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A Night At The Opera: Bohemian Rhapsody – O hino!

Tipo assim… HINO!!! Naquela noite, no Morumbi, quando Freddie Mercury se sentou ao piano e deu os primeiros acordes de Bohemian Rhapsody havia uma expectativa enorme. Como fariam a parte dos vocais? Como seria possível? Como em um passe de mágica, no trecho “Oh Mamma Mia, mamma mia….”, atrás do palco, o clipe oficial – aquele com as caras se misturando – fundia o som ao vivo com o playback. O palco completamente escuro e todos bestificados.

Bohemian Rhapsody é uma dessas músicas singulares em que até o mais leigo dos leigos arrisca um ‘sing along’. Para mim, o maior hino do rock. E olha que pra dizer isso me arrisco a desafiar Hey Jude, Stairway to Heaven, Rock and Roll All Night e muitos outros standards do rock vítimas do embromation popular.

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Freddie Mercury escreveu a letra e, só para variar, há inúmeras especulações sobre isso e aquilo. Muitas das palavras do interlúdio (porque não se pode encontrar um só refrão na canção, o que é ainda mais impressionante para algo tão popular) são referências ao Alcorão! Que não me ouça Donald Trump, senão proíbe a música de tocar na América.

Bismillah é uma delas e significa “Em nome de Allah”. Scharamouch Will You do the Fandango representa uma figura típica da comédia bufa italiana que representa um covarde, enquanto fandango é uma típica dança espanhola de sedução entre um casal. Beelzebub é uma das representações do demônio.

Os pais de Mercury eram profundamente envolvidos com o Zoroatrismo, religião fundada por Zoroastro, mas comumente conhecido aqui como Zaratrustra, cujo dualismo entre o bem e o mal e essas palavras em árabe, contidas na música, tinham grande significado no crescimento de Freddie Mercury. Ele nasceu em Zanzibar (hoje Tanzânia) e foi forçado, junto com os pais e fugir para a Inglaterra diante da revolução.

A letra, basicamente anuncia a morte de um homicida. Por vezes se entende que se trata de um suicídio, por outras da punição divina diante do nefasto ato que cometera o protagonista.

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A mãe, figura emblemática na vida do compositor, que segurou todas as suas ondas diante de seu homossexualismo, aparece como uma espécie de redentora, como a virgem Maria na peça de Ariano Suasssuna O Auto da Compadecida.

Brian May, uma vez entrevistado, ressaltou que Mercury, embora um “palhaço sempre feliz”, era um sujeito profundo e com angústias sociais ainda mais profundas.

Freddie, ele mesmo, nunca fez um só comentário sobre sua inspiração. Como fazia Lennon, zombava de sua genialidade dizendo que “acordara com aquilo na cabeça”. Em entrevista, ele afirma que a canção é a fusão de três ideias diferentes.

Muitos dos estudiosos creem (apenas porque creem) que a letra é uma metáfora do drama sexual vivido pelo compositor, condenado socialmente por sua homossexualidade. Sinceramente, nunca me pareceu que Freddie Mercury se importasse com isso. Para mim ele era um exemplo de homossexual masculino. Ponto.

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A inserção do nome de Galileo, o astrônomo, esta sim foi uma homenagem a Brain May, aficionado e doutor em Astronomia, conforme dissemos semana passada falando sobre ’39.

Os vocais foram todos gravados – acreditem – em apenas uma tarde, mas o ‘overdubbing’ levou um mês para ficar do jeito que eles queriam. Todos os quatro componentes do Queen fazem vocal na parte mais famosa da canção. O trecho foi gravado em 24 canais e produzido por Roy Thomas que, em entrevista, lembra que depois de tudo terminado Freddie virou-se e disse: “Acho que podemos colocar mais três Galileos”.

Bohemian Rhapsody foi o primeiro hit da banda a chegar nos dez primeiros lugares nos EUA e no Reino Unido. Imediatamente atingiu o 6° lugar na América e o nono da Inglaterra. Chegando em nove semanas ao primeiro lugar em ambas as paradas.

O problema (como sempre) eram as rádios. A música era muito longa e nenhuma das rádios queria reproduzi-la, porque “cansava” (coitados!). A hipótese de corte era impossível. A música não tem um local para meter um feder e sua intergralidade vai do primeiro acorde do piano até o toque gongo em seu término.

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O disco A Night at the Opera foi o disco mais caro da história, tendo o Queen utilizado seis estúdios entre gravação, mixagem e engenharia de som.

O título nada tem a ver com a região Tcheca. É uma homenagem à apologia poética medieval dos grupos de bêbados que vagavam pela noite, a cantarolar e a entoar trovas. Do termo veio o substantivo Boemia.
Pasmem, sem nenhum tom de crítica àquela canção, Bohemian Rhapsody foi tirada do primeiro lugar na Inglaterra por Mamma Mia, do Abba, o que fez Freddie Mercury declararar a pérola: “Entre o nosso Mamma Mia e o delas, prefiro a minha mãe”!

O último solo, como uma sereia, nos leva ao derradeiro da canção, para com ela morrer junto com o seu principal personagem.

Ao fim da canção, uma homenagem a Bob Dylan com a frase Any Way the Wind blows, numa espécie de condescendência ao fato de que, pouco importa o que você faça ou façam os outos, o vento continua soprando.

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Bohemian Rhapsody, com todo o respeito que dedico a todas as influências que tive e tenho em música, foi mais uma das canções cuja eternidade toma conta de mim. Eu canto, aos gritos, toda vez que ouço. Não tem como….

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