Foto: Marcello Fim / Folhapress
Desde a primeira vez que a extinta banda inglesa Oasis veio ao Brasil, em 1998, para divulgar o terceiro disco, Be Here Now, a crítica é sempre a mesma: show morno, presença de palco aquém do esperado e repertório batido. A mesma reclamação dos críticos se seguiu com os projetos solos de Liam e Noel Gallagher.
Na quinta-feira, Noel retornou a São Paulo, pouco mais de um ano depois de abrir os shows do U2 aqui. O palco da vez foi a Arena Anhembi, o mesmo que o ex-guitarrista do Oasis dividiu com a sensação californiana Foster The People, no Summer Break Festival.
Comparado com os shows do ano passado, poucas mudanças. Como era a atração principal dessa vez, Noel aproveitou melhor sua 1h30 de apresentação, incluindo sete músicas a mais no repertório. Foram cinco faixas da carreira solo, uma do Oasis e outra dos Beatles.
Presença de palco, nunca esperei nada diferente do que vi na quinta. A queixa vale mais para a escolha dos sons do Oasis. Das cinco apresentadas no show de 19 de outubro de 2017, Noel repetiu quatro: Wonderwall, Don’t Look Back in Anger, Little by Little e Half the World Away. Deixou a bela Champagne Supernova de fora. Compensou, entretanto, com Whatever e Go Let it Out.
Para um integrante-chave de uma das maiores bandas de rock dos últimos 30 anos, Noel deixa a desejar na hora de ousar na escolha do repertório. Mas precisamos dar um desconto que o músico possui uma carreira solo relevante. Talvez coloque o que considera básico do Oasis e se dedica mais aos seus discos com o High Flying Birds, sua atual banda.
Prova desse carinho maior com a atual fase é demonstrada na força do disco Who Built the Moon? na setlist. Se no ano passado, pouco depois de lançar o álbum, apenas Holy Mountain foi lembrada, o atual show mostrou um cenário bem distinto. Foram seis canções listadas: Fort Knox, Holy Mountain, It’s a Beautiful World, Keep on Reaching, She Taught Me How to Fly (com a percussionista Charlotte Marionneau tocando, pasmem, tesoura) e The Man Who Built the Moon.
Esse comportamento de Noel fica explícito na hora de se comunicar com os fãs. Uma fã levantou um cartaz pedindo pela linda canção Dead in the Water, faixa bônus do Who Built the Moon? Quando avistou, o músico agradeceu e fez reverência. Não tocou, mas ficou feliz de ver o nível de conhecimento do público.
O mesmo não se pode dizer quando outro fã resolveu pedir outra faixa da sua banda mais celebrada. “Não, eu não vou tocar essa. Nem essa! Por quê? Porque eu não quero, oras. Hoje é o seu aniversário? Sem chance!”, respondeu o guitarrista, arrancando risos dos fãs, que já conhecem sua postura ranzinza há décadas. Nenhuma novidade.
Sem chuva
Diferentemente do Foster The People, Noel não precisou enfrentar a forte chuva que acabara de atingir o Anhembi. Mesmo assim, não evitou uma piada costumeira do seu irmão, que sempre comentava isso nos shows do Oasis no Brasil. “Choveu o dia inteiro! Chove no Brasil? Ninguém me avisou”, disse o músico, que é natural de Manchester, cidade inglesa que costuma enfrentar garoas frequentes.
Para os fãs brasileiros, 2018 acabou de forma positiva. Em dez meses, eles puderam assistir Liam e Noel Gallagher com seus shows solos. Ambos, por sinal, tocando hits do Oasis. Não é possível cravar se um dia eles voltarão a se reunir, mas a sensação que fica sempre que eles deixam o palco, é que uma turnê da banda é o que os fãs mais querem. As faixas mais festejadas do set são da banda.