A dobradinha Bad Religion e Offspring chegou a ser anunciada até como inédita no Brasil. Uma grave engano. As duas bandas californianas tocaram juntas em 1999, no extinto Skol Rock, no Anhembi.
Na última terça-feira (29), no Espaço das Américas, em São Paulo, ficou provado que o tempo fez bem para as duas. Mais, no entanto, para a primeira. Durante 1h10 de apresentação, o Bad Religion comprovou mais uma vez o motivo de ser uma das bandas mais emblemáticas da história do punk e hardcore.
A aparência dos integrantes mudou bastante. Greg Graffin, vocalista do Bad Religion, está cada dia mais com cara de vovô. A disposição no palco, entretanto, segue a mesma. O repertório clássico funciona muito bem, mesmo que boa parte do público estivesse lá pelo Offspring.
Abrir com 21st Century Digital Boy e encerrar com American Jesus foram duas boas sacadas da banda, que deixou o recheio do show para desfilar as novas canções de Age of Unreason, lançado no início do ano. Chaos From Within, Do the Paranoid Style, End of History e Lose Your Head foram as escolhidas. De fato, as melhores do disco.
A receptividade dos fãs deixou um pouco a desejar, principalmente nas novidades. Funcionou melhor com Fuck You, You, Stranger Than Fiction, Infected, Generator, Los Angeles is Burning e Sorrow.
Foram 25 faixas diretas, sem intervalo para bis, e com pouca conversação. Em um dos momentos, enquanto o público puxava o coro contra o presidente Jair Bolsonaro, Graffin arriscou uma dancinha. O baixista, Jay Bentley, brincou: “parece algo divertido”.
Offspring
Sem muito tempo para enrolação, os técnicos trocaram rapidamente o palco para a entrada do Offspring. E se o passar dos anos não foi muito generoso com Dexter Holland (vocalista e guitarrista) e Noodles (guitarrista), eles compensam com um repertório repleto de hits.
Aqui, porém, vale uma ressalva: o último álbum de inéditas do Offspring foi lançado em 2012 (Days Go By). Contudo, não teria como apresentar novidades, como fez o Bad Religion.
E, claro que o público não reclamou nem um pouco. Americana, All I Want, Come Out and Play, Want You Bad e Original Prankster vieram praticamente em sequência.
Sobrava um espacinho para algo não muito comum nos repertórios, como Genocide e It Won’t Get Better. Mas o que realmente fez a cabeça dos fãs foram os clássicos, as versões de Ramones (Blitzkrieg Bop) e AC/DC (Whole Lotta Rosie) e a bela versão em piano de Gone Away.
Dentro do que era possível entregar aos fãs, a dobradinha californiana funcionou muito bem. E com casa lotada, mesmo numa terça-feira.