Quando se fala em música de Goiás, o sertanejo é unanimidade no imaginário das pessoas. Impossível desassociar a região das duplas, estúdios, produtores, festival e tudo que envolve esse cenário. Mas não é de hoje que um cenário independente corre por lá com força. Coloque umas duas décadas, pelo menos, de efervescência.
Se você ainda não ouviu Boogarins, Hellbenders, Cherry Devil, Girlie Hell, Mechanics, Overfuzz, Carne Doce e BRVNKS, melhor correr para o Spotify, Deezer, YouTube e se informar. Tem para todos os gostos. Do pop ao psicodélico, do stoner rock ao hard rock, entre outros.
Nesta quinta-feira (19), às 21h, na Comedoria do Sesc, uma dessas bandas fará sua estreia em Santos. É a Carne Doce, que acabou de lançar o seu terceiro disco de estúdio, Tônus.
“É uma relação de contraposição mesmo. Se Goiás não fosse o que é em relação ao sertanejo, nós talvez não tivéssemos uma cena rock. A cena de indie rock de Goiás tem tido fôlego nos últimos 20 anos, em grande parte, por uma força de contraposição ao sertanejo, mas isso não significa que sejamos uma ameaça ao sertanejo. Isso não tem nada a ver”, comenta o guitarrista da Carne Doce, Macloys Aquino, que tem como parceiros na banda sua esposa, Salma Jô (voz), além de João Victor Santana (guitarras, sintetizadores), Ricardo Machado (bateria) e Aderson Maia (baixo).
Tônus, o sucessor de Princesa, lançado em 2016, marca o amadurecimento da banda e também um momento ainda mais entrosado dos integrantes, que estão juntos com a mesma formação desde o início.
“Está mais enxuto, menos barulhento, mais econômico nos arranjos, mas não quer dizer que ele é menos intenso. Quero acreditar que esse disco é mais inteligente, que estamos tocando melhor por estarmos juntos há mais tempo, novamente com a produção do João, nosso guitarrista, que produziu os dois primeiros também”, argumenta Macloys.
Na questão da estética do álbum, o músico afirma que Tônus é um trabalho mais subjetivo se comparado com os anteriores. “É um disco que fala muito mais para si mesmo do que um discurso para fora, uma característica muito forte do Princesa e, talvez, do primeiro disco também”.
E se a formação do Carne Doce proporciona um entrosamento maior entre os músicos, o mesmo pode se dizer das parcerias. Tal como nos dois primeiros discos, o vocalista do Boogarins, Dinho Almeida, participa do álbum com duas composições.
“Agora ele vem como coautor em Brincadeira e Amor Distrai. São duas faixas muito espertas e boas”, diz o guitarrista, que também teve o apoio de outro parceiro de longa data, o percussionista goiano Gabriel Cruz.
Se levarmos em consideração a aceitação que os dois primeiros trabalhos tiveram com a crítica, a expectativa para o terceiro disco está ainda maior. O homônimo e Princesa entraram nas principais listas de melhores do ano. O mesmo destino deve ter Tônus. Para o guitarrista, o poder das letras de Salma ajuda o grupo a ter esse feedback positivo.
“A Salma tem uma característica muito peculiar na composição das letras, que é uma capacidade muito aberta e desprovida de amarra ou preconceitos para falar de si mesma, dos sentimentos positivos e negativos. Ela fala disso tudo com muita tranquilidade. É algo que não vejo em outros compositores da música brasileira. Sou suspeito para falar porque acho a Salma uma das maiores compositoras da atualidade”.
Serviço: Os ingressos custam entre R$ 6,00 e R$ 20,00. O Sesc fica na Rua Conselheiro Ribas, 136, na Aparecida.