Santos tem uma relação de muito amor com a banda californiana Bad Religion. Apesar de poucos encontros (dois, um em 1999, outro em 2014), o primeiro deles foi bem marcante. Tão especial que rendeu um textão do vocalista Greg Graffin.
O show em questão aconteceu no dia 11 de março de 1999, na extinta Jump (ex-Reggae Night), no Morro da Nova Cintra. Antes de começar, no entanto, um apagão geral no Brasil colocou a apresentação em risco.
Depois de uma longa demora para o início do show, a banda iniciou com a clássica Generator e marcou o seu nome na história do rock santista.
Confira o que Greg Graffin falou sobre o show do Bad Religion
A chuva começou sem aviso prévio. Nenhum instrumento havia sido tocado. A primeira banda nem sequer havia subido ao palco. Nós estávamos no nosso backstage, uma mini-cabana, desfrutando uma caipirinha, quando um estrondoso trovão e raio desceram dos céus e colidiram com o nosso telhado. Primeiro, parecia uma tempestade normal para os moradores. Então, depois de cerca de uma hora, eles começaram a olhar um pouco nervosos. Se há uma coisa que aprendemos é esta: se os habitantes começam a olhar preocupados, as coisas podem rapidamente azedar. Em alguns lugares, quando a energia cai, ela volta em poucos minutos. Mas o Brasil é famoso pela falta de energia que pode durar alguns dias.
Sabíamos que o público havia perdido a energia porque a música gravada que estávamos tocando caiu também. Quando nos aventuramos atrás do bar para ver a situação, chegamos a tempo de ver um quarteirão após o outro piscando e, em seguida, desligar completamente. Após cerca de cinco minutos, toda a cidade estava no escuro e o público já estava chateado de vez.
Neste momento, o promotor veio até nós e disse: ‘é melhor sair daqui, os fãs estão furiosos, eles certamente irão matá-los’. Por que nós? Pensamos em tocar um set acústico, mas percebemos que o público iria apenas ouvir o estrondo ensurdecedor da bateria do Bobby porque as guitarras não tinham energia. Os 4 mil fãs estavam todos assobiando e cantando. Nós voltamos para o nosso hotel e o promotor nos disse que iria voltar e tentar resolver a situação no local.
Possível reembolso
Assumimos que isso significava dar reembolsos para todas as pessoas que estavam lá. Mas depois descobrimos que a restituição não são geralmente dadas em problemas relacionados ao clima. Em vez disso, ele (promotor) voltou a pensar em alguma coisa para salvar o show. Já era meia-noite e a tempestade havia passada. A energia ainda estava desligada, por isso foi à luz de velas e um telefone celular que recebemos a ligação em torno de 1:00: ‘vocês devem voltar para o local agora, nós temos energia.
A viagem de volta até o morro foi um caos. Não tínhamos iluminação pública e semáforos, as pessoas estavam brigando em todos os lugares, ladrões nas ruas e os punks desceram da montanha, descontentes, e só voltaram quando ouviram no boca-a-boca que o show iria continuar.
Era 2h e o local ainda estava lotado. Tocamos um show inteiro e tivemos o tempo de nossas vidas. O caos, entusiasmo, emoções oscilantes e a floresta tropical, tudo conspirou naquela noite para nos oferecer uma experiência incrível. Obrigado a todas as pessoas que ficaram no show. Nós não vamos esquecer tão cedo dele.
Show do Bad Religion três dias depois
Como não encontramos um vídeo do show em Santos, incluímos a apresentação da banda em Santiago, no Chile, três dias após o histórico show na nossa região. Confira abaixo.
2 Comments
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Francis Felix
25 de outubro de 2013 at 13:44
Hehe, Bad Religion sempre foda, memórias de Greg!!! Dia 7 é nóiz na Capital! E viva o Punk Rock \o/
Váh
13 de fevereiro de 2014 at 15:09
Interessante rs 🙂