Quatro anos após a última turnê pelo Brasil, a banda britânica Bullet For My Valentine está de volta. A apresentação será domingo (24), no Tropical Butantã (Av. Valdemar Ferreira, 93, em São Paulo). E, se depender do entusiasmo do vocalista e guitarrista, Matthew Tuck, os fãs podem esperar por um show ainda mais pesado que o último.
“Vai ter muito barulho, muita diversão. Espero que todos possam aproveitar o momento como a gente. Já estivemos no lugar dos fãs e sempre que vemos nossa fanbase destruindo tudo nos shows, a gente volta para o passado e se emociona. Hoje, lotamos os lugares que passamos e isso é um presente enorme”, comenta Tuck, que conversou com o Blog n’ Roll por telefone.
A relação banda e fãs realmente faz muito sentido para os britânicos. Ícones do metalcore, eles já viveram uma experiência semelhante com o Metallica, uma de suas principais influências.
“Foi fenomenal. Nunca imaginei que isso aconteceria. Estava feliz em ter assistido Metallica ao vivo aos 16 anos. Achei que isso seria o mais perto que chegaria deles. Mas sete anos depois estava dividindo o palco com eles. Foi a coisa mais incrível e surreal que já aconteceu na minha vida. Cresci em uma cidadezinha pequena e atingir esse nível é algo que até hoje não acredito”, recorda sobre os shows na década passada.
Gravity
Hoje, aos 39 anos, Tuck vive um momento bem especial com o Bullet For My Valentine. Muito em função do sexto disco de estúdio, Gravity, lançado em junho de 2018. Nele, a banda deixa o thrash metal e o metalcore de lado para seguir numa linha mais próxima do nu metal.
“O processo em si foi bastante comum, como eu e a banda já estávamos acostumados. Musicalmente, Gravity teve alguns elementos diferentes, mas isso tem a ver com a minha vida pessoal e alguns momentos que passei. Estava meio cansado de fazer metal. Na verdade, estava tendo problemas em fazer qualquer coisa. Por isso, acho que Gravity se tornou um álbum bastante pessoal e bem diferente dos discos do passado”. Matthew Tuck, vocalista e guitarrista do Bullet For My Valentine
Para o vocalista, alcançar o que almejava em Gravity gerou um processo bem difícil. “Era algo que tinha em minha cabeça, foi muito difícil para mim extrair tudo isso, mas estou contente”.
Raiva e reflexão no novo álbum
Segundo o vocalista e guitarrista, duas palavras descrevem bem o que é o último álbum: raiva e reflexão.
“Enfrentei uma depressão, tive diversas crises de ansiedade e não estava em um local muito bom mentalmente. Como disse, foi difícil encontrar foco para trabalhar nesse álbum. Então isso ficou muito refletido nas canções. É um tema difícil”.
Apesar dos momentos complicados, Tuck acredita que o Bullet For My Valentine vive a melhor fase da carreira.
“Acho que, para mim, como compositor, Gravity é nosso álbum mais forte e poderoso. Todas as canções têm uma direção e uma história, o que é algo que nossos outros álbuns não tiveram. É legal ter esse tipo de narrativa e aplicar essa emoção no trabalho”.
Relação com o Brasil
Diferentemente de outras bandas, que conseguem aproveitar ao máximo o tempo no Brasil, Tuck, que é natural do País de Gales, afirma que nunca teve tempo hábil para conhecer os lugares desejados.
“Sempre temos vários compromissos e não tempos tempo para fazer city tours e passear pelas cidades. As memórias que temos são dos fãs e das interações que temos com eles, que são muito apaixonados por música”.
Entretanto, se não consegue conhecer as cidades, uma banda brasileira é bem presente na formação do músico. Tuck não poupa nos elogios.
“Gosto muito de Sepultura, é uma banda que cresci ouvindo. Sepultura foi a primeira banda de metal que vi ao vivo em um show. É até hoje um dos melhores shows ao vivo que vi na vida. Foi tudo muito especial. Aquilo mudou a minha vida. Quando vi aquilo, meu sonho era estar no lugar daqueles caras. E foi isso que me motivou a seguir essa carreira”.
*Texto por Lucas Krempel e Caíque Stiva