flesh? (Pink Floyd cover)
20 – Best of You
Bis
21 – Enough Space
22 – For All the Cows
23 – Dear Rosemary
24 – Bad Reputation (Joan Jett cover)
25 – I Love Rock ‘n’ Roll (Joan Jett cover)
26 – Everlong