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Crônicas de um Roqueiro #04 – Banda preferida? Hum…

MÁRIO JORGE

Uma discussão que volta e meia retorna à pauta de quem gosta de rock é sobre qual sua banda preferida. Honestamente, nunca soube apontar uma só. Em geral, falo um monte de grupos para decepção de meu interlocutor, que aguardava por um nome, “aquele que toca mais fundo, que você coleciona os discos, usa as camisetas, blá, blá, blá”.

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Depende da fase, do show de ocasião, do último lançamento, das performances no palco. Em resumo, não tenho uma banda favorita. Faço uma miscelânea no set list que escuto, que inclui o mais puro metal, o hard, o thrash, enfim. Isso pode incluir até o progressivo/metal, do Rush.

Essa história é gozada. Como faria Nelson Rodrigues, e suas incontáveis referências ao futebol, no rock’n roll, na minha modestíssima opinião, é impossível se cultuar uma única banda, como se faz com o time de coração. Sou palmeirense, por exemplo, e não me apetece ficar distribuindo elogios a outras equipes. A única analogia aceitável aqui é quanto aos shows que reúnem um único estilo. Aí, sim, jogo de uma torcida só. Se mistura, hum… não dá certo. Estão aí para provar dois episódios emblemáticos em edições do Rock ‘n Rio: Lobão e Carlinhos Brown, colocados – veja se isso é possível – no dia reservado ao heavy metal.

Então, por que não agrupar, num mesmo set list, Runnin’ With the Devil, do Van Halen, e a porrada sonora I, do Heaven and Hell (Black Sabbath)? Ou Hells Bells, do AC/DC, e Walk, do Pantera?

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Não fosse assim e edições de festivais tenderiam a um entra e sai de massas de fãs. Num mesmo dia, por exemplo, Monsters Of Rock reúne Judas Priest, Manowar, Accept, o glam metal do Steel Panther e o KISS fechando uma das noites. São todos rock’ n roll, em vertentes hard ou heavy, posers ou não.

Mas mesmo na edição de 2015, em São Paulo, houve quem quis dar misturada heterodoxa. A coisa destoou – e volto à parte de cima do texto – quando chamaram ao palco a banda Black Veil Brides, com pitadas embrulhadas de hard rock e hardcore. As vaias foram inevitáveis. O público mais roqueiro, não aquele que foi apenas porque ganhou o ingresso ou não tinha nada pra fazer no dia, fez o que era previsível: vaiou… em alto e bom som. Bem feito!

Ter uma banda só para chamar de sua, aquela que realmente o tira de órbita, não é pecado algum. E aqui, não vai qualquer pretensão bíblica, de purificar almas com um “manual do bom roqueiro”. Até porque cada um sabe o que lhe agrada. Eu, da minha parte, vou dando minhas opiniões. Se é radicalismo, não sei. Só acredito nos meus pitacos. E os dou.

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