Foi “aquela” estreia. Se o Pulp fosse um jogador de futebol já teria garantido vaga no time titular após o seu primeiro show no Brasil. Na noite desta quarta-feira, Jarvis Cocker trouxe sua banda ao Via Funchal, em São Paulo, após quase 35 anos de carreira, e fizeram um show perfeito, com todos os hits presentes no set, muita disposição, simpatia e sinergia total com o público em mais de duas horas de apresentação.
Era a peça que faltava para completar o primeiro escalão do britpop no Brasil. Antes deles, Oasis (quatro vezes), Blur (uma), Suede (uma, no Planeta Terra deste ano) já haviam passado por aqui. E o Pulp veio na hora certa. Após ficar quase dez anos longe dos palcos, a banda retornou no ano passado, mas já deu pistas que não pretende gravar material novo. Shows seguem sendo uma incógnita.
Antes do início da apresentação, uma projeção na cortina do palco mostrava diversas frases engraçadas para o público: “querem beber algo?”, “nos encontramos no bar”, “façam barulho”, entre outras.
Uma das últimas mensagens já dava conta da canção que abriria a apresentação. Depois de projetar “Você se lembra da sua primeira vez?”, o grupo surgiu com o hit Do You Remember The First Time, do álbum His ‘n’ Hers (1994). Jarvis Cocker até brincou com a situação e disse que era sua primeira vez mesmo, ao falar da primeira tour no Brasil.
Sempre muito comunicativo, Cocker fez questão de mostrar o tempo todo que havia estudado o nosso idioma. Traduziu o nome de algumas músicas e falou palavras como “sinistro”, “balada”, “tudo bem” e por ai vai.
A banda da cidade industrial Sheffield tem quase 35 anos de carreira. Seu melhor momento, no entanto, veio juntamente com o britpop no início dos anos 1990. Naquela época, juntamente com o Oasis, Blur e Suede, a banda emplacou vários hits dos álbuns His ‘n’ Hers (1994) e Different Class (1995). A diferença para os outros está na batida. O Pulp flerta com o eletrônico e soa muito mais dançante que seus compatriotas.
Underwear, Disco 2000 e Sorted for E’s & Wizz, que vieram na sequência, contaram com uma forte participação do público, que acompanhou a banda no coro.
Durante as duas horas e dez minutos de show, Jarvis fez o que se esperava dele. Sem nenhum demérito com os outros integrantes, mas é ele que comanda toda a farra. Pula, corre, rebola, sobe em cima da caixa de som, faz pose para as fotos. É um showman completo.
Isso, entretanto, não altera sua simpatia. Ele jogou uma toalha branca para os fãs, dividiu sua bebida. O momento mais “boa praça” da noite foi quando pegou o LP de um rapaz na plateia e levou para o camarim. No retorno, ele entregou com os autógrafos de todos os integrantes.
Em Common People, principal hit da banda, o público só faltou invadir o palco, tamanha a energia colocada na pista. Sem dúvida um dos momentos mais animados da noite. A saída estratégica para o camarim não fez ninguém arredar o pé da frente do palco. Jarvis e companhia voltaram e mandaram mais quatro canções, com destaque para Razzmatazz e Mis-Shapes.
A banda saiu do palco novamente, mas o público estava sedento. Queria transformar aquele momento em eternidade. E, conseguiu. Jarvis retornou e brincou: “Ninguém trabalha amanhã?”. Logo na sequência mandou a bela Something Changed. Era o final perfeito do Pulp. Um show memorável que não sairá tão cedo da cabeça dos fãs.
Set list
Do You Remember the First Time?
Pink Glove
Underwear
A Little Soul
Disco 2000
Sorted for E’s & Wizz
F.E.E.L.I.N.G.C.A.L.L.E.D.L.O.V.E.
Acrylic Afternoons
Like a Friend
Babies
Party Hard
This Is Hardcore
Sunrise
Bar Italia
Common People
Bis 1
O.U. (Gone, Gone)
Razzmatazz
Live Bed Show
Mis-Shapes
Bis 2
Something Changed
Confira abaixo uma galeria de imagens do fotógrafo Stephan Solon, da XYZ Live, produtora responsável por trazer o Pulp ao Brasil.