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Disqueria - Carlos da Hora

Disqueria #26 – Humbug: o coração do Arctic Monkeys

Recentemente, parei para escutar o Tranquility Base Hotel & Casino (2018) mais uma vez. Chegando na metade do disco, senti que aquela sonoridade não era tão nova na carreira do Arctic Monkeys. Esse pensamento veio seguido da resposta do meu dilema, era o Humbug (2009), terceiro disco de estúdio do AM que me veio.

Não vim aqui pra comparar os dois trabalhos da banda, muito pelo contrário, acho que o mais recente não existiria se o primeiro não tivesse sido criado. Retornando cerca de 11 anos no tempo, vemos um Arctic Monkeys na língua de muitas pessoas, após lançarem um disco de estreia ótimo (Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not), e logo depois, um sucessor melhor ainda (Favourite Worst Nightmare). Até que um dia, os garotos ingleses decidiram sumir do mapa, do nada. Por alguns meses, a banda ficou confinada no Rancho La Luna, um estúdio no meio do deserto da Califórnia, junto dos produtores do futuro álbum James Ford e Josh Homme.

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Humbug foi a maneira de Alex Turner e cia mostrarem que, mesmo com o baita sucesso, eles não estavam satisfeitos com o som produzido por eles. A diferença em todos os aspectos musicais entre o segundo e terceiro trabalho da banda é enorme, porém, independente de como o grupo soava, eles continuaram produzindo canções de alto nível.

Tudo bem, mas onde entra o Tranquility Base nessa matemática? Vamos lá. Em 2008, em solo californiano, foi a primeira vez que o Arctic Monkeys começou a flertar com outros instrumentos em suas músicas, como o xilofone presente em The Jeweller’s Hands. Cortando grande parte daquele ímpeto de guitarras presentes e bateria estrondosa do começo da carreira. Outro detalhe é a evolução do frontman do grupo. É nesse disco que Alex Turner começa a não só tentar mudar musicalmente, mas como pessoa, daqui em diante, o público nunca mais vê o vocalista tímido e quase sem nenhuma presença de palco, ele é substituído por um bad boy com o cabelo cheio de gel que sempre tentar soar sarcástico em entrevistas e interações com a platéia durante os shows.

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Por mais que outros discos deles sejam muito bons, Humbug foi o primeiro trabalho ‘maduro’ do grupo, com instrumentações encaixadas perfeitamente em TODAS as canções, composições bem elaboradas e o mergulho em outros estilos musicais. AM (2013) alavancou a carreira da banda a nível global, mas nada tira o posto do Humbug como a peça mais importante na discografia do Arctic Monkeys.

Muitos apreciadores do grupo não tiveram tanto contato com este trabalho ainda, dando play apenas nos outros trabalhos mais comentados da banda. Bom, só pelo início com My Propeller, Crying Ligthning Dangerous Animals garanto que o conjunto já vai te ganhar de cara. E cada vez que você escutar um pouco mais das dez canções, com atenção, você vai conseguir notar nem que seja um pouco dos álbuns que sucedem esta obra.

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