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Angra investe na versatilidade em ØMNI

Não é a toa que o Angra se tornou uma banda consagrada pelo seu amplo senso de criatividade. Com o lançamento de seu nono álbum de estúdio, ØMNI, o quinteto mostrou que é possível combinar diferentes influências em uma produção 100% rock n’ roll. Sendo o primeiro disco da banda com Marcelo Barbosa substituindo Kiko Loureiro (que aparece apenas em War Horns), as expectativas estavam à flor da pele.

Contemplando a filosofia, principalmente no mito da Caverna de Platão, Omni apresenta um caráter reflexivo em todas as letras. A palavra Omni, em latim, significa “tudo”, fortalecendo a ideia proposta e também unindo os conceitos de seus álbuns anteriores. ØMNI é uma obra conceitual, que investe na ficção científica para contar pequenas histórias sobre a natureza humana. Caveman, por exemplo, levanta o tema da Caverna de forma mais específica, seguindo:

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Quando percebo que todos nós vamos morrer
Como prisioneiros dentro desta caverna
Um trovão de verdade derrubou as paredes
Que eu não posso parar de encarar

Aproveitando para falar mais da canção, ela possui alguns trechos em português que tornam a obra muito rica em conceito. O ritmo marcado da introdução traz um embalo que lembra muito alguns gêneros da música brasileira, garantindo que o conceito multicultural prevaleça na obra.

Falando em multiculturalismo, Black Widow’s Web deu o que falar com as participações de Alissa White-Gluz e Sandy dividindo os vocais. Para quem pensou que não fosse possível, o resultado final é uma das melhores canções do álbum, com introdução e finalização angelicais feitas por Sandy e versos de explosão garantidos por Alissa. A vocalista do Arch Enemy caprichou nos guturais e garantiu uma sintonia perfeita com Lione, acertando na beleza dos contrastes vocais. A música fala sobre uma viúva negra, que parece inocente mas tem um veneno capaz de cegar para toda a vida… Nada mais conveniente do que a combinação das duas vocalistas para ilustrar essa proposta.

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Light of Transcendence traz todo o power metal que adoramos e esperamos do Angra, com uma melodia sensível e ritmo acentuado. Lione mostra a que veio com vocais poderosos e limpos, em uma de suas melhores performances no álbum. Travelers of Time é uma marca de intensidade e velocidade, também focando no power metal, mas revelando ritmos diferenciados em sua introdução e uma apresentação impecável.

Com Insania e Always More, contemplamos momentos mais suaves, ricos em harmonias. A profundidade das duas canções dá um tom mais sério ao álbum, garantindo também que tenhamos uma visão realista e bem aberta sobre o estilo musical do Angra. São músicas essenciais ao conceito apresentado e garantem uma sonoridade impecável à obra.

As faixas finais, Omni – Silence Inside e Omni  – Infinite Nothing, se completam de forma diferenciada. Enquanto a primeira é bem mais lenta, focada na sintonia entre letra e melodia, a segunda é 100% instrumental, começando com um tom clássico que vai se diluindo de forma quase poética em um encerramento perfeito da obra. O senso de transcendência e iluminação que transborda por todo o disco é contextualizado perfeitamente nesta última canção, que nos dá um senso de missão cumprida. A mensagem foi recebida, e muito bem!

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ØMNI torna-se um clássico instantâneo necessário do Angra, que ampliou seus recursos e apostou em fórmulas diferenciadas de composição. Explorando outras vertentes e combinações além do power metal, seu trabalho torna-se surpreendentemente positivo em um conceito muito mais dinâmico. Vale a pena conferir! Lembrando que o Angra excursiona pelo Brasil entre maio e junho pela turnê mundial do disco, que começou no início do mês em Salvador, bem na época de Carnaval.

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