Quando surgiu como artista solo, no início do ano passado, o santista Heitor Vallim, à época com 18 anos, trouxe uma sonoridade com muita influência de Bob Dylan. Nomes contemporâneos como James Bay, Bon Iver, Damien Rice e Rubel também se fizeram presentes.
Um ano e meio depois do EP Naissance, Vallim está de volta com outro trabalho. Calvário, o seu novo disco, chega em julho, mas as primeiras prévias já estão sendo divulgadas. Na última semana, o santista divulgou o primeiro single, Dancing In The Sun.
“Foi a primeira faixa porque acredito que ela sintetize bastante como será o caminho que o disco tomou, tanto liricamente, como na questão dos arranjos. Algo mais obscuro e etéreo”, argumenta.
Vallim afirma que levou um pouco de religião para o trabalho, mas sem soar como um disco gospel. “Comecei a estudar histórias que iam do budismo ao cristianismo e tentava entender as pessoas a partir de como as religiões se apresentam para elas, e a partir daí me entender”.
Sobre Dancing In The Sun, ele acrescenta um pouco do que quis passar com a canção, na qual utilizou trechos da Bíblia.
“Quanto ao salmo 22, eu o repito diversas vezes, porque acho a história interessante. Eu não sou um crente, ou religioso. Porém, acho que as religiões dizem muito sobre como a humanidade se relaciona com ela mesma e o salmo 22 é a passagem mais humana de Jesus Cristo na Bíblia. É quando ele está prestes a morrer na cruz e ele se questiona no sentido de… e se? A música fala dessa dança no sol também, porque quando Jesus morreu, ocorreu um eclipse e a dança sobre o sol seria um pouco a lua na frente do sol e etc”, analisa.
Gravado no Red Studio em Santos, e mixado por Rafael de Souza do Lavanderia Estúdio, em Campinas, Calvário tem a participação da banda de Vallim, composta por Heittor Jabbur (bateria e percussão), Raphael Lapetina (baixo) e Gustavo Chinarelli (violinos), além dos convidados Nadal, Bola (vocalista da Zimbra) e Gabriela Lenti.
E as dez faixas desse disco, todas autorais, mostram que Vallim voltou com as ideias renovadas. “Vem como algo mais concreto. Consegui unir as minhas influências musicais e composições com uma cara mais Heitor Vallim. O disco traz uma temática voltada para espiritualidade e o som seguiu o caminho com toques mais psicodélicos”.
Se Bob Dylan não deve aparecer tão forte nas influências, como no último trabalho, outros nomes se mantêm na lista de referências do santista. “Ouvi muito Bon Iver, Ben Howard, Jack White, Pink Floyd e algumas coisas de música eletrônica”.
Uma nova versão de Crashing Waves é a próxima aposta de Vallim para a divulgação de Calvário. O single será lançado na sexta-feira, talvez como a última prévia do futuro disco.