Santos por muitos anos ficou marcada pela quantidade de bandas boas de hardcore, punk e metal. Então quando alguém foge desses segmentos, sempre é louvável. É o caso da Amphères. Depois de dois bons EPs, Amphères (2016) e Dança (2018), a banda, enfim, solta o primeiro álbum cheio. Porto foi divulgado nesta terça (14), nas plataformas de streaming.
Com nove faixas, o disco traz uma sonoridade experimental, mas que passeia por influências visíveis dos anos 1970 e 1990.
“Temos influências que vão do psicodélico dos anos 1970, passam fortemente por Pixies, Breeders e outras bandas dos anos 1990. e chegam em bandas contemporâneas, sobretudo brasileiras, que fazem uso de guitarras, reverbs e delays de forma bem peculiar e inovadora, conferindo texturas diversas”, comenta o baterista, Jota Amaral.
Em Porto, a influência do mar chega de outra forma. Se no hardcore o surf ditava o ritmo. No disco de estreia da Amphères, o foco parece mais em trilha sonora de filme cult.
“Os próprios temas influenciam muitos nos arranjos, como nesse caso, o mar, um pouco como a criação como trilhas sonoras, música que acompanha um sentimento. Parte do disco é improvisado, saiu daquele jeito de primeira, parte é trabalhado, gravado e regravado, pra chegar num conceito que buscamos”, completa Jota.
A demora pelo álbum cheio, quatro anos desde o início da banda, é justificada pela baixista e vocalista, Paula Martins.
“Tem um aspecto importante do nosso trabalho que é a sinceridade. Nos dois primeiros trabalhos, gravamos o que tínhamos produzido naquele momento, sem forçar a barra para produzir um álbum, ou seja, preferimos soltar EPs do que gravar músicas que a gente não achasse que valiam a pena soltar para o mundo”.
Quarentena da Amphères
Lançar o álbum durante a quarentena não estava nos planos da banda. Mas com o trabalho pronto depois de um bom tempo de produção, não dava mais para segurar a ansiedade.
“A previsão é que demore muito para normalizar. Na verdade, foi um timing preciso, a gente fez a última sessão de mixagem com o Aécio no estúdio Aurora, no último final de semana antes da quarentena, quase que não ia dar para fazer. O pior disso é não poder marcar nenhum show de lançamento. Mas o lado bom é que estamos em um momento em que as pessoas talvez tenham mais disponibilidade para conhecer um trabalho novo”, comenta o guitarrista da Amphères, Thiago Santos.