Fotos: Marcos Hermes / T4F
O sir Paul McCartney, de 76 anos, demorou muito tempo para estrear no Brasil. Debutou no país em 1990, quando se apresentou no Maracanã. Depois, ficou entre 1993 e 2010 sem retornar. De lá para cá veio com muita frequência. A atual turnê, Freshen Up, marca a nona vez do eterno Beatle por aqui. São Paulo e Curitiba, que recebe o músico no sábado (com ingressos esgotados), foram as cidades escolhidas.
Tal constância faz com que boa parte do público ressalte que o show é o mesmo, sem grandes mudanças. O que se viu na última terça-feira, no Allianz Parque, em São Paulo, completamente lotado, no primeiro dos dois shows que McCartney fez por lá, contraria um pouco esse discurso.
Das 39 músicas do repertório (!!!), oito foram lançadas pelo baixista nos últimos 12 anos. Quatro são do mais recente disco dele, Egypt Station, lançado em setembro passado. Os álbuns New (duas), Kisses on the Bottom (uma) e Memory Almost Full (uma) também foram lembrados.
Uma das canções de Egypt Station tem tudo a ver com essas frequentes visitas de Paul ao país. Back to Brazil foi escrita durante a última passagem dele por São Paulo, em 2017. Em material divulgado pela assessoria da turnê, o Beatle comentou sobre a faixa.
“Eu estava no Brasil em turnê. Foi um daqueles dias livres. E eu tinha um piano no quarto do hotel. Pego um pequeno som e vem essa história no Brasil com essa garota que sonha com um futuro, com um mundo melhor. Ela conhece um rapaz perfeito para seu plano de vida – então agora é uma história sobre um casal”.
Na pista, quando anunciou que tocaria uma música feita especialmente para os brasileiros, Paul recebeu um feedback imediato: balões verdes, amarelos, azuis e brancos foram soltos pelos fãs, dando o tom especial para o momento.
Outra canção do último disco que marcou presença no set foi Fuh You. Chama a atenção como ela soa moderninha para os padrões de McCartney. É uma história de amor atrevido, como ele gosta de frisar, mas a melodia encaixa perfeitamente no repertório de nomes como Bastille, OneRepublic e Coldplay.
Paul sempre foi um cara à frente no tempo. E, não, ele não esquece os grandes sucessos dos Beatles e Wings, suas bandas. Vai dos tempos do The Quarrymen, passa pelo iê-iê-iê, passeia pela fase mais criativa dos Beatles e agrada com os clássicos do Wings.
Apresentar um show com 2h40 de duração não é para qualquer um. Fazer isso aos 76 anos, quase sem intervalo, então, nem se fale. E Paul McCartney faz mais do que isso. Ele consegue entreter o público com dancinhas e muita conversa em português. Brincou com gírias, homenageou amigos e pediu apoio dos “manos” e “minas” em coro.