Um dos projetos mais aguardados dos últimos meses na região já está entre nós. Canções de Amor Caiçara, do músico Marcos Canduta e do escritor Manoel Herzog, está disponível apenas em formato físico, por enquanto.
E a oportunidade de ouvir as canções pela primeira vez, além de adquirir o CD, será neste sábado (8), às 20h, no Teatro do Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136).
Canções de Amor Caiçara é uma ópera samba e MPB que conta a história de um casal com idas e vindas, momentos de romance e brigas. Mas com um diferencial: toda a história tem como pano de fundo Santos e seus pontos turísticos.
“Todo o processo de criação das canções foi muito rápido. As ideias fluíam e fomos materializando em música. A etapa seguinte, a escolha de quem tocaria, da criação dos arranjos, já foi um pouco mais demorada. Mudei vários arranjos nesse período, testei bastante coisa, teve música que depois de gravada resolvi mudar tudo. O sentimento que fica, agora, com o disco na mão, é de imensa alegria e alívio. Ufa, conseguimos”, comenta Canduta.
O álbum conta com participações de Chico Buarque, Zeca Baleiro, Alberto Salgado e Carlos Careqa. No show, no entanto, são as vozes principais que marcaram presença no palco.
“Teremos o Alberto Salgado, que vem de Brasília, e o Mateus Sartori entre os convidados. E, lógico, o João Maria, a Viviane Davoglio, que são as vozes principais do CD, a Banda Filhos da Tradição, que gravou o Fado Bordado, também estarão presentes”.
Herzog não cantar, mas vai narrar a trama, o enredo, para as pessoas saberem o que está acontecendo durante a história.
Musical é próximo passo
Para os próximos meses, a dupla espera circular. “Também está nos planos a fase dois. Desde o início, falo que esse projeto, o CD, é o embrião de um musical. Agora, então, que o disco está pronto, vamos cuidar de implementar. Transformar esse projeto num teatro cantado. Muita gente fala em opereta, ópera, confesso que me incomodo com esse nome. Ópera é coisa séria, Mozart fazia ópera, Verdi fazia ópera, prefiro musical”.
Os ingressos para a estreia de Canções de Amor Caiçara custam entre R$ 6,00 e R$ 20,00. Eles estão disponíveis na bilheteria da unidade, na Rua Conselheiro Ribas, 136, na Aparecida, em Santos.
Confira abaixo um faixa a faixa feito por Marcos Canduta
Descendo a Serra
Melodia sinuosa, modulante, um bolero disfarçado. Primeira música que fiz para o projeto, primeira que mostrei pro Herzog. Para mim tem sacadas geniais na letra. Aí passo a bola pro parceiro. (Risos)
Bonde
Essa é um afoxé. Uma música bem pulsante, balançada, Vivi quebra tudo no swing.
Engenho
Essa é uma das favoritas da galera que gravou. Música fortíssima, pitadas de baião e música africana. Alberto Salgado arrebentou na interpretação. A percussão, que no disco ficou a cargo do Delcinho Mendes, é um show a parte. No arranjo, centrei tudo no violão, que é muito dissonante e nas vozes de flauta e violoncelo. Pancada forte.
Fado Bordado
Aqui, desde que compus a música, sabia que quem teria que gravar seriam os Filhos da Tradição, um excelente grupo de fado de nossa região. Bem como o Herzog foi de uma felicidade ímpar na letra.
Valsa Noroeste
Essa música mandei pro Herzog e falei: ó acabei de fazer, não tenho ideia do que seja. Ele ouviu e falou: é do disco, é o vento noroeste. Arranjo com quarteto de sopros, clarone, clarinete, flauta e oboé, além de uma belíssima interpretação de Carlos Careqa.
Praia do Góes
Herzog me mandou essa letra e falou que era uma valsa. Li e falei: é não, é um bolero! (Risos). Tem participação do Rodrigo Vilela no saxofone. Enquanto, o João Maria quebra tudo no melhor estilo Cauby. Lindo!
Futebol na Praia
Eu dizia pro Herzog: tem um momento em que esse casal briga, mas não sei porque. Um dia acordei e falei: brigam por FUTEBOL (Risos). E aí ganhamos o primeiro presentão, a voz do Chico (Buarque), que canta com a Vivi. Certamente, ela quase morreu do coração quando ouviu. (Risos)
My Love Story
Bolero cafajeste. (Risos) Também das primeiras que fiz. Sabia que eles brigavam e ele ia pra zona, mas não sabia o motivo. Falei pro Herzog que tive um tio avô, que décadas atrás, tinha o apelido de xerife lá na zona. Quando vi a letra, não acreditei, meu tio estava lá. (Risos). Novamente, Carlos Careqa foi devastador cantando esse bolero.
Valsa do Orquidário
Eles fazem as pazes, aí nada mais legal, calmo e tranquilo que uma valsa no Orquidário. Melodia simples, ao mesmo tempo é envolvente. Umas das músicas que foi mudando o arranjo durante o processo.
Garça no Canal
Essa tem uma história interessante. Estávamos já com todas as músicas prontas, na pré-produção, já dentro do estúdio. E como falei, foi a ideia inicial de todo o projeto, uma música para as garças do canal.
Eu simplesmente havia esquecido disso, desse start. Aí, um dia Débora me fala: e a música das garças nada, né? (Risos). Então, fiz a música, mandei pro Herzog e falei: ó tem mais uma! Ficou bem legal, compasso ternário na onda do Clube da Esquina.
Dama da Noite
Chamamos carinhosamente de macumba light. (Risos) Uma delícia, também foi mudando aos poucos, durante a gravação, até chegar num formato de voz, violão e percussão. Mais uma vez, uma linda interpretação da Vivi.
Cais do Porto
Outra das favoritas da galera, outra que mudou muito durante as gravações. Fortíssima também, Delcinho arrebentando na percussão.
Último Café
Essa quando mostrei pro Herzog, ele falou: é o último café! Um reggae disfarçado, num primeiro momento, numa condução muito louca de violão e baixo. João Maria arrebentando na voz, ficou muito legal.