Nos anos 1990, Santos era considerada a Califórnia Brasileira para as bandas de punk rock e hardcore de todos os cantos do País. Tal alcunha veio por conta da quantidade de grupos de boa qualidade que surgia na região, além do clima de praia, sol, skate e surfe. Ingredientes também presentes naquele estado norte-americano.
Se alguém perguntar para dez dos integrantes dessas e das atuais bandas da região, nove, no mínimo, vão citar a californiana Bad Religion como influência. Isso mostra a importância que a apresentação de Greg Graffin e companhia nesta sexta-feira tem para os roqueiros da região.
A Bad Religion tocará na Capital Disco a partir das 20 horas. A santista Bayside Kings e a paulistana Nem Liminha Ouviu (NLO) são as responsáveis pela esquenta de abertura.
O show é o segundo da turnê brasileira do álbum True North, o 16º trabalho de estúdio dos californianos. O grupo se apresenta hoje no Rio de Janeiro, sábado em São Paulo e encerra a passagem pelo Brasil em Curitiba, no domingo.
Além do repertório, com várias canções do True North, outra novidade está na formação. O guitarrista Mike Dimkich (The Cult) assumiu o lugar do guitarrista Greg Hetson, que está afastado do grupo por razões pessoais desde abril de 2013.
Faixas do EP Christmas Songs, o último registro lançado pela banda, dificilmente estarão no setlist. Presença garantida tem as clássicas 21st Century (Digital Boy), Generator, American Jesus, Recipe For Hate, Suffer, No Control, além de Los Angeles Is Burning e Fuck You.
A primeira vez
Para os santistas, a apresentação da Bad Religion tem um gosto especial. Esta é segunda vez na Cidade. A primeira foi em março de 1999, quando o show quase não aconteceu.
Na ocasião, depois de uma forte chuva, Santos ficou no escuro. Um verdadeiro apagão. A banda já havia deixado a extinta casa Jump, no Morro da Nova Cintra, e voltado para o hotel.
Depois de uma longa demora para o início do show, a banda foi convocada pela produção e retornou para o local. Iniciou com a clássica Generator. Para muitos, aquele foi um dos maiores shows de rock que Santos recebeu. Para outros, uma decepção. Isso porque haviam deixado a casa noturna.
O vocalista Greg Graffin à época se pronunciou sobre o show no site oficial da banda. Fez um longo texto sobre os acontecimentos.
“Sabíamos que o público havia perdido a energia porque a música gravada (DJ) que estávamos tocando caiu também. Quando nos aventuramos atrás do bar para ver a situação, chegamos a tempo de ver um quarteirão após o outro piscando e, em seguida, desligar completamente. Após cerca de cinco minutos, toda a cidade estava no escuro e o público chateado de vez”.
Graffin conta que estava com os outros integrantes no hotel à luz de velas quando recebeu uma ligação à 1 hora. Era o produtor pedindo para o grupo retornar porque a energia já havia sido retomada no morro.
“A viagem de volta até o morro foi um caos. Não tínhamos iluminação pública e semáforos. As pessoas estavam brigando em todos os lugares, ladrões agindo nas ruas e os punks revoltados com o cancelamento”.
Apesar de que muitos fãs já tivessem abandonado a casa, Graffin recorda que o espaço ainda estava cheio. “Tocamos um show inteiro e tivemos um dos melhores momentos de nossas vidas. O caos, entusiasmo, emoções oscilantes e a floresta tropical, tudo conspirou naquela noite para nos oferecer uma experiência incrível”.
Serviço
Sexta-feira, às 20 horas, na Capital Disco. Os ingressos estão sendo vendidos pelo
*Reportagem publicada originalmente em A Tribuna no dia 5 de fevereiro de 2014