Fotos: Flavio Hopp / Folhapress
Se o Solid Rock é inovador em parte do seu lineup, o mesmo não se pode dizer dos seus headliners. Depois do Deep Purple, a segunda edição do festival investiu em Judas Priest, nome lendário do heavy metal e com várias aparições no País desde o Rock in Rio II, em 1991, quando estreou por aqui. No sábado, o Allianz Parque, em São Paulo, recebeu Rob Halford e companhia, três anos após o último show dos ingleses na Capital, quando tocaram nas duas noites do Monsters of Rock.
Mas o fator repetitivo não incomoda aos fãs. Mesmo que algumas coisas soem clichê, como Halford trocar de roupa diversas vezes ou mesmo sua triunfal entrada com a motocicleta vermelha, a verdade é que o Judas sempre traz algumas novidades na bagagem. Dessa vez, não foi diferente.
A primeira e mais significante mudança foi a troca na guitarra. Glenn Tipton anunciou em fevereiro que foi forçado a se aposentar das turnês por conta do Mal de Parkinson. Em seu lugar, o produtor da banda, Andy Sneap, assumiu a função. Não compromete e mostra o que já esperávamos: um grande conhecimento da sonoridade, óbvio.
A outra novidade, bem positiva por sinal, é a atualização do repertório. O novo show do Judas deu um grande destaque para o último disco da banda, Firepower, lançado em março passado. Melhor registro da banda em pelo menos 20 anos, o álbum mostra um grupo veterano revigorado, moderno, mas sem deixar de lado sua história.
Firepower foi a faixa que abriu o show, após uma grande cortina despencar, revelando a transformação feita no palco à espera dos ingleses. Bem recepcionada pelos fãs, ela integra uma relação de quatro músicas do mesmo disco, que contou ainda com Lightning Strike (primeiro single do álbum), No Surrender e Rising From Ruins.
Halford honrou bem a sua alcunha de Metal God. Afinal, quem poderia imaginar que esse senhor de 67 anos ainda pudesse alcançar notas tão complicadas? Existem falhas? Algumas, mas nada que comprometa o desempenho do vocalista. Seus gritos são surpreendentes, isso é inegável.
Com 18 discos de estúdio ao longo de sua carreira, o Judas pode se dar ao luxo de passear pela sua discografia sem desagradar ao público mais exigente. No show incluiu faixas de dez álbuns. Gastou seus principais hits na reta final, com Painkiller, Breaking the Law e Living After Midnight, as duas últimas no bis, encerrando a apresentação.
Se alguém ainda tinha dúvidas quanto ao poder que o Judas ainda tem no palco, o show no Allianz mostrou que a banda ainda tem muito a oferecer. Halford pouco sentiu o peso da idade e das extensas turnês, o set segue sendo renovado com sucesso e Andy Sneap provou que é um substituto e tanto para Tipton.
Quanto ao Solid Rock, uma terceira edição não está confirmada, mas se pudesse dar uma dica seria para investir em locais fechados. Tanto a primeira quanto a segunda edição ganhariam tons mais memoráveis em espaços menores, garantindo uma experiência ainda mais rica para os fãs.