Foto: MRossi/ Midiorama/ Divulgação
Foram 24 anos de espera até o reencontro do público brasileiro com a banda britânica Depeche Mode. E tal demora elevou ainda mais a expectativa por uma apresentação de David Gahan e companhia. Em sua única passagem pelo Brasil, até então, o Depeche havia feito dois shows no extinto Olímpia, em São Paulo, em abril de 1994.
Na última terça-feira, o cenário cresceu em tamanho e importância: Allianz Parque, a principal casa de shows internacionais da Capital. E eles fizeram bonito. Utilizando a casa do Palmeiras no modo anfiteatro, o Depeche esgotou os 25 mil ingressos. E não teve nada que pudesse tirar a vibração dos fãs naquela noite. Nem a forte chuva que atingiu São Paulo, após dias de forte calor na região.
Para quem tem acompanhado a turnê atual do Depeche, Global Spirit Tour, a maior da carreira com 130 shows, o repertório não apresenta grandes novidades. É um set quase inalterado se comparado com outras apresentações pela América e Europa.
O vocalista do Depeche, David Gahan, não poupa esforços para ter o público na mão. Não bastasse estar com a voz impecável, o cara é um verdadeiro frontman. Rebola, corre, pula, comanda gestos coreografados dos fãs. Sem falar nas poses. Sabe como ninguém escolher os momentos certos para aparecer em sintonia com o telão, garantindo fotos incríveis.
Os efeitos visuais proporcionados pelo telão, por sinal, são um ponto que merece destaque do show deles. Impossível não perceber a sincronia entre imagens, luzes, sons e movimentos de Gahan. Tudo muito bem pensado.
Quanto ao repertório, a banda deixa a sequência de hits para o fim. Incluindo quase direto: Everything Counts, Enjoy the Silence, Never Let Me Down Again, Strangelove (com o guitarrista e tecladista Martin Gore no vocal, em uma versão acústica), além de Personal Jesus, que encerrou a apresentação.
O álbum que dá base para a turnê, Spirit, lançado no início do ano passado, aparece com três faixas no set: Going Backwards, Where’s The Revolution e Cover Me. Por mais que tenha sido bem aceito por fãs e crítica (foi primeiro lugar nas paradas dos EUA e vários países europeus), as canções não empolgam no show. Como estavam espalhadas na primeira parte da apresentação, o ritmo tem uma queda notável.
Mas é inegável que manter o seu trio original na ativa, Dave Gahan, Martin Gore e Andy Fletcher, faz diferença. Isso pode ser notado quando o vocalista apresenta os músicos. A empolgação dos fãs lembra a comemoração de um gol. Eles reconhecem toda a importância musical dos três, que influenciaram fortemente vários artistas dos anos 1990 pra cá.
Impacto
Confesso que o Depeche andou apagado do meu radar por muitos anos, mas a trajetória deles nunca parou por muito tempo. Prova disso é que no período em que estiveram ausentes do Brasil, seis discos foram lançados, em uma média de um a cada quatro anos.
E a reverência pelos caras é forte em várias partes do mundo. Em Tallin, na Estônia, por exemplo, o bar DM é totalmente dedicado à banda. O motivo não poderia ser mais simbólico para o público: o Depeche foi a primeira banda estrangeira a se apresentar no país após o fim da União Soviética. O show aconteceu em 1998. No ano seguinte, a casa já estava inaugurada pelos fãs.
Setlist
Going Backwards
It’s No Good
Barrel of a Gun
A Pain That I’m Used To (Jacques Lu Cont remix)
Useless
Precious
World in My Eyes
Cover Me
Insight
Home
In Your Room
Where’s the Revolution
Everything Counts
Stripped
Enjoy the Silence
Never Let Me Down Again
Bis:
Strangelove
Walking in My Shoes
A Question of Time
Personal Jesus