Quem frequenta a noite santista certamente conhece o roqueiro Murilo Lima. Desde os anos 1980 o músico se destaca pela voz marcante. Além de cantar nas principais casas noturnas de Santos, Murilo foi vocalista das bandas Rúcula e Capital Inicial no início dos anos 1990.
No momento, o Brotheria é o grande projeto de Murilo Lima. Ele se juntou ao amigo de longa data Bozzo Barretti, tecladista e responsável por reunir os demais integrantes, e está prestes a lançar o primeiro álbum. A previsão é que o disco chegue aos sites de streaming (iTunes, Deezer, Spotify, entre outras) dia 13 de maio.
São 12 músicas autorais, sendo 11 inéditas. Respostas sem Perguntas foi feita em parceria de Barretti com a filha Natz Barretti. Além disso, o álbum traz uma regravação de um antigo sucesso de Barretti com Alvin L e Dinho Ouro Preto, Todas as Noites.
“As minhas inspirações de letras vêm de situações vividas, portanto, autobiográficas. Quase tudo que escrevo é assim. Uma ou outra é ficcional e algumas são reflexões sobre relações na sociedade. As influências são muitas”, comenta Barretti sobre as canções.
No caldeirão de som da Brotheria, Barretti afirma ter várias influências. “Tem o rock, paixão, desde sempre, das décadas de 1960 e 1970, pela minha formação como músico. Da década de 1980, por ter participado daquele movimento e ainda guardar muito da estética da época e uma presença do que acontece hoje no pop rock, por estar sempre ligado em novas sonoridades; tem um pouco de MPB/Tropicália, que fez parte da minha adolescência; tem a sonoridade inspiradora do ukele, instrumento que me apaixonei desde a primeira vez que o vi/ouvi e tem um toque de romantismo… Porque eu sou assim”, diz o músico, aos risos.
O processo de gravação do Brotheria se deu de forma variada. Antes de gravar o álbum, os integrantes lançaram um EP, que emprestará quatro sons para o CD. Esse material foi gravado e mixado no estúdio Gravodisc, no mais puro estilo anos 1970, com a banda tocando ao vivo.
“É importante ressaltar o fato que chegamos em estúdio com as músicas prontas, arranjadas e produzidas em ensaio, ou seja, permitindo-nos gravar e reproduzir a banda em sua essência. Rola uma enorme fidelidade entre o material de estúdio e as apresentações ao vivo”, comenta Lima.
Os planos da Brotheria para o pós-lançamento incluem o clipe da música Então, previsto também para 13 de maio, turnê e álbum em CD. “A expectativa é que o material físico seja lançado no mês de maio, sem data definida. A partir do lançamento, partiremos para shows”.
Bozzo, o líder
Segundo Lima, o Brotheria surgiu de uma ideia de Bozzo Borretti, que queria celebrar os seus 40 anos de música. “O Bozzo vinha com as composições, com as ideias dos arranjos, mas o projeto passava, desde os primeiros ensaios, a tomar cara de banda. Ou seja, cada um passava a colaborar individualmente para um todo, que era a Brotheria”.
Após os primeiros ensaios, a banda começou a trabalhar passo a passo, sem muita ansiedade, até chegar a diversas decisões, passando pelo lançamento de um clipe (Páginas em Branco), posteriormente um EP, mais um clipe (O Necessário) e culminando no álbum.
Ainda que a prioridade dos integrantes seja a Brotheria, todos têm trabalhos paralelos, com destaque para o projeto Bateras 100% Brasil, do baterista Dino Verdade, onde ele coloca centenas de bateristas tocando ao mesmo tempo, em um só evento.
“Esse evento percorre o Brasil inteiro há aproximadamente 15 anos. Fora isso, o baixista Geraldo Vieira faz parte da lendária banda Terreno Baldio e toca em alguns shows da lendária Tutti Frutti. O próprio Bozzo continua com seus trabalhos em trilhas e produções diversas. Eu e o guitarrista Carlos Pera temos algumas atividades também na noite santista e paulistana”.
Santista de nascimento, Murilo Lima iniciou sua trajetória musical em São Paulo, quando subiu a serra para estudar, em 1986. “Comecei a me apresentar sozinho, em alguns lugares de São Paulo, o que culminou no convite para formar minha primeira banda, Rúcula. Na contramão de uma cena cover, partimos para um disco autoral, que foi lançado em 1991”.
O álbum da Rúcula foi produzido justamente por Bozzo Barretti, o que acabou proporcionando algumas aberturas de shows para o Capital Inicial. “Paralelamente a isso, eu me mantinha na noite santista, lançando alguns bares de música ao vivo e também me apresentando naqueles velhos de guerra”.
Apesar da amizade, Murilo e Bozzo não chegaram a tocar juntos no Capital Inicial. O primeiro entrou em 1993, o segundo saiu em 1992.
“No Capital, tive a oportunidade de lançar um álbum de inéditas (Rua 47, de 1994), gravar grandes sucessos de autoria do Bozzo, no disco Capital Inicial Ao Vivo, de 1996. Nesse álbum, que refletiu toda uma turnê e tinha a intenção de mostrar as novas interpretações para grandes sucessos, tive a oportunidade de gravar canções consagradas, como Fogo, Independência, Todas as Noites, Kamikase, entre outras”.