O Clash Club, na Barra Funda, foi o palco escolhido para o show de Richie Ramone em São Paulo. Seis anos antes, o local marcou a volta de Richie ao Brasil, quando fez shows ao lado de Mickey Leigh, irmão de Joey Ramone.
Em turnê pela América Latina (intitulada ¡Hey! ¡Ho! ¡Vámonos!), o músico segue divulgando seu recém-lançado Cellophane e, além de uma tarde de autógrafos em São Paulo, Richie ainda tem shows marcados em Curitiba (Jokers, 01/09), São José dos Campos (Dunluce Irish Pub, 02/09), Belo Horizonte (Distrital, 03/09) e Nova Odessa (No Canto Bar, 04/09).
Leia entrevista com Richie Ramone para o Blog n’ Roll
Ainda com a casa vazia e desfalcados do baixista Abutre, os Subviventes fizeram um show curto com músicas de seu disco mais recente, Depende de Onde Olhar, e clássicos do repertório do quarteto de Santo André como Liberdade Proletária.
Ganhando espaço na cena roqueira de São Paulo, o Corazones Muertos mostrou seu punk rock glam, com destaque para o baterista Jeff Molina. Mesmo com o vocal embolado, a banda fez um show certeiro, apesar do pouco público presente. Para fechar a apresentação, eles apostaram nas autorais Death & Glory, Don’t Kill Rock n’ Roll e Sonic Reducer dos Dead Boys, com o baixista Arthur Ghoulcev assumindo o vocal.
Os brasilienses do Madrenegra causaram olhares tortos ao subirem no palco de uma noite punk rock com seus bonés de aba reta e as letras aceleradas do vocalista Marcelino. Pouco a pouco, a banda foi conquistando o público com músicas como Profecia de Mendigo que misturam vocal de rap e instrumental passando por hardcore, ska e metal. A banda é um meio termo entre Charlie Brown Jr. e Rage Against the Machine.
Quase podemos dizer que o show do Dillinger, de Uberlândia, pode ser dividido em duas partes totalmente distintas. O que começou fraco, ganhou força com Nós 3, do Tequila Baby, que fez algumas pessoas cantarem junto o refrão. Com a entrada de Gabriel Thomaz na terceira música, parecia que havia trocado de banda, virando uma boa banda cover de Autoramas versão luxo.
O set continuou com Jogos Olímpicos, Você Sabe e uma versão de The KKK Took My Baby Away (“Tocar Ramones é a melhor coisa do mundo. É bom e é fácil”, brincou Gabriel). Érika Martins se juntou à banda para cantar três faixas do disco O Futuro dos Autoramas, Quando a Polícia Chegar, Rolo Compressor e Be My Baby (Ronettes). A banda ainda tocou Rei da Implicância e Surfin’ Bird, que fechou a apresentação.
Passava das 21h, quando o telão no fundo do palco começou a exibir o clipe de I Fix This, primeiro single de Cellophane, recém-lançado clipe de Richie Ramone. Com cerca de metade da lotação do Clash Club, deu início ao show como deve ter feito na maioria das noites entre 1983 e 1987: 1-2-3-4 e Durango 95.
O músico se alternou entre as funções de baterista, bateria com backing vocals (Wart Hog soou como na época dos Ramones) e de vocalista (com guitarrista Ben Wah Reagan assumindo as baquetas). Ao contrário das apresentações de 2010 e 2012, o baterista parecia mais sóbrio e animado com o show.
Em pouco de mais de uma hora de show, Richie mesclou clássicos de sua ex-banda- como a sua Somebody Put Something In My Drink, Animal Boy, Blitzkrieg Bop e I Just Wanna Have Something to Do – com novidades lançadas em seus dois discos solo – Entitled e a arrastada Better Than Me de Entitled (2013) e Pretty Poison, I Fix This e Braggadocio, de Cellophane.
Surpreendentemente, uma das mais cantadas foi Enjoy the Silence, cover do Depache Mode que Richie gravou em seu último disco solo. Can’t Say Anything Nice foi um esperado lado B do período em que ele fez parte dos Ramones e agradou aos fãs presentes. Logo na sequência, lançou uma sequência da fase Tommy Ramone: I Wanna Be Well, Loudmouth e Sheena Is A Punk Rocker.
Richie começou o bis com o maior lado B dos Ramones: Elevator Operator. Bem, quase começou. Ainda nos primeiros acordes, ele gritou com o roadie (“Get the fuck outta here!”) e mandou a banda voltar ao início da música. Para fechar a noite, escolheu outra do primeiro disco, Havana Affair. Após o show, a baixista Clare Misstake assumiu a banquinha de merchandising, enquanto o astro da noite se misturou à multidão para tirar fotos e dar autógrafos. Ah, se fosse o Marky…
Fotos: Alexandre Saldanha