O Candlebox é uma das bandas que tive o prazer de conhecer precocemente. Seus discos marcaram, indiretamente, tanto minha infância quanto minha pré-adolescência. Ela é um fruto do grunge, embora não tenha sequer chegado perto do monopólio de Seattle comandado pelo Nirvana.
O primeiro disco é sensacional. Suas 11 faixas são a epítome dos sons de Seattle. Um amálgama de tudo aquilo que de melhor era produzido pelos produtores do gênero na época. Foi desse debut, autointitulado, que saiu Far Behind, o maior sucesso da banda já registrado e que rodou as rádios do mundo inteiro em 1993 – ofuscando, em determinados momentos, nomes como Radiohead (que vingava com Creep) e Red Hot Chili Peppers, olhando pro “mundo do rock”.
O disco, embora já associado ao movimento grunge, traz consigo certa influência do rock alternativo que crescia nos outros lados dos Estados Unidos. Os timbres de guitarras clean são sempre ecoantes, e soam como vitrine do que o Smashing Pumpkins de Siamese Dream e Gish (e outras várias bandas presentes no cenário) também vinha fazendo naquele momento – embora, verdade seja dita, o guitarrista Peter Klett apresente habilidades superiores ao pumpkin James Iha. A faixa Blossom, um dos destaques do disco, caracteriza bastante esse dado, ao mesclar momentos de dedilhado ambiente com um refrão sujo e explosivo. Alguns classificam essas faixas como hard rock.
Mas é injusto citar grandes destaques do trabalho, visto que o disco é quase que inteiramente homogêneo. Desde a agitada faixa de abertura, Don’t You, até a country derradeira He Calls Home, o trabalho segue íntegro e sem titubeadas. No meio do caminho ainda somos presenteados com You e No Sense, ambas de cunho crescente.
Embora o trabalho não tenha sido um sucesso, podemos dizer que o mesmo é honesto em se firmar como uma obra integralmente grunge dentro do contexto histórico que a música e a industria vivia em 1993. Longe do imediatismo de bandas como Creed, que não se preocupavam em parecer descaradamente com outros artistas, o Candlebox usou bases e influências modernas para, dessa forma, construir uma sonoridade bastante particular no amontoado do disco.
A banda ainda lançaria outros discos ao decorrer dos anos 1990, mas recomendo o debute para quem curte a cena de Seattle e redondezas do início da década. Um excelente fim de semana a todos.