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Bee Gees, a história: dos primórdios ao Saturday Night Fever

Dedicado a Dna.Mariazinha, que me pediu carinhosamente…

Papai preparou nossa primeira viagem de carro para o interior, dentro do Dodge Dart azul (lindo!). No cassete, uma daquelas fitas “cromo” e o som de I Started the Joke. Me lembro como se hoje fosse ele tentando alcançar as notas altas e, do banco de trás eu podia ver seus braços todos arrepiados. Foi a primeira canção dos Bee Gees que grudou na minha cabeça.

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Naquel época (comecinho dos anos 1970) eu não fazia ideia do que eram os Bee Gees e, mais ainda, do que viriam a ser. A família Gibb tem sua origem em Manchester, Inglaterra, mas ainda pequenos, mudaram-se para Brisbane, Queensland, na Austrália.

Dos quatro meninos, os três mais velhos, Bary, Robin e Maurice (gêmeos) formaram o trio que revolucionou o pop nos anos 1970. Andy o mais novo, seguiu carreira solo, sempre apoiado por seus irmãos.

Em 1967, os Bee Gees lançam seu primeiro single New York mining disaster 1941. O folheto promocional lançava a banda com o nome enigmático de “B_ _ _ _S” o que fez muita gente correr para comprar o disco, crente que era um sucesso dos Beatles. Por anos eu procurei o evento que originou a canção. Muito depois descobri em uma entrevista que era tudo ficção.

Mas o grande primeiro sucesso da banda foi Massachusetts seguido da sensacional To Love Somebody (1967) e I started the joke, em 1968.

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O grupo deu seus primeiros passos seguindo a métrica vocal das bandas de Doo Whop, fazendo covers americanos. Entre clássicos, a versão de Blowing in the Wind, de Bob Dylan. Obviamente, o trio também se apresentou com uma adorável interpretação de Please, Please Me, vocês sabem de quem…

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Em 1970, a banda lançou o LP Cucumber Castle, com o single Don’t forget to remember me, mas foi em 1971 que chegou ao seu primeiro lugar com a simplesmente maravilhosa How can you mend a broken heart, inserida no LP Trafalgar, do mesmo ano.

Pela primeira vez, o trio apresenta uma canção no estilo Andy Gibb, o irmão mais novo cujo repertório era essencialmente romântico.

Já presente em suas canções, o falsete excepcional de Barry Gibb nos remete à profunda tristeza da canção.

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How can you mend a broken heart leva o trio de irmãos à condição de uma das maiores bandas vocais de seu tempo, inaugurando o que viria a ser uma das duas mais populares bandas pop dos anos 1970, ficando ao lado apenas da surpreendente ABBA.

Em 1973, após sugestão de Eric Clapton, contrataram o produtor Arif Mardim, que incorpora na banda as tendências do momento.

Chega às lojas, então Mr. Natural, seguido em 1975 de Main Course. Barry, influenciado pelo sucesso do KC and the Sunshine band, com seu That’s the way i like it, aposta todas suas fichas no movimento negro da discoteca, que misturava soul e recusos tecnológicos. Embora Discoteca, em português, seja o coletivo de discos, em inglês o nome é um neologismo surgido das palavras Disco e Technology, por isso, “Discotech” e não “Discoteque”, tradução daquele coletivo.

No álbum, Jive Talking e Nights on Broadway já anunciavam a transformação do som básico dos Bee Gees, tornando-o mais “negro” do que o trabalho de outrora.

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Em 1976, com Childrem of the world, o primeiro LP essencialmente “disco” do grupo, a balada Love so right e o estrondoso sucesso de You should be dancing chegam ao topo 5 no mundo, consolidando a base para Saturday Night Fever, cuja a história está mais abaixo neste texto.

Os Bee Gees estão longe de serem classificados como rock ou mesmo pop rock. É uma fusão única das influências que começaram com os Everly Brothers e acabaram por influenciar todas as bandas pop dos anos 1970.

Os inimitáveis recursos vocais de Robin, Maurice e Barry Gibb são um convite à introspecção romântica e aos “embalos de sábado à noite”, mas um desses nomes nefastos que, nem tão errado na tradução assim, afastou muitos rock fans da obra desta banda fantástica, cuja qualidade técnica até hoje insuperável.

Para aqueles que conheceram a banda Blow Up, de Santos, faço o convite a ouvirem o cover de How Can You Mend a Broken Heart. Ninguém é mais Barry Gibb do que José Lobão!!

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Saturday Night fever – Bee Gees
“Bem, pode-se dizer pelo meu caminhar que sou mulherengo!” (Stayin’ Alive)

Como se fosse hoje, me lembro! Eu e Paulino sentamos na praça em frente ao Cine Iporanga (hoje Shopping), em Santos, numa fila repleta de cabeludos e de calças de boca larga. Eu vestia uma calça branca (idem) e uma camisa adequada a envergonhar a qualquer um. Mesmo que eu não os tivesse, meus mamilos eram quase radiográficos. Ah, eu tinha um faixa nos cabelos encaracolados. Ou seja, ridículo. Era a estreia de Embalos de Sábado à Noite.

Logo no começo, John Travolta é mandado pelo patrão a entregar duas latas de tintas. A sincronia entre o caminhar dele e a música foi um verdadeiro frenesi.

Tratava-se da trilha sonora mais premiada da história do disco. O LP vendeu 15 milhões de cópias e só foi superado 15 anos depois pela trilha sonora de O Guarda Costas, com Whitney Houston.

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No entanto, ainda hoje é a única trilha do cinema a faturar o Grammy como álbum do ano, em 1977.
O interessante é que o filme já estava todo rodado e Staying Alive foi composta pelos Bee Gees exatamente na cadência do passo de Travolta. Aliás, Travolta foi arremessado ao estrelato como um míssel!! Sua namorada de então, Diana Hyland, que conheceu em O Garoto na Bolha de Plástico, faleceu durante as filmagens de Saturday Night Fever e sua feição triste é até hoje parte do incrível contexto que deu vida a Tony Manero!

O LP é a maior expressão da “disco era”, além de ser disparado o melhos álbum do estilo, comparado apenas a All ‘n All, do Earth Wind And Fire, também de 1977.

Colocado em 132° lugar na Rolling Stones nos 500 maiores discos de todos os tempos, Saturday Night Fever não é um álbum exclusivo dos Bee Gees, mas ninguém quer saber, ou se lembra disso. Nele, Tavares, The Trammps, Kool and The Gang entre outros ingressam como “Tapa faixa”.

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A sequência do lado A traz as inesquecives e eternas Stayin’ Alive, How Deep is Your Love, Night Fever e More Than a Woman, canções que, quando tocadas dão a qualquer um a sensação de estar naquela fila, ridículo como eu, vivendo o auge da discoteca.

https://www.youtube.com/watch?v=NpqmGx7meQw&feature=youtu.be

https://www.youtube.com/watch?v=67YwZ9OSZcE&feature=youtu.be

Ainda no álbum, os Bee Gees trazem Jive Talkin e You Should be Dancing, importadas do seu último álbum, Children of the World.

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O filme e o disco se mantiveram “Cool”, a despeito da imagem brega do personagem de Travolta e assim se manterão eternamente, como uma espécie de cápsula do tempo, capaz de desenterrar em segundos a atmosfera daqueles anos.

Saímos do cinema e ligamos o rádio do Sansui quadrifônico do Dr. Rubens, na Ceará 40, enquanto Dna. Gildina preparava um lanchinho.

Agora… Me emocionei. Como eu fui e sou feliz!

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