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Crônicas de um Roqueiro #05 – Não parou por quê? (Que bom!)

MÁRIO JORGE

Sempre me surpreendeu a longevidade das bandas de rock. Se hoje muitos grupos são obrigados a fazer shows à exaustão para faturar algum cascalho, já que discos/CDs/DVDs não vendem como décadas atrás, o caminho é o palco com intensidade máxima. Claro que o fazer shows deveria ser a regra número 1 de quem se propõe a viver de música e o público agradece.

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No entanto, monstros sagrados, cultivados na efervescência dos anos 1970/1980, já estão com as burras cheias da grana, com a fama eternizada e uma legião de fãs irretocável. Mesmo assim, insistem. Vão aos palcos com a naturalidade do início de carreira e se exibem com empolgação admirável.

Talvez o maior exemplo disso seja os Rolling Stones. Quando você pensa que os caras, na faixa dos 70 anos, já esgotaram seu repertório e podiam muito bem estar desfrutando os dividendos milionários em algum castelo medieval, eles surgem com alguma surpresa: um novo álbum, tour pelo mundo, exibições de clipe do carro-chefe do disco.

KISS, Aerosmith, Deep Purple, Judas Priest, AC/DC seguem a mesma tendência. A pergunta é inevitável: como aguentam? Afinal, foram anos/décadas de correria pra cá, pra lá, checagem de equipamentos, ensaios, passagens de som, aeroportos, entrevistas, sem contar a vida particular de cada um, entre bebedeiras e otras cositas mas.

O Black Sabbath, ao que parece, chegou mesmo ao final. A tour The End é autoexplicativa. Alguém duvida? Em recente entrevista, o madman Ozzy Osbourne falou sobre o término da banda. Em poucas palavras, afirmou ver naturalidade no fim do Sabbath, mas que ele, Ozzy, continuaria na estrada, fazendo aquilo que, segundo suas próprias palavras, o salvou de uma vida sem graça e fadada ao fracasso. Ou seja, seguirá como frontman a viajar pelos quatro cantos da terra. Seus fãs agradecem.

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Eu mesmo, talvez em 2012, em São Paulo, vi e ouvi o Klaus Meine falar que aquele seria o derradeiro ano de shows do Scorpions. E simulou no palco, com a mão esquerda apoiando as costelas, já estar velho para continuar o circo mágico do rock’n roll. Disse, na ocasião: “Não queremos ser uma caricatura de nós mesmos”. Tá, legal. Para alegria dos headbangers, eis que no site dos alemães tem agenda de shows até o meio de 2017. Boa!

Os britânicos do Def Leppard, igualmente incansáveis, acabam de divulgar em sua home page a programação de shows na América do Norte. Pois é, exemplos não faltam.

NAZARETH

Os escoceses cinquentenários do Nazareth, de hits como Razamanaz e Hair of The Dog, continuam fazendo um hard rock bem setentista. Claro, a expectativa é se agradará tanto sem o lendário vocalista Dan McCafferty, de voz rouca e marcante, que saiu em 2013 por problemas de saúde. Em seu lugar, já há alguns anos, está Carl Sentance, que não deixa a peteca despencar. Confira!

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Por aqui, o mais emblemático exemplo é o Made in Brazil, formado em 1968 pelos irmãos Vecchione no efervescente bairro paulistano da Pompeia. Oswaldo, Celso e companhia se mantêm na ativa e não dão mostras de que vão parar.

Enfim, a lista é enorme e tomaria mais espaços nesta coluna. Dinossauros ou não, são monstros sagrados do som pesado. Um dia, isso terá fim. Mas enquanto ele não chega, continuaremos a balançar as cabeças com lendas que inebriaram gerações.

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